sexta-feira, abril 26, 2024

Tibério Gaspar (1943-2017)

"A gente corre na BR-3/ a gente morre na BR-3", cantou em tempo de soul music o rojão black power Toni Tornado, na rota para vencer a etapa nacional do Festival Internacional da Canção (FIC) de 1970 na Rede Globo. Em alta de popularidade, o ditador de plantão, Emílio Garrastazu Médici, foi apertar a mão do negão e lhe pedir que vencesse...

25 horas e ½ de Virada

Um evento realizado em 28 ruas abertas, 8 bibliotecas municipais, 9 centros culturais, 7 teatros municipais, 11 casas de cultura, 16 Viradinhas voltadas para o público infantil, 10 CEUs (Centros Educacionais Unificados) e 5 palcos montados nos bairros das zonas sul, leste e norte. A Virada Cultural impacta pela variedade de atrações. É preciso ser mais de um para...

A refavela desvenda 2017

"O filho perguntou pro pai/ onde é que tá o meu avô/ o meu avô onde é que tá/ o pai perguntou pro avô/ onde é que tá meu bisavô/ meu bisavô onde é que tá/ avô perguntou bisavô/ onde é que tá tataravô/ tataravô onde é que tá." Por um desses lapsos no espaço-tempo, as perguntas sem resposta...

Paulo Diniz vai-se embora pra Pasárgada

Detalhe da capa de "Quero Voltar pra Bahia" (1970), de Paulo Diniz
A tensão externa e interna entre ser visível ou invisível acompanhou o cantor e compositor Paulo Diniz (1940-2022) por toda sua acidentada carreira musical, que partiu para o alto com velocidade entre o final dos anos 1960 e o início dos 1970 e em seguida prosseguiu em soluços, com longos lapsos de tempo entre aparições diante do olhar público do cruel...

Rádio Farofa: amar como amam os blacks

Com algumas horas de atraso, canções de orgulho negro para o dia mais colorido do ano. Ou, como já dizia Jorge Ben (Jor), em outras palavras: todo dia é Dia de Consciência Negra!1. Paulo Diniz, "Quero Voltar pra Bahia" (1970) - um pernambucano que mora no Rio de Janeiro sonha em go back to Bahia. O território dos sem-território é o mundo...

Rádio Farofa: negros como as noites que não têm luar

Mesmo depois de 93 músicas, ainda ficou faltando todo mundo. É porque a música brasileira é negra, como as noites que não têm luar. E a coletânea black Brasil ganha um significado a mais com a despedida de Nelson Mandela.1. Paulo Diniz, "Como?" (1972) - de Luis Vagner, para Paullo Diniz, a versão original.2. Hyldon, "Estrada Errada" (1976) - Nas garras do...

A reafricanização de Nego Moura

A pandemia de coronavírus rendeu para o mineiro Nego Moura, de 43 anos, o primeiro álbum de sua carreira de mais de 20 anos, batizado Camará. "Era a minha dor como brasileiro sem preparo nenhum para enfrentar a pandemia, nem psicologicamente nem financeiramente. Como eu ia falar dessas dores?", pergunta o músico, que encontrou a resposta na africanidade e na...

‘Salve a música preta brasileira’

Liniker inova a MPB com uma voz poderosa e mantém viva uma tradição de grandes artistas negrosMPB, a icônica sigla que transborda o território brasileiro, ganhou um novo sentido na sexta-feira. Na potente voz de Liniker, ela foi chamada de “Música Preta Brasileira”. Quem o viu no palco do Cine Joia, em São Paulo, não poderia concordar menos. Naquela...

Elza Soares contra os homens

Os versos são de Vinicius de Moraes, o poetinha ex-diplomata que nunca chegou a ser o mais progressista dos brasileiros. A música é de Baden Powell, que no final da vida extirpou a palavra "saravá" de suas canções e substituiu os antigos cantos de candomblé pela religião evangélica. Transtornado por Elza Soares, o "Canto de Ossanha" (1966) de Baden e Vinicius constituiu-se, para boas entendedoras,...

Casa Grande & Senzala é pop

"Sabíamos que não seria a toda hora que teríamos chances como essa, então atacamos a música de David Bowie como um exército a invadir o território inimigo." A frase é do alquimista black-jazz-funk-disco-pop Nile Rodgers, 63 anos, na autobiografia Le Freak, escrita por ele há meia década e publicada neste ano no Brasil. "Era um cerco", ele prossegue. "Depois de anos sendo impedidos...