Peça
Peça "Discurso de Promoción", do grupo peruano Yuyachkani - Foto: Musuk Nolte

O Festival Mirada, ou Festival Ibero-Americano de Artes Cênicas, retoma aos encontros presenciais com apresentações de 36 obras de 13 países. Sediado em Santos, o evento do Sesc-SP mais uma vez cumpre a missão de apresentar espetáculos cujas temáticas dialogam com questões nevrálgicas dos povos latino-americanos, como colonialismo, lutas raciais e de gênero, extermínio dos povos originários e questões ambientais, e também produções autocríticas dos países outrora colonizadores Portugal e Espanha.

Desta vez, a sexta edição do Festival Mirada – a anterior foi em 2018 – ocorre entre os dias 9 e 18 de setembro, e é impossível não relacioná-lo com as celebrações do Bicentenário da Independência. Ainda mais com a escolha de Portugal como país homenageado, que trará nove montagens, boa parte  delas críticas ao processo colonizador que gerou sequelas nos países subjugados, mas também dentro da própria nação europeia.

Estarão presentes produções cênicas de Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Cuba, Equador, Espanha, México, Peru, Portugal, Uruguai e Venezuela. Do Brasil, há representantes de Sergipe, Rio Grande do Norte, Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo. Surgido em 2010 na perspectiva de criar pontes entre as experiências latinas e as ibéricas, o Festival Mirada acaba se tornando um generoso espaço de registro memorialístico das produções ibero-americanas, com ênfase no recorte geográfico (interessa a realidade sociopolítica e econômica) e da pesquisa da linguagem (a inovação teatral e os novos criadores). Não por acaso, o festival tem como uma de suas principais características a busca pela diversidade, pela reflexão e por novas ideias.

Na página especial do Sesc para o Festival Mirada, é possível acessar a programação, comprar os ingressos e se informar sobre as atividades formativas, muitas delas gratuitas. FAROFAFÁ fez uma curadoria, com base na programação, de alguns dos espetáculos que se destacam por suas temáticas.

Cena da peça "Mar de Fitas Nau de Ilusão", do Grupo Imbuaça
Cena da peça “Mar de Fitas Nau de Ilusão”, do Grupo Imbuaça – Foto: Acervo do Grupo

Mar de Fitas Nau de Ilusão, do Grupo Imbuaça
Dias 10 e 11 de setembro, nas Praça Mauá e no Emissário Submarino
Com 40 anos de história, o grupo Imbuaça, de Sergipe, homenageia a cultura popular, que, ela também, precisa fazer jornada dupla para poder existir.

Hay que Tirar Las Vacas Por El Barranco. Com La Caja de Fósforos (Venezuela), La Máquina Teatro (Espanha) e Circuito de Arte Contrajuego (Brasl)
Dias 10 e 11 de setembro, no Teatro Rosinha Mastrângelo
Relatos reais de cinco pacientes com esquizofrenia ou de seus familiares, reunidas no livro Las Voces Del Laberinto (2005), do jornalista Ricardo Ruiz Garzón.

La Mujer Que Soy, do Teatro Bombón (Argentina)
Dias 12 e 13 de setembro (local informado na compra do ingresso)
Recém-separadas, Mercedes e Martha são vizinhas e precisam definir o futuro do relacionamento. Mercedes está num processo de transição de gênero.

Festa de Inauguração, do Teatro do Concreto (Brasil)
Dias 12 e 13 de setembro, na Casa da Frontaria Azulejada
Numa obra de manutenção do Congresso, em Brasília, em 2011, foram encontrados frases escritas por operários em 1959. Quatro atores dão vida a esses fragmentos da memória política.

Cena da peça "La Luna en el Amazonas", do grupo colombiano Mapa Teatro
Cena da peça “La Luna en el Amazonas”, do grupo colombiano Mapa Teatro – Foto: Rolf Abderhalden

La Luna En El Amazonas, do Mapa Teatro (Colômbia)
Dias 13 e 14 de setembro, no Sesc Santos
Imaginam o ato de resistência de povos indígenas isolados na Amazônia colombiana, a partir de uma notícia de sua existência em 2019.

