sábado, maio 18, 2024

Little Richard (1932-2020)

Little Richard
"Eu sou o inventor, o criador, o emancipador. Eu sou o rock’n’roll!".Foi a primeira frase que me disse Little Richard em 1997, quando veio  a São Paulo para fazer um show no antigo Olympia, na Lapa. Disse isso antes que eu perguntasse qualquer coisa. Quem discordaria? Anos curiosos aqueles: dois anos depois, James Brown também faria um show no...

Morre o barraqueiro Juvená, um símbolo da Bahia

Cultura é um mundão de coisas. Na Barraca do Juvená, na Praia de Itapuã, num canto da orla de Salvador, uma dessas coisas fundamentais da panaceia da cultura se realizava plenamente: a arte do encontro, da boa recepção, da amizade, do abrigamento. Como um Dumbledore tropicalista, a longa barba amarrada ao meio por um broche, Juvená sentava-se à mesa enfiada na...

A obra de Lupicinio Rodrigues ganha novos contornos em “Confissões de um Sofredor”

Todo ano, à época do Oscar, voltam ao noticiário os troféus disputados por concorrentes brasileiros ao longo da história da premiação máxima de Hollywood. Fernanda Montenegro costuma ser a mais lembrada, pelo prêmio de melhor atriz perdido em 1999 para a jovem Gwyneth Paltrow. Retrocedendo bastante, talvez alguém evoque a estreia do país no Oscar, em 1945, quando "Rio...

A ciranda infinita de Lia de Itamaracá

Lia de Itamaracá
Patrimônio cultural pernambucano e brasileiro, a cirandeira Lia de Itamaracá está de volta, aos 75 anos, com o CD Ciranda sem Fim, incrementado por produção eletrônica/manguebit de DJ Dolores e Ana Garcia."Eu amo a falta/ de silêncio/ do mar/ Odoyá/ na maré cheia/ eu canto/ pra levantar/ na maré seca/ eu deito/ Odoyá", começa a faixa "Falta de Silêncio". Trata-se de um canto de trabalho...

Rita Lee, senhora dona de si

Perto de completar 69 anos, Rita Lee pode ser considerada uma pioneira profissional. Desde se consolidar como jovem inventora tropicalista, rara mulher brasileira compositora a partir do rock nos anos 1960 e 1970 e reivindicadora de liberdades femininas por intermédio da composição pop, a artista paulistana vem transgredindo normas e tabus de maneira peculiar, frequentemente entre trancos e barrancos.Rita Lee -...

Mamãe era uma pedra rolante

Era início da década de 1970, quando plágio já era plágio, mas a parte mais criativa da humanidade ainda não havia inventado samplers, manguebit, mashups ou tecnobrega.Foi quando o genial conjunto de soul-iê-iê-iê Trio Esperança apanhou a marchinha carnavalesca "Ta-Hi" (1930), de Joubert de Carvalho, imortalizada pela portuguesa-carioca (e futuramente norte-americana) Carmen Miranda, e a forrou com o arranjo decalcado...

Vange Leonel

Tudo aconteceu rápido demais. Num domingo, sabíamos que Vange Leonel estava doente. No domingo seguinte, sabíamos que estava internada e bastante mal. Hoje é segunda-feira, e sabemos que ela morreu.Pelo imenso amor que sinto pela Vange e pela esposa dela, a Cilmara Bedaque, venci alguns dos meus fantasmas e fui ao hospital, e me intrometi nas horas farpudas dos dois últimos dias,...

Os “Bons Ventos” e “A Curva dos 90venta” (ou: o dilema do dia)

A Rua Portugal, na Praia Grande, durante as obras de revitalização do bairro. O projeto Reviver foi inaugurado em 22 de dezembro de 1989 e na década seguinte virou o centro boêmio, artístico e intelectual da cidade; muita gente, até hoje, chama a Praia Grande de Reviver - foto: facebook @MinhaVelhaSaoLuis
Bons ventos têm soprado no cenário da música maranhense recente, com uma safra de artistas desfilando seus talentos por onde podem. Exemplos recentes foram os festivais Cadê o Circo? e BR 135, por onde se apresentaram – alguns deles em ambos – nomes como Klícia, Luma Pietra, Mestre Bigorna (apesar de jovem, o exímio trompetista merece o epíteto), Núbia,...

Inezita e o panelaço

Uma mulher brasileira completou 90 anos e esperou quatro dias para morrer, em 8 de março de 2015, Dia Internacional da Mulher. Como declarou a própria filha da mulher que é morta, não foi por acaso que Inezita Barroso esperou para morrer nesse que é (ou deveria ser) um dia de celebração para todas as mulheres e para todos os homens...

Ter olhos ou ser livre?

Por que o centenário Luiz Gonzaga (1912-1989), "rei" pernambucano do baião, gostava tanto de cantar asas-brancas, assuns-pretos, sabiás, acauãs e outros passarinhos?O pernambucano Luiz Gonzaga (1912-2012) era o cantor dos passarinhos. Os exemplos são inúmeros, mas uma espiada superficial em sua obra é suficiente para que encontremos espécimes musicais de asa-branca, assum-preto, sabiá, acauã, araponga...Puxados pela mais que emblemática...