sábado, maio 4, 2024

A intimidade das delícias

Retratos: Leo Aversa/ Divulgação
Só o fato de ser o parceiro mais constante de Egberto Gismonti e ter feito letras para músicas do argentino Astor Piazzolla (1921-1992) bastaria para colocar Geraldo Carneiro no panteão dos maiores artistas surgidos no Brasil na segunda metade do século XX.Mas o poeta, letrista, dramaturgo e roteirista é bem mais que isso: artista multimídia antes de o termo...

4 perguntas sobre Karl Marx

Karl Marx
Resumir e explicar. A tarefa já era hercúlea nos anos 1970, época em que o mundo passou a culpar os trabalhadores e os movimentos de esquerda pelo freio na expansão econômica do pós-guerra. Mas O Capital de Marx, obra agora traduzida no Brasil pela Editora Contracorrente, avançou por décadas e chega à sexta edição atualizando o pensamento de Karl...

Para ler sem pause e rebobinar ao fim

O poeta Marcelo Montenegro. Retrato: Marcus Steinmeyer. Companhia das Letras. Reprodução
Há uma expressão particular que uso para dizer que um texto é muito bom: é digno de pendurar na porta da geladeira. Talvez soe defasado hoje, já que as pessoas hoje em dia não mais vão à geladeira, necessariamente, para beber água. Mas a expressão vem daí, para elogiar aqueles textos que você acha tão bons que pensa que...

A vida depois da última sessão de cinema

CEU Butantã
Algo apocalíptico, o título Depois da Última Sessão de Cinema reflete o ambiente de destruição em que o cinema brasileiro mergulhou a partir do golpe de 2015 e, especialmente, da partir do governo de extermínio instalado em 2019 no Brasil. Mas o livro em questão remonta ao instante imediatamente anterior ao cataclisma, ainda num cenário de pleno progresso e construção. Em 2015,...

Mais de 50 anos depois, “Agontimé e sua lenda” ganha tradução em português

Agontimé e sua lenda. Capa. Reprodução
Lançamento acontece hoje (9), às 18h, na Casa das MinasOrganizado pelo historiador Henrique Borralho e pelo tradutor Carlos Eugênio Marcondes de Moura, ambos professores, será lançado hoje (9), às 18h, na Casa das Minas (Rua de São Pantaleão, 857, Centro), o romance histórico “Agontimé e sua lenda – rainha na África, mãe de santo no Maranhão”, da norte-americana Judith...

Leia o Álbum, ouça os discos

Um livro sobre discos pode consistir, por si só, em um exercício de exclusões. Primeiro, porque quase não há mais discos em circulação para abrir o leque do debate, eles já se converteram hoje em artefatos de interesse arqueológico. Segundo, porque toda seleção fundada no arbítrio é forçosamente um exemplar da famosa síndrome das listas (que acomete com frequência...

O último gol de placa de Sérgio Sant’Anna

O escritor Sérgio Sant'Anna. Retrato: Chico Cerchiaro
Sérgio Sant’Anna completaria 80 anos no próximo 30 de outubro e dedicou mais de 50 anos de sua vida à literatura, sendo reconhecido como um dos maiores ficcionistas brasileiros em qualquer tempo. Embora mais reconhecido como contista, também escreveu romances, novelas, peças de teatro e ensaios, tendo tido sua obra também adaptada ao cinema.É caso raro de autor que...

Ney Matogrosso chega aos 80 cheio de histórias para contar

Net Matogrosso - foto Leo Aversa
Não se completam mais 80 anos como antigamente, se tomarmos como modelo Ney Matogrosso (entre outros oitentões de 2021, como Roberto Carlos, Bob Dylan, Erasmo Carlos e Nana Caymmi). O cantor sul-matogrossense de "Sangue Latino" (1973), "América do Sul" (1975) e "Bandolero" (1978) chegou à data redonda no dia 1º de agosto, ainda e sempre vinculado à imagem de juventude e androginia que o projetou a partir...

Entre a ficção e a realidade, a síntese

Brevidades. Capa. Reprodução
Publicitário consagrado, Paulo Camossa Júnior percorre o caminho contrário do chiste de Zeca Baleiro no encarte de "Pet Shop Mundo Cão" (2002): “o riso de malandro/ não disfarça o otário/ outrora poeta/ hoje publicitário”.Seu livro de estreia, “Brevidades” (Paraquedas, 2022, 132 p.), apresenta 80 microcontos. Se “conto é tudo o que chamamos conto”, como nos ensinou Mário de Andrade...

Desabrocha a flor negra de Beatriz Nascimento

Beatriz Nascimento
Na grande montanha de silenciamento operada em tempo integral pela elite cultural brasileira, há hoje um lugar de honra para a historiadora sergipana Beatriz Nascimento (1942-1995), já que ela foi reconhecida postumamente, em 2021, como doutora honoris causa pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em vida, Beatriz deixou um curso inconcluso de mestrado, no qual se debruçava...