Cena do curta-metragem
Cena do curta-metragem "A primeira perda da minha vida" - Foto: Divulgação/Grupo Galpão

Foram mais de dez anos para que o roteiro de A Primeira Perda da Minha Vida, curta-metragem teatral do Grupo Galpão, viesse a público. O texto foi escrito por Eduardo Moreira quando Bárbara Luz, sua filha com a atriz e diretora Inês Peixoto, tinha cerca de 6 anos. Hoje, ela está com 19 anos e aceitou o desafio de assumir o papel de Menina, a personagem que perde uma boneca de pano e é consolada pelo escritor Franz Kafka. O resultado é uma obra poética sobre a importância da empatia.

O curta estreou no Dia das Crianças, já que a produção é preferencialmente voltada para o público infantil. Ficará em cartaz de 16 de outubro a 17 de novembro, nos sábados e domingos, em sessões às 10 e 16 horas. É recomendável também para os adultos, que poderão, acompanhados dos pequenos, abrir espaço para múltiplas discussões e até apresentar o universo do escritor tcheco. Não se tem certeza de que Kafka (interpretado por Júlio Maciel) realmente encontrou uma menina chorando e, para consolá-la, decide fingir a história de que a boneca de pano viajou e ele seria portador de cartas enviadas à Menina. Não importa. O argumento é suficiente para transformá-la numa grande história.

Teuda Bara, na peça "A primeira perda da minha vida"
Teuda Bara, na peça “A primeira perda da minha vida” – foto Divulgação

Há referências adultas que vão desde os peixes e a barata kafkiana, uma homenagem ao clássico Metamorfose, até a projeção de filmes históricos dos irmãos Lumière, de Jean Painlevé (precursor do cinema científico) e de Émile Cohl (criador do primeiro filme de animação, Fantasmagorie). É nessas cenas que surgem a atriz Teuda Bara, dando vida à Boneca perdida, e o ator Antonio Edson, o namorado da Boneca. Gravado no Galpão Cine Horto, a câmera não se furta a mostrar os bastidores desse espaço teatral, das coxias ao palco. Ganha o espectador que pode ser testemunha de uma obra que flutua entre o teatro, o cinema e a televisão, como queria Inês Peixoto, que assina a direção.

Fundado em 1982, o Grupo Galpão é um dos mais importantes do país, que está sempre buscando a inovação na formação de seu repertório. Nesta pandemia, apresentou Sonhos de Uma Noite de Galpão, que levou ao palco a síntese de uma coleta de mais de 150 sonhos das pessoas presas no confinamento, e a peça encenada no aplicativo Telegram Como os Ciganos Fazem as Malas, texto escrito por Newton Moreno a partir da dúvida existencial que ocorreria se um dia não houvesse “mais nenhuma história para contar”.

Há dois anos, para o público infanto-juvenil, Inês Peixoto adaptou e roteirizou a montagem teatral de Os Gigantes da Montanha no formato de histórias em quadrinhos. A ideia partiu do ilustrador paulistano Carlos Avelino, que viu em 2015 a apresentação da peça, dirigida por Gabriel Villela. Fascinado com o espetáculo de rua, ele presenteou o tradicional grupo mineiro com os desenhos dos personagens. Daí partiu o convite para montar a HQ, que contou com a ajuda do também ilustrador Bruno Costa.

A peça é uma obra inacabada e aberta de Luigi Pirandello, cujos diálogos finais foram relatados para o filho em seu leito de morte, no ano de 1936. É uma fábula de reflexão sobre o teatro. No lugar de personagens, a obra do dramaturgo italiano insinua a aparição de fantasmas para interpretar uma peça de uma companhia teatral, uma incorporalidade provocativa sobre o fazer teatral. Para apreciação desta montagem, os vizinhos gigantes da montanha, homens insensíveis e bestiais, são convidados.

A Primeira Perda da Minha Vida. Com o Grupo Galpão. No Youtube.

17 anos de trajetória

"Nóis na Xita", peça do grupo Namakaca, que completa 17 anos
“Nóis na Xita”, peça do grupo Namakaca, que completa 17 anos – Foto Paulo Barbuto

Para celebrar os 17 anos de vida, o Grupo Namakaca apresenta até 14 de novembro oito espetáculos de seu repertório, incluindo É Nóis na Xita!, Zé Preguiça e O Pavão Misterioso. Formado da união dos artistas circenses Cafi Otta, Du Circo e Montanha Carvalho, o Namakaca tem espetáculos voltados para o público infanto-juvenil, sempre com a preocupação de serem histórias inéditas e divertidas.

Outro dos alicerces do Namakaca são enredos que remetem à cultura popular e ao folclore. O Pavão Misterioso, por exemplo, leva ao palco um dos textos mais famosos da literatura de cordel, que conta a história de dois irmãos que recebem uma herança e partem para aventuras mundo afora. Durante a pandemia, o grupo apresentou virtualmente a peça É Nóis na Xita 2 – Em Busca do Riso Perdido, que se propunha a trazer alguma leveza para os dias atuais.

A Namakaca terá uma programação especial por cidades que receberiam os espetáculos de forma presencial. Nesse formato, além da apresentação de dois espetáculos que se revezam no fim de semana, será realizada uma live com artistas de Sorocaba (dias 7, 9 e 10/10), Piracaia (dias 14, 16 e 17/10), Iguape (dias 21, 23 e 24/10), Sertãozinho (dias 28, 30 e 31/10), Ilha Bela (dias 4, 6 e 7/11) e Campinas (dias 11, 13 e 14/11). As peças foram gravadas e serão exibidas no canal do Youtube da companhia. Oficinas serão ministradas no Instagram do grupo, nos dias 6 e 7 de novembro.

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