Bob Marley (Kingsley Ben-Adir) e os Wailers. Reprodução/ Paramount Pictures
Bob Marley (Kingsley Ben-Adir) e os Wailers. Reprodução/ Paramount Pictures

Aos iniciados no universo do reggae ou, particularmente, daquele que é merecidamente considerado seu rei, Bob Marley (1945-1981), Bob Marley: One Love nada acrescentará. Mas o filme dirigido por Reinaldo Marcus Green é honesto e bem feito dentro do recorte escolhido.

O filme teve sessão de pré-estreia ontem (6), data em que Bob Marley completaria 79 anos, no Kinoplex Golden Shopping, em São Luís, uma das poucas cidades brasileiras a contar com tal deferência. A exibição na capital nacional do reggae foi fruto de uma parceria entre a Paramount Pictures e o Museu do Reggae Maranhão, dirigido pelo jornalista, turismólogo e dj Ademar Danilo, que fez as honras de mestre de cerimônia e uma breve discotecagem, em lugar dos tradicionais trailers que antecedem qualquer filme. A reportagem de FAROFAFÁ esteve presente, atendendo ao convite do equipamento cultural vinculado à Secretaria de Estado da Cultura do Maranhão (Secma). Salvador/BA e São Paulo/SP também tiveram sessões ontem, enquanto a do Rio de Janeiro/RJ acontece hoje (7).

Espacialmente o filme se concentra basicamente entre 1974 e 1978, com flashbacks remetendo à infância de Robert Nesta Marley, nome de batismo de Bob Marley, primeiro popstar do terceiro mundo e o mais importante artista negro do século XX. Do abandono paterno ao encontro com Rita (interpretada por Lashana Lynch), sua esposa, autora de No Woman, No Cry: Minha Vida Com Bob Marley (Editora Belas Letras, 304 p., 2020). O roteiro é assinado pelo diretor com Terence Winter, Frank E. Flowers e Zach Baylin.

Com fotografia (Robert Elswit) e reconstituição de época impecáveis, o filme acompanha a missão que Bob Marley toma para si, de usar sua própria música para transformar o mundo, em um discurso permanente de paz e união, a começar por fazer com que a Jamaica, sua terra natal, deixe o estado de iminente guerra civil a partir do enfrentamento de dois partidos antagonistas, o que quase lhe custa a vida: vítima de disparos de armas de fogo, ele quase vê a esposa morrer e se força a um exílio produtivo.

A trilha sonora é um capítulo à parte, com não poucos hits da lavra de Marley ajudando a contar sua própria história.

O filme destaca também a importância do empresário Chris Blackwell (interpretado por James Norton) na carreira de Marley, dos Wailers e para o próprio reggae, gênero musical de origem jamaicana que passou a ser ouvido em todo o planeta. Mostra também bastidores de negociações – como as discussões geradas em torno da capa de Exodus (1977) –, demonstrando a profunda consciência que Marley tinha da força de sua própria obra e do que queria fazer por e com ela.

Bob Marley: One Love acerta também ao equilibrar a lenda até hoje ouvida na obra que deixou e o homem, com seus acertos e falhas no campo pessoal, o que inclui sua paixão por futebol.

Se Kingsley Ben-Adir não é exatamente um sósia de Bob Marley, sua interpretação não deixa a desejar e dá conta de viver o personagem. Também merecem destaques as presenças e forças de Junior Marvin (interpretado por Davo) e Aston “Familyman” Barret (1946-2024, vivido por seu filho Aston Barrett Jr.) e a este último o filme acaba funcionando também como uma homenagem, por seu falecimento recente, no último dia 3 de fevereiro. O filme entra em cartaz nos cinemas brasileiros no próximo dia 12 de fevereiro.

"Bob Marley: One Love". Cartaz. Reprodução
“Bob Marley: One Love”. Cartaz. Reprodução

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Veja o trailer:

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