Para cumprir a promessa feita à falecida esposa, Tom Haper (Timothy Spall) chega até a dividir o transporte com ovelhas. Frame. Reprodução
Para cumprir a promessa feita à falecida esposa, Tom Haper (Timothy Spall) chega até a dividir o transporte com ovelhas. Frame. Reprodução

Valendo-se de um jogo de flashbacks, em “O Último Ônibus” (“The Last Bus”) acompanhamos a jornada de retorno de um homem a seu local de origem, um reencontro com o lugar que deixou após uma tragédia abater-se sobre sua família.

Um idoso, sozinho, percorre o Reino Unido de ônibus. Sabe que corre contra o tempo, em uma contagem regressiva de quem não tem tempo de temer a morte. Talvez haja algo de caricato no personagem, o que pode ser também uma provocação proposital para levar o espectador a refletir sobre os estereótipos com que costumamos enxergar as pessoas mais velhas.

Etarismo é também uma forma de preconceito e o filme traz o tema para o centro do debate, de forma lúdica, emoldurado pelas belas paisagens vistas da janela.

Entre doces e trágicas, as lembranças do noventão Tom Haper (Timothy Spall) vão se descortinando aos poucos, ajudando a manter a atenção e a curiosidade do espectador ao longo do caminho de volta, o contrário do que havia feito décadas antes, na companhia da esposa, Mary (Phyllis Logan), agora falecida. Ele torna a percorrer o caminho, em sentido inverso, relembrando ônibus, pequenos hotéis e diversos momentos do casamento. Vai cumprir uma promessa. A última.

Acaba tornando-se uma espécie de celebridade do mundo virtual, conhecido pela hashtag “o herói do ônibus”, com um pequeno grupo a esperá-lo em seu destino, após cerca de 1.400 quilômetros percorridos, entre baldeações e toda sorte de contratempos, grosserias e violências.

É um filme comovente sobre perdas e superação, que traz algumas curiosidades. Spall tem 66 anos e interpreta um personagem de 90, envelhecido pela maquiagem – sua atuação é um primor. O longa-metragem de Gillies MacKinnon, com roteiro de Joe Ainsworth, foi filmado em Glasgow e arredores, boa parte no Glasgow Vintage Vehicle Trust, um museu dedicado a meios de transportes escoceses, com a direção de fotografia de George Geddes ajudando a tornar tudo ainda mais bonito, junto da trilha sonora de Nick Lloyd Webber.

No fundo, é também um filme sobre o amor e sobre o quanto as pessoas mais velhas podem nos ensinar, seja com sua experiência de vida, seja propriamente com conselhos, se estivermos atentos e dispostos a ouvir.

"O Último Ônibus". Cartaz. Reprodução
“O Último Ônibus”. Cartaz. Reprodução

Serviço: “O Último Ônibus” (drama, Reino Unido/ Emirados Árabes Unidos, 2021, 86 minutos; direção: Gillies MacKinnon). Estreia nesta quinta (1º. de junho) nos cinemas. Distribuição: Pandora Filmes.

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Assista ao trailer:

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