40 anos depois, Canções Brasileiras, de Novelli, é lançado no Brasil

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Novelli - foto: acervo pessoal
Novelli - foto: acervo pessoal

O baixista, pianista, compositor e cantor Novelli completou 79 anos no último dia 20 de janeiro. Nasceu no Recife e viveu em Garanhuns até os 20 anos, quando se mudou para o Rio de Janeiro e se entrosou com a geração que ficaria conhecida como Clube da Esquina.

Novelli, nome artístico de Djair de Barros e Silva aparece em inúmeros álbuns de artistas como Ana de Hollanda, Beth Carvalho (1946-2019), Chico Buarque, Danilo Caymmi, Djavan, Dori Caymmi, Dorival Caymmi (1914-2008), Edu Lobo, Elis Regina (1945-1982), Francis Hime, Gal Costa (1945-2022), Gonzaguinha (1945-1991), João Donato (1934-2023), João Nogueira (1941-2000), Joyce Moreno, Luiz Bonfá (1922-2001), Marcos Valle, Milton Nascimento, Miúcha (1937-2018), MPB-4, Nana Caymmi, Nara Leão (1942-1989), Nelson Ângelo, Ney Matogrosso, Sarah Vaughan (1924-1990), Simone, Sueli Costa (1943-2023), Tom Jobim (1927-1994), Toninho Horta. A lista parece não ter fim.

Apesar da longa lista de bons serviços prestados à música popular brasileira, o nome de Novelli é mais conhecido por quem se liga em fichas técnicas. Para citar alguns álbuns de que participa, destacamos Ela (1971), de Elis Regina, Gal a Todo Vapor (1971), de Gal Costa, Almanaque (1981), de Chico Buarque, além de Clube da Esquina 2 (1978) e outra dúzia de álbuns de Milton Nascimento.

Em 1973 Novelli gravou os únicos dois álbuns em que seu nome aparece na capa: o raro Beto Guedes Danilo Caymmi Novelli Toninho Horta (Odeon, 1973) e Naná Vasconcelos, Nelson Angelo e Novelli (Saravah, 1973), gravado em Paris. Na capital francesa, mais precisamente no Studio Sextan, o mesmo em que Alceu Valença gravou Saudade de Pernambuco (1979), Novelli registrou Canções Brasileiras (Maracatu, 1984), álbum inédito no Brasil até ontem.

Canções Brasileiras - capa/reprodução
Canções Brasileiras – capa/reprodução

Canções Brasileiras acaba de ganhar, hoje, edição exclusiva em vinil da Rocinante Três Selos, corrigindo a rota desta maravilha perdida, 40 anos depois. Além das nove faixas do álbum original, o lançamento traz três faixas bônus, gravadas por Novelli ao longo da década de 1980: a inédita “Um Bocadinho”, “Triste Baía de Guanabara”, gravada por Djavan em Alumbramento (1979), e “Alvorada” (Novelli/ Carlinhos Vergueiro), gravada por Ana de Hollanda em seu álbum homônimo (1980).

Metade das 12 faixas desta edição de Canções Brasileiras (“Teia de Aranha”, “Sem Fim”, “Profunda Solidão”, ”Andorinha”, “Triste Baía da Guanabara” e “Um bocadinho) é formada por parcerias de Novelli com o poeta mineiro Cacaso (Antonio Carlos de Brito, 1944-1987), que completaria 80 anos em 2024, a quem o lançamento acaba sendo também uma espécie de homenagem. A capa é de seu conterrâneo Cafi (Carlos da Silva Assunção Filho, 1950-2019), icônico fotógrafo, autor de capas antológicas como Clube da Esquina (1972), de Milton Nascimento e Lô Borges, o chamado disco do tênis (1972), de Lô Borges, Minas (1975), de Milton Nascimento, O Som Brasileiro de Sarah Vaughan (1978) e Real Grandeza (2005), de Jards Macalé, entre outros.

Há também parcerias com os sócios de Clube da Esquina Márcio Borges (“Fim de Abril”) e Ronaldo Bastos (“Janela Aberta” e “Minas Geraes”, que encerra o álbum Geraes (1976), de Milton Nascimento), reveladoras da retroalimentação de influências. Solitariamente Novelli assina “Fábio Novellinho” e “Valsa Para Bill Evans”, homenagem ao pianista norte-americano (1929-1980).

Canções Brasileiras reafirma a importância e grandeza de Novelli. A reedição tem coordenação geral de João Noronha, Sylvio Fraga e Wladymir Jasinski com restauração de tapes de Ricardo Calafate e Edu Costa.

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