O diretor presidente da Agência Nacional de Cinema (Ancine), Alex Braga Muniz, nomeou na última sexta-feira a servidora Carla Sobrosa Mesquita Monsores como diretora substituta da instituição. A nomeação de Carla ignora a prática da lista tríplice e mantém a estratégia de “rodízio” de diretores de um mesmo grupo político da agência para garantir o controle total da gestão nas mãos de Alex Braga Muniz, entronizado no cargo (assim como sua diretoria) pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Carla Sobrosa tinha sido exonerada como diretora substituta em 21 de novembro de 2022, após ocupar o posto por indicação de Jair Bolsonaro entre maio e novembro daquele ano. Entrou em seu lugar o diretor substituto Mauro Gonçalves de Souza, também exonerado na semana passada após os seis meses regulamentares que a lei permite para o cargo. Assim, ela volta ao mesmo cargo de diretora substituta, o que mostra a eficácia da prática denunciada pelo FAROFAFÁ em 2020. Carla foi Superintendente de Fomento da Ancine no instante de maior fervor censório do governo e de medidas de exceção contra o setor audiovisual. Anteriormente, também fazia parte desse “rodízio” o pastor Edilásio Barra, o Tutuca, que acabou esquecido pelo próprio governo que ajudou a eleger e foi escanteado.
A Lei Geral das Agências prevê que substitutos de diretor não podem ficar mais de um semestre no cargo, o que levou a Ancine a nomear seu grupo alternadamente para ocupar vagas não preenchidas pelo governo. O governo Lula tem o direito de escolher já um diretor com mandato fixo para o colegiado da agência (que tem quatro cadeiras), mas não chegou a uma conclusão do nome ideal até agora – mais do que divergências, há disputas escarnecidas entre postulantes de diversas correntes. Enquanto isso, a antiga diretoria da agência, alinhada com o bolsonarismo, segue fazendo sua política, mas mostrando-se subitamente dócil aos postulados do atual governo.
Essa nova disposição da direção da Ancine encontra adesões entusiasmadas não apenas em instâncias outrora críticas da sociedade, mas também no próprio primeiro escalão do novo governo, que confraterniza abertamente com o regime legado do bolsonarismo (que tem responsabilidade em casos de censura explicíta, ações lesivas ao interesse público e negligência de suas funções fiscalizatórias e regulatórias).