Selo editado pelos Correios para as festividades do Bicentenário da Independência

O bolsonarismo teria sido apenas pérfido se tivesse realizado, em 4 anos, aquilo que prometeu na área cultural em seu programa de governo: nada. Mas o problema é que foi muito além disso, ocupando-se em desarticular, destruir e desmontar tudo que era possível. E foi adiante: também deixou dívidas e um passivo difícil de ser equacionado. Um desses rabichos é o “projeto” do ex-secretário Mario Frias chamado Casinha Games, de 2021, de 4,6 milhões de reais, que na verdade foi considerado um balão de ensaio pelo próprio Tribunal de Contas da União. Mas, como chegou a envolver alguns municípios e iniciar repasse de verbas, deixou um problema a ser resolvido pelo novo governo.

Outro caso recente dessa ação do regime bolsonarista foi identificado agora na área do audiovisual. No final do ano passado, faltando pouco mais de um mês para deixar o governo, o então Secretário do Audiovisual, Gustavo Chaves Lopes, lançou um edital no valor de 30 milhões de reais, com recursos do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). O edital destinava-se a financiar obras para o mercado de Televisão e Video por Demanda (VoD), com foco em projetos que contemplassem as festividades do Bicentenário da Independência do Brasil, comemorado em 7 de setembro de 2022. Pelo edital, cada projeto selecionado entre 8 de novembro de 2022 e 23 de dezembro de 2022 receberia 1 milhão de reais (obras documentais) e 3 milhões de reais (obras de ficção e animação).

Os festejos do Bicentenário eram abraçados pelo regime bolsonarista como um momento único para insuflar manifestações de patriotismo de ocasião e consequente apoio aos discursos golpistas do então presidente Jair Bolsonaro. Mas deu chabu: as Forças Armadas não fizeram a demonstração de força intimidativa que Bolsonaro esperava e aquele governo também não conseguiu montar ações antidemocráticas coordenadas com algum apoio institucional. Mas os gastos foram autorizados assim mesmo, e certas iniciativas, como o edital em questão, saíram publicadas na bacia das almas.

Fontes do setor informaram ao FAROFAFÁ que o Edital do Bicentenário teria sido inteiramente cancelado. Mas a Assessoria de Comunicação do Ministério da Cultura não deu o caso como encerrado e enviou nesta quarta-feira, 24, a seguinte nota: “Informamos que, em razão da recriação do Ministério da Cultura e a mudança de gestão ocorrida, os instrumentos de apoio à cultura estão sendo objeto de análise técnica e jurídica no âmbito desta secretaria e em breve será divulgada a situação do referido edital”.

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