"O Clube dos Jovens de Ontem". Capa. Reprodução

O cantor e compositor alagoano Wado lançou na última sexta-feira (8), O Clube dos Jovens de Ontem (Saravá Discos, 2023), o 13º. álbum de sua carreira, quase completamente autoral – Wado assina seis composições em parceria, uma sozinho e o álbum se completa com “Álcool ou Acetona”, regravação de música do repertório da banda conterrânea Naurêa, com citações de Tom Zé e cantiga de roda.

Outro destaque do repertório é “Dente d’Ouro”, parceria (rara) de Wado, Momo e Marcelo Camelo. São oito faixas em menos de 20 minutos. É um álbum curto, porém intenso, de um artista que se tornou um dos nomes mais importantes de sua geração graças a essa inquietude que o move.

Essa não acomodação o mantém em movimento e descamba em uma sonoridade plural, o que torna difícil qualquer tentativa de rotulá-lo. O que faz dele um jovem – de sempre, seja ontem, hoje ou amanhã.

Produzido pelo próprio Wado (voz e violão), em O Clube dos Jovens de Ontem ele está acompanhado por Vitor Peixoto (guitarra), Igor Peixoto (baixo), Rodrigo Sarmento (bateria) e Jair Donato (synths, backing vocals, mixagem e masterização; violão em “Álcool ou Acetona”).

Wado conversou com exclusividade com FAROFAFÁ.

O cantor e compositor Wado - foto: Brenda Guerra/ divulgação
O cantor e compositor Wado – foto: Brenda Guerra/ divulgação

QUATRO PERGUNTAS PARA WADO

ZEMA RIBEIRO: A capa de O Clube dos Jovens de Ontem“, seu novo disco, traz três Wados, simbolizando a passagem do tempo. Como você tem sentido o tempo passar, cronológica e musicalmente?
WADO: Esse disco lança luz sobre esses sentimentos tão comuns a todo mundo: quem não morre, envelhece, né? Envelhecer é melhor que morrer, tento olhar essas coisas de forma iluminada, sem melancolia. A passagem do tempo tem de ser viável, viável de sermos felizes nos momentos, exige ajustes e astúcias. Musicalmente acho que estou bastante afiado, acho que canto melhor e comunico mais, o que é difícil é chegar nas pessoas, mas as associações, como essa com a Saravá do Zeca [Baleiro] e assuntos como esse podem expandir bem.

ZR: Você é um artista que não parece se contentar com o que está dando certo, como quem diz que em time que está ganhando se mexe, sim, e, a meu ver, isso te mantém jovem e, nesse sentido, o novo álbum, com esse frescor, fruto da inquietude, é mais um a despertar o interesse dos mais curiosos e menos acomodados. O que é mais difícil, hoje em dia, ao se pensar em um novo álbum?
W: Sim, querido Zema, os discos acabam sendo mais pensados e burilados com a experiência. Acho que continuar me arriscando em temas como esse, estéticas e paisagens sonoras, mantém as borbulhas fortes dentro do refrigerante.

ZR: Aliás, aproveitando o gancho: num tempo de consumo instantâneo e de busca frenética por novidades, de áudios acelerados etc., qual o sentido de um álbum de música, a seu ver?
W: Eu não gosto de ouvir as faixas soltas do algoritmo, acho que quando descemos para a seção de discografia dos artistas e ouvimos um álbum é uma experiência de imersão num conceito e universo que o single não permite. Até aqui minha parada com música tem sido essa, o consumo dos álbuns, não vejo ainda razão para fazer diferente, e isso é contemporâneo. O álbum do Harry Styles [Harry’s House, 2022], por exemplo, tem conceito e é lindo.

ZR: O Clube dos Jovens de Ontem sai pelo selo Saravá Discos, de teu parceiro Zeca Baleiro. Parece que há um álbum em dupla engatilhado. O que você pode adiantar sobre?
W: É um disco lindíssimo, um dos mais bonitos desses de dueto dos últimos tempos, tenho de dizer sem falsa modéstia. Sai ano que vem.

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Ouça O Clube dos Jovens de Ontem:

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