sábado, maio 4, 2024

Brucutus fora do armário

"Não fala com pobre/ não dá mão a preto/ não carrega embrulho/ pra que tanta pose, doutor?/ pra que esse orgulho?" A Câmara Federal brasileira presidida por Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ressuscitou na quarta-feira 6 de maio, com excessos grotescos, os versos do velho samba "A Banca do Distinto", apresentado em 1959 pelo paraense Billy Blanco e interpretado no passado por gente bamba como Dolores Duran, Isaura...

O idioma da fresta, Olimpíadas, Rio de Janeiro,

Em poucos dias de Olimpíadas no Rio de Janeiro, a mídia internacional já exibe perplexidade e incômodo frente ao comportamento das torcedoras brasileiras nas arenas de competição. É o que expõe na manhã da primeira segunda-feira olímpica, por exemplo, uma reportagem da filial local da BBC (British Broadcast Corporation, a TV pública/estatal inglesa, não uma Rede Globo, mas uma TV...

Luana Muniz, a guardiã da Lapa

Luana Muniz
"Tá achando que travesti é bagunça?" O bordão se disseminou pelo Brasil a partir de 2010, quando um programa jornalístico da Rede Globo transmitiu imagens nas quais uma travesti carioca estapeava, furiosa, um cliente potencial numa rua da Lapa. Em outra cena a travesti, Luana Muniz, aparecia intimidando um homem que havia acabado de fotografá-la sem autorização, numa rua...

Edifício Família

Uma grande família vive unida na aprazível residência da avenida 9 de Julho, 210, no centro de São Paulo. A matriarca, a gerente comercial Carmen, orienta a filharada com prazer, rigidez e determinação. É heterogênea essa grande família. A filha Janice, a Preta, é publicitária formada. Alexandre, corretor de seguros, já foi vendedor, bombeiro civil, garçom, barman, dono de empresa...

Vocês já estão mortos (*)

Esta narrativa se desenrola integralmente em elipses temporais femininas do terceiro milênio brasileiro. São peças de um quebra-cabeça, cenas de um filme nada fictício, que se encontram e se desencontram em encaixes nem sempre evidentes. Vejamos.1º de janeiro de 2011. Numa minúscula água-furtada que se debruça sobre o elegante centro histórico de Paris (o Marais, bairro das gay e...

Um rio de urucum flui sobre Brasília

A passeata transcorre tranquila, 100% pacífica, sem incidentes. Os manifestantes evoluem pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília, portando cartazes corteses e educados, cantando, dançando, festejando. Há muitas famílias, famílias inteiras - exceto as crianças, que em sua maioria ficaram em casa, sem engrossar o contingente de algo entre 1.200 e 1.500 pessoas.Os manifestantes são índios, índios braSileiros (afora alguns hermanos...

Dilma Vana Rousseff, estadista

Em 2010, a tradicional família brasileira foi submetida à traumática experiência de ter de aceitar, pela primeira vez, a eleição de uma mulher para a presidência da República. A porção tradicionalista, reacionária, machista e misógina do país não pôde evitar o ato consumado. Mas reagiu de pronto, de duas maneiras iniciais.De chofre, o sempre ditatorial partido da imprensa conservadora...

Eta, eta, eta, diretas (*)

O produtor cultural Ivan Cosenza de Souza, de 47 anos, vende camisetas com ilustrações pró-democracia numa banquinha improvisada na praia de Copacabana, no domingo brumoso de 28 de maio. Filho do cartunista Henfil (1944-1988), ele aproveita o show coletivo de música brasileira em prol do restabelecimento de eleições democráticas pós-golpe de Estado para comercializar estampas criadas pelo pai há...

Jornalismo cultural em CoMa

Chamou-se Convenção de Música e Arte, sigla CoMa. Aconteceu em Brasília, Capital do Golpe, entre 5 e 7 de agosto de 2017. Pareceu propício o nome, pelo número assombroso de instituições que, no Brasil pós-golpe, se encontram em estado de coma. De torpor. De anestesia. De ataque epiléptico. De catatonia.[youtube https://www.youtube.com/watch?v=S_mlvNeV5QI?ecver=1]Fui convidado para estar na mesa "Além da crítica cultural",...

Respeita as mina!

Mulher-síntese, Elza Soares fornece a poderosa imagem final do videoclipe "Respeita", da compositora, cantora e atriz paulistana Ana Cañas. Mulher do princípio do mundo, Elza oferece os lábios marcados para pronunciar a última palavra dos dizeres finais da canção: "Respeita as mina, porra!". Publicado no YouTube em 13 de maio, dia de abolições, "Respeita" nasce como um marco da música brasileira...