Os músicos Lenine e Bruno Giorgi. Foto: Jairo Goldflus. Divulgação
Os músicos Lenine e Bruno Giorgi. Foto: Jairo Goldflus. Divulgação

Show acontece amanhã (12) na Concha Acústica Reinaldo Faray (Lagoa da Jansen), na programação da Festa da Música do Maranhão, que este ano homenageia os 50 anos de carreira da cantora Alcione

O cantor e compositor Lenine e o multi-instrumentista e produtor musical Bruno Giorgi estão em São Luís, onde participam hoje (11) e amanhã da programação da Festa da Música do Maranhão. Hoje eles prestigiam a entrega do Prêmio Papete 2022, em evento para convidados no Villa Reale (Calhau). A homenageada desta edição do evento é a cantora Alcione e a noite terá apresentação da FMM Orquestra e artistas convidados.

Amanhã (12), a partir das 15h, o público pode trocar dois quilos de alimentos não-perecíveis pelas pulseiras de acesso à Concha Acústica Reinaldo Faray, na Lagoa da Jansen. Às 17h tem início a programação da Vila da Música, com shows de Zé Cláudio do Sax, Quarteto Lussaray e Quarteto Crivador, no palco externo.

Às 20h30, no palco interno, acontece a apresentação da FMM Orquestra em homenagem aos 50 anos de carreira de Alcione, com os artistas convidados Anastácia Lia, Milena Mendonça, Israel Dantas, Gerude, Célia Maria, Alessandra Queiroz, Hagahele, Eliésio do Acordeom, Emmanuel Ferraro, Vinaa, Thiago Fernandes e Victor Hugo (do grupo Argumento).

Lenine e Bruno Giorgi sobem ao palco da Concha Acústica às 22h, para apresentar o show “Rizoma”, com que estão atualmente em turnê, antes de entrar em estúdio para gravar o álbum homônimo. Pai e filho trabalham juntos desde “Chão” (2011), disco de Lenine produzido por Bruno Giorgi e Jr Tostoi, além do próprio Lenine. Em botânica, rizoma é uma espécie de caule subterrâneo, que cresce paralelo ao solo. O termo foi apropriado pelos filósofos Gilles Deleuze e Félix Guattari, elaborando um modo de encarar o indivíduo, o conhecimento e as relações interpessoais e de ideias numa perspectiva múltipla e descentralizada.

Lenine conversou com exclusividade com o Farofafá.

ENTREVISTA: LENINE

O cantor e compositor Lenine. Foto: divulgação
O cantor e compositor Lenine. Foto: divulgação

ZEMA RIBEIRO – O show “Rizoma” é uma espécie de laboratório, no sentido de vocês levarem o repertório antes ao palco que ao estúdio, ao álbum?
LENINE – O show “Rizoma”, assim como todo show, eu acho que é uma espécie de laboratório, sempre. Porque ali, num palco, onde a música está acontecendo de fato, ao vivo, num momento de entrega, ocorre muita experimentação, ocorrem muitas descobertas. Não necessariamente de um repertório, muito embora, no caso do “Rizoma”, tem canções que sairão num disco novo, que a gente está tocando ao vivo, já experimentando-as. Mas não necessariamente em arranjo, em forma, não, a gente entende que um processo é o processo do palco, onde tudo está acontecendo ao mesmo tempo, naquele momento. Por outro lado, existe a gravação de um álbum, de uma canção, a produção envolvida nisso, o conceito disso, as descobertas que vêm a reboque desse momento de gravação. Então são dois momentos diferentes, mas eu acredito sempre que show é lugar de laboratório e de experimentação e que a gente leva isso sempre para os discos que faz.

ZR – O que é mais fácil e mais difícil de trabalhar em família?
L – Mais fácil é o fato de termos tanta intimidade, isso facilita muito o nosso trabalho, também o fato de ele já estar há mais de 10 anos produzindo comigo os discos que faço, os shows que faço, isso também dá uma intimidade, uma profundidade, ele conhece profundamente tudo o que eu já fiz. Eu acho que não tem coisa difícil, na verdade só facilita o fato de sermos pai e filho, nós nos admiramos, eu criei ele [risos], tem essa coisa emocional, essa carga passional que eu consegui resolver com o tempo, só, depois de muito tempo tocando junto com ele, eu não me emociono da maneira como eu me emocionava. Mas é isso, o trabalho em família facilita, não tem nenhuma dificuldade.

ZR – Vocês voltam a São Luís depois de algum tempo. Você esteve aqui em 2014 para um show e Bruno em 2017 para uma oficina de produção musical. Que lembranças você tem da cidade, desta ocasião, e quais as expectativas para este reencontro com o público ludovicense?
L – É sempre muito bacana, porque eu tenho muitos amigos na cidade, já vou à São Luís há muitos anos, então eu já tenho aqueles lugares onde eu gosto de comer, os lugares que eu gosto de ir, os amigos que eu sei que vou rever. Por conta de tudo isso, cara, sempre tem essa coisa de reencontro quando eu vou, principalmente agora que a gente está há tanto tempo sem ir. Afinal de contas já são seis anos que a gente não tem esse encontro, não tem essa troca. Portanto estou cheio de expectativa e feliz.

ZR – A apresentação de vocês acontece dentro da Festa da Música do Maranhão, que reconhece e premia artistas e personalidades que contribuíram para o desenvolvimento artístico e cultural do estado. Que nomes você conhece e destacaria em se tratando de artistas maranhenses?
L – Oh, eu conheço muita gente, começando pelos pilares da cultura maranhense, João do Vale, a maravilhosa e fenomenal Alcione, meu parceiro de geração, Zeca Baleiro, os que são anteriores a Zeca, Papete, Sérgio Habibe, tem muita gente bacana, e essa moçada mais nova, cada dia surge gente nova. Então também vai ser uma oportunidade para mim de conhecer um pouco mais.

ZR – Está chegando ao fim o governo de extrema-direita de Jair Bolsonaro, cujo legado na área cultural é o fechamento do Ministério da Cultura e o desmonte sistemático de políticas do setor, ou seja, um absoluto retrocesso. Quais as expectativas para a área no próximo governo Lula, a partir de janeiro?
L – Eu estou comemorando, inclusive esse retorno ao caminho coletivo, a um lugar de mais afeto, de não-violência, isso tudo eu ainda vou comemorar durante muito tempo, que foi essa a conquista. Na verdade não se trata de uma disputa política entre duas coisas distintas, é mais do que isso. É todo um ajuntamento de pessoas lutando pela democracia e dizendo um não rotundo para o fascismo, que ele deve voltar novamente para o esgoto da história. E sendo assim, esse momento tão épico que a gente está vivendo e essa conquista maravilhosa de Lula eu ainda vou passar muito tempo celebrando [risos].

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