Os Filhos do Mal, da Cia Hotel Europa (Portugal)
Dias 13 e 14 de setembro, no Teatro Guarany
Opositores do regime salazarista, ditadura fascista encerrada pela Revolução dos Cravos (1974), contam suas histórias nesta peça de teatro documental.

Brasa, de Tiago Cadete/Co-Pacabana (Portugal)
Dias 14 e 15 de setembro, no Centro Espanhol de Santos
Com atores portugueses e brasileiros, este últimos que migraram para Portugal, discutem quem são os novos migrantes nas relações entre os dois países.

Hamlet, do Teatro La Plaza (Peru)
Dias 14 e 15 de setembro, no Teatro Brás Cubas
Oito atores com síndrome de Down falam de suas frustrações e de seus desejos a partir de uma leitura livre da obra clássica Hamlet, de Shakespeare.

Fronte[i]ra | Fracas[s]o, do Teatro de Los Andes (Bolívia) e Clowns de Shakespeare (Brasil)
Dias 15 e 16 de setembro, no Arcos do Valongo
O encontro de dois grupos teatrais, um boliviano e outro brasileiro, e seu percurso formativo na fronteira entre Brasileia (Acre) e Cobijas (Bolívia).

Um Inimigo do Povo, de José Fernando Peixoto de Azevedo (Brasil)
Dias 15 e 16 de setembro, no Centro Cultural Português
Montagem sobre o texto de Ibsen, que desnuda a falácia da democracia, vendida como a panaceia para a participação popular. Leia a resenha da peça aqui.

Vila Parisi, do Coletivo 302 (Brasil)
Dia 16 de setembro, na Praça do Cruzeiro Quinhentista, em Cubatão
A peça relembra como Vila Parisi, em Cubatão, já foi o bairro operário mais poluído do mundo, nos anos 1970 e 1980.

Cuando Pases Sobre Mi Tumba, de Sergio Blanco (Uruguai)
Dias 16 e 17 de setembro, no Sesc Santos
A peça do franco-uruguaio Sergio Blanco narra o suicídio assistido de um escritor que pretende entregar seu corpo a um jovem necrófilo.

Discurso de Promoción, do Grupo Cultural Yuyachkani (Peru)
Dias 16, 17 e 18 de setembro, no Herval 33
Um necessário revisionismo histórico e crítico sobre o Bicentenário de Independência do Peru, a partir do olhar de estudantes e professores de uma escola tradicional.

anonimATO, da Cia Mungunzá de Teatro (Brasil)
Dia 17 de setembro, na Fonte do Sapo e na Lagoa da Saudade
O acontecimento cênico, em um cortejo com direito a bonecos, perna de pau, figurino e música, invoca o tema da cidadania, que vai desde o estar presente até a utopia.

Língua Brasileira, de Ultralíricos e Tom Zé (Brasil)
Dias 17 e 18 de setembro, nos Arcos do Valongo
Sob direção de Felipe Hirsch, a peça parte da música homônima do cantor e compositor baiano para retratar a formação do idioma falado no Brasil.

Cena da peça "Cosmos", de Portugal, presente no Festival Mirada
Cena da peça “Cosmos”, de Portugal, presente no Festival Mirada – Foto: Filipe Ferreira

Cosmos, de Cleo Diára, Isabél Zuaa e Nádia Yracema (Portugal)
Dias 17 e 18 de setembro, no Teatro Brás Cubas
Uma revisitação à mitologia africana propõe, ao final, o nascimento de um novo mundo bem distinto daquele que o mundo e as histórias contam.

Dragon, de Guillermo Calderón (Chile)
Dias 17 e 18 de setembro, no Sesc Santos
O coletivo de arte Dragón vive uma crise particular em seu processo criativo, porque para continuar o trabalho é preciso que haja uma traição.

Teatro Amazonas, de Azkona & Toloza (Espanha)
Dias 17 e 18 de setembro, no Teatro Guarany
A peça, que ganhou o suporte de uma viagem do grupo à Amazônia brasileira, aborda novas formas de colonialismo e a barbárie que ocorre em terras indígenas.

 

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