Tutuca e Bolsonaro
O pastor Edilásio Barra, o Tutuca, chegou à Ancine como o preferido do presidente e sai como réu na Justiça Federal

Mais importante órgão responsável pelas políticas de estímulo e fomento ao cinema brasileiro, a Agência Nacional de Cinema (Ancine) toca o barco desde agosto do ano passado com um presidente interino, Alex Braga Muniz. Além dele, compõem a diretoria colegiada da agência outros três diretores temporários: Edilásio Barra (o Tutuca), Luana Rufino e Vinícius Clay. Os mandatos temporários desses três diretores estão para vencer – o de Luana termina agora em junho, os de Tutuca e Vinícius em julho. Como a ação dos três é alinhada ao bolsonarismo (no caso da Ancine, uma estratégia de paralisação total do funcionamento), e como não podem ser reconduzidos à mesma vaga, a direção da agência planeja uma “chicana” (truque jurídico) para mantê-los.

A chicana que planejam é uma espécie de rodízio para não saírem do poder. Funcionará assim: Edilásio, hoje, ocupa a vaga que foi de Christian de Castro (afastado por irregularidades); Luana Rufino ocupa a vaga que foi de Débora Ivanov. Vinicius Clay está no lugar deixado vago pela saída de Mariana Ribas. Na “solução” encontrada, Vinicius Clay vai para a vaga que era de Christian e está hoje com Edilásio, Luana vai para a vaga que foi de Mariana, Edilásio para a vaga que foi de Débora, como se estivessem preenchendo novas vagas.

Na interpretação do grupo que comanda hoje a agência de cinema, liderado por Alex Braga Muniz, tirar esse time agora é um duplo risco: além de o bolsonarismo não contar com quadros de cultura audiovisual em nenhuma área, poderiam perder o controle da agência e ter que prestar contas do período que estiveram à frente do órgão. Os grupos organizados do setor audiovisual, sindicatos e associações, já se movimentam para uma batalha judicial contra a estratégia da Ancine (as regras que regulam essas nomeações são da Lei das Agências).

A Ancine vive hoje um modelo de aparelhamento que remete aos tempos mais obscuros da gestão pública. Atualmente, oito cargos estratégicos da agência são ocupados por não servidores, a maioria advinda de apadrinhamento político ou nomes de confiança do diretor-presidente interino, Alex Braga. Paulo Braga Mello, assessor da Gerencia de Tecnologia de Informação, tem inclusive bens bloqueados e responde a processo por improbidade, mas segue no cargo desde que isso veio a público. Entre os nomes trazidos por essa gestão, estão os de Eduardo Cavalcanti Albuquerque (Superintendente de Prestação de Contas e capitão-de-mar-e-guerra da Marinha), Tadeu Gama (Superintendente de Desenvolvimento Econômico), entre outros.

Abaixo, aquilo que a direção da Ancine acha que é uma “brecha” na lei para reciclar seus temporários. A fiscalização das agências é incumbência do Congresso Nacional e do Tribunal de Contas da União.

 

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