A Rua Portugal, na Praia Grande, durante as obras de revitalização do bairro. O projeto Reviver foi inaugurado em 22 de dezembro de 1989 e na década seguinte virou o centro boêmio, artístico e intelectual da cidade; muita gente, até hoje, chama a Praia Grande de Reviver - foto: facebook @MinhaVelhaSaoLuis
A Rua Portugal, na Praia Grande, durante as obras de revitalização do bairro. O projeto Reviver foi inaugurado em 22 de dezembro de 1989 e na década seguinte virou o centro boêmio, artístico e intelectual da cidade; muita gente, até hoje, chama a Praia Grande de Reviver - foto: facebook @MinhaVelhaSaoLuis

Bons ventos têm soprado no cenário da música maranhense recente, com uma safra de artistas desfilando seus talentos por onde podem. Exemplos recentes foram os festivais Cadê o Circo? e BR 135, por onde se apresentaram – alguns deles em ambos – nomes como Klícia, Luma Pietra, Mestre Bigorna (apesar de jovem, o exímio trompetista merece o epíteto), Núbia, Paulão e Regiane Araújo, entre outros.

Outro bom exemplo é o vinil, fatia musical do projeto multimídia “A Curva dos 90venta”, idealizado e realizado pelo jornalista e poeta Félix Alberto Lima, membro da Academia Maranhense de Letras – que dá continuidade a experiências de resgate de épocas, chamemos assim, iniciadas com o “Almanaque Guarnicê” (2003) e “Maio Oito Meia” (2017). “A Curva dos 90venta” se completa com um documentário e um luxuoso almanaque, ambos frutos de minuciosa pesquisa.

Voltando ao elepê “A Curva dos 90venta”: alguns nomes desta nova geração se juntam a artistas com mais tempo na estrada para reler um pedaço da trilha sonora da década revisitada pelo projeto. Difícil escolher um destaque, no material de alto nível, mas, vá lá: são impagáveis as regravações de Luma Pietra para “Toca o Telefone” (Cicero Moreira/ Edésio Nascimento/ Adelino Nascimento), sucesso do último; Camila Boueri, Cecília Leite e Paulão para “Sweety Candy” (Garcia), hit da Banda Reprise; Gabriela Marques jazzificando “Haicai” (Djalma Lúcio), da banda Catarina Mina; ou Núbia indo além em “Why do You do It” (Fauzi Beydoun) são alguns bons exemplos, mas eu poderia continuar citando faixa a faixa.

O cantor e compositor Josias Sobrinho - foto: Cesar Ramos Jr.
O cantor e compositor Josias Sobrinho – foto: Cesar Ramos Jr.

O elepê demonstra que se bons ventos têm soprado, alguém abriu a picada, pavimentou a estrada. Um destes desbravadores desde sempre é Josias Sobrinho, único compositor que assina duas faixas do repertório de “A Curva dos 90venta”: “O Biltre”, em releitura inspirada de Santacruz, e “Mana”, parceria com Betto Pereira, relida por Zeca Baleiro.

Josias Sobrinho completou 50 anos de música em 2022 e desde março passado envolveu-se em um projeto ousado: o registro de 100 músicas inéditas de seu cofo, em 10 álbuns digitais, disponibilizados mensalmente nas plataformas de streaming. Alguns já podem ser considerados feitos históricos, como o que inaugurou a série, “Vida Bagaço – Um Tributo ao Rabo de Vaca”, em que resgata repertório do lendário grupo que integrou entre fins da década de 1970 e início da de 80, ao lado outros importantes nomes da música e da cultura popular maranhenses; ou o quinto volume, “Lenita Pinheiro Canta Josias Sobrinho”, que é o primeiro álbum da cantora, sua esposa.

No meio do caminho tinha Gonçalves Dias (1823-1864), ou melhor, os 200 anos de um dos mais festejados poetas maranhenses e, por fora da série, Josias Sobrinho ainda arranjou tempo para compor e lançar, com Betto Pereira – parceiro desde a época do Rabo de Vaca –, 10 músicas inspiradas no universo gonçalvino, por ocasião da exposição homônima “Dias de Gonçalves e Poesia”, de Betto Pereira, hoje consagrado também no universo das artes visuais, além da música.

Ao longo de “Canção em Canção”, conjunto formado por 10 álbuns com 10 faixas cada, Josias Sobrinho tem trabalhado com diferentes arranjadores e trazido representativos convidados especiais a cada álbum, o mais recente, o sexto da série, intitulado “Bons Ventos”, com arranjos do tecladista Jesiel Bives – que assina o álbum com o compositor, como os outros, ao longo do processo, que atesta também sua versatilidade, num passeio que abarca gêneros diversos, do bumba meu boi à embolada, passando por samba, choro e muito mais.

Hoje (5) é daqueles dias em que você gostaria de ser dois. Às 18h, no Convento das Mercês (Rua da Palma, Desterro), com entrada franca, Félix Alberto Lima autografa o almanaque “A Curva dos 90venta”, com a presença de envolvidos no projeto. Haverá exibição do documentário e algumas surpresas; e às 19h, no Teatro João do Vale (Rua da Estrela, Praia Grande), Josias Sobrinho apresenta o show “Canção em Canção”, acompanhado por Jesiel Bives (teclados e direção musical), Andrezinho (acordeom), Carlos Raqueth (baixo), Sued Richarlys (violão e guitarra), Dark Brandão (percussão) e Isaías Alves (bateria), com as participações especiais de Gabriela Marques, Sérgio Habibe, Roberto Brandão, Lenita Pinheiro, Beto Ehongue, Aziz Jr., Cassiano Sobrinho, Elisa Lago, Lucas Sobrinho e Lobato (do Boi de Morros), além de Zeca Baleiro, em modo virtual. A produção é de Tatiana Ramos. Os ingressos serão trocados por um quilo de alimento não perecível, a partir de 17h, na bilheteria do teatro.

E você? Já escolheu para onde ir?

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Ouça “Bons Ventos”:

Ouça “A Curva dos 90venta”:

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