Chega às plataformas digitais neste sábado (14) o quinto volume da série “Canção em Canção”, com que o compositor Josias Sobrinho está lançando, ao longo do ano, 100 canções, a maioria absoluta delas, inéditas.
Intitulado “Lenita Pinheiro Canta Josias Sobrinho” o álbum, com 10 faixas – como todos os volumes da série –, supre uma lacuna histórica e responde uma pergunta até então inexplicável: por que uma cantora do talento, qualidade e sensibilidade de Lenita Pinheiro não tinha, até aqui, um álbum gravado?
A vianense nasceu em berço musical: é irmã de Cleto Jr. (autor de clássicos do repertório de Nonato e Seu Conjunto) e Ronald Pinheiro (cujo “Mimoso” Papete (1947-2016) e Alcione imortalizaram) e casou-se com Josias Sobrinho, cujos filhos praticamente todos seguem no ofício.
As gravações mais conhecidas na voz de Lenita Pinheiro são suas participações nos álbuns “Dente de Ouro” (2005), de Josias Sobrinho, e “Emaranhado” (2007), de Chico Saldanha. No primeiro, ela canta “O Biltre”, em dueto com Zeca Baleiro; no segundo, “Linha Puída” (Chico Saldanha), com o autor.
“Até agora só tinha gravado participações em alguns discos, de Josias e de Saldanha. Também gravei backing vocals em dois discos do meu irmão Ronald Pinheiro”, lembra a cantora.
A espera acabou e agora podemos dizer que Lenita Pinheiro tem um álbum para chamar de seu. O repertório é um mergulho profundo no baú de Josias Sobrinho, que ela conhece tão bem. Com acesso privilegiado pela intimidade de décadas de casamento, ela praticamente presenciou a gestação da dezena escolhida.
“Vi muitas dessas músicas nascerem. Sou a primeira pessoa a ouvir tudo o que ele compõe. E como temos mais de 40 anos juntos faço parte desse universo naturalmente”, revela Lenita Pinheiro. Ela comenta também a seleção. “Escolhi dentro do repertório geral aquelas que considerei mais apropriadas à minha voz e também de acordo com meu gosto pessoal”, declara.
“Bacurau Pragueiro” já era conhecida, das gravações do compositor e de Hilton Assunção. Boa parte das demais revela um lado menos conhecido de Josias Sobrinho: o premiado compositor de trilhas sonoras de espetáculos teatrais.
Lenita Pinheiro ajuda a re/descobrir “As Vizinhas” (composta para a peça “O Pleito”, de Aldo Leite [1941-2017]), “Atarantada” (para “Estrela Esperança”, de Nonato Pudim), “O Banquete de Frutas” (para “Aves de Arribação”, de Aldo Leite, parceiro de Josias Sobrinho na composição), e “Corre, Salta, Voa” (idem).
A exemplo de “Vida Bagaço – Um Tributo ao Rabo de Vaca” (2023), volume com que Josias Sobrinho inaugurou a série “Canção em Canção”, muitas dessas músicas permanecem atuais, algumas compostas ainda na década de 1970, quando seu autor integrava as hostes do Laboratório de Expressões Artísticas do Maranhão (Laborarte), que pesquisava a cultura popular trabalhando-a em diversas linguagens e produzindo uma arte engajada, denunciando questões como injustiças sociais e a violência no campo.
Entre xotes, toadas, marcha e reggae (“Um Reggae Pra Rodar”, parceria com Betto Pereira), o canto afinado, brejeiro e delicado de Lenita Pinheiro endossa a obra de um dos maiores compositores da música popular brasileira. Ele participa de “O Banquete de Frutas” – o outro convidado é Roberto Brandão, em “A Flor da Mata Virgem”.
Lenita Pinheiro é acompanhada por Israel Dantas (arranjos, violão nylon, violão aço e viola) e Zé Américo Bastos (arranjos, teclados, acordeom, baixo, percussão, produção, mixagem e masterização). Para a capa do álbum, a cantora e o compositor foram fotografados respectivamente por Alice Oliveira e César Ramos Jr., que assina a arte da capa.
Um canto de amor, em todos os sentidos – de casal e pela música. A síntese possível em versos de “Corre, Salta, Voa”: “tudo isso já se viu e vai se ver/ assim que foi, mas não se pode esmorecer/ estamos juntos pra ganhar ou pra perder”. “Lenita Pinheiro Canta Josias Sobrinho” é um álbum à altura da espera.
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