Peça Por que não vivemos
Por que não vivemos - Foto de Nana Moraes

Anton Tchecov inovou na arte dramática com peças como A gaivota (1896), Tio Vânia (1899), As três irmãs (1901) e O jardim das cerejeiras (1904). Um dos maiores contistas da literatura mundial, o escritor russo levou para o palco o singular fluxo da vida, tal como ela é, sem ações mirabolantes, enredos intrincados ou viradas de cena de tirar o fôlego. Para ele, as coisas banais ou triviais do cotidiano, contraditórias até, seriam capazes de abranger a complexidade do ser humano e do mundo.

Muito antes de publicar as peças que renovaram a dramaturgia mundial, uma delas permaneceu inconclusa e foi conhecida só após a sua morte. Escrito por volta de 1880, quando Tchecov tinha seus 20 anos, esse texto foi resgatado pelo irmão em 1923. Ganhou montagens em diversos países, muitas vezes com o nome de Platonov, por conta do personagem principal. Na adaptação brasileira, assinada por Marcio Abreu, Nadja Naira e Giovana Soar, a montagem foi batizada a partir da frase Por que não vivemos como poderíamos ter vivido?

História não-convencional

Nesta montagem da Companhia Brasileira de Teatro, já se fazem presentes elementos marcantes da tessitura teatral tchecoviana. Fundado pelo diretor Marcio Abreu, o grupo ganhou o reforço dos atores Camila Pitanga e Rodrigo dos Santos, que ocupam papéis centrais. Ele é Platonov, um aristocrata falido que vira professor e esconde verdades não-ditas, mas que vão aflorar e envolver outros personagens. Camila é a jovem viúva Ana Petrov, de espírito libertário, porém aparentemente perdida pelo estilo de vida que leva. É ela quem promove uma festa de reencontro de amigos em sua propriedade rural, onde transcorrerá a peça. Não há uma história convencional, um enredo a se seguir, uma obra com desfecho, mas cenas que se sobrepõem umas às outras e vão desnudando, em situações tristes e engraçadas, a interioridade da alma humana. 

Depois de passar pelo Rio, por Brasília e Belo Horizonte, em unidades do CCBB, São Paulo recebe duas temporadas  (2020). Por que não vivemos? tem no elenco Josi Lopes e Kauê Personna, que trabalham pela primeira vez com a companhia, e Cris Larin, Edson Rocha, Rodrigo Ferrarini, Rodrigo Bolzan e Vanderlei Bernardino (os dois últimos em alternância).

Por que não vivemos?, com a Cia Brasileira de Teatro. No Teatro Cacilda Becker (Rua Tito, 295, São Paulo), em duas temporadas: 1ª, de 14 de fevereiro a 1º de março de 2020, quintas-feiras, sextas e sábados, às 20 horas, e domingos, às 19 horas; 2ª, de 20 de março a 19 de abril de 2020, sextas-feiras e sábados, 20 horas; e domingos, às 19 horas. Ingressos a 30 reais. 
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