Maria Marighella (centro) em seu primeiro encontro com artistas, produtores e servidores da Funarte SP, no ano passado

As eleições municipais de outubro de 2024, curiosamente, já têm sua repercussão nos meandros da gestão do Ministério da Cultura, com a lembrança de nomes estratégicos do primeiro escalão para a disputa eleitoral. Na Funarte, cresceu nos bastidores essa semana uma especulação sobre a possível saída da presidente da instituição, Maria Marighella, para disputar a prefeitura de Salvador pelo PT. Maria, vereadora licenciada de Salvador, eleita em 2020 com 4.837 votos, seria um nome forte (e natural) do Partido dos Trabalhadores. Neta do guerrilheiro Carlos Marighella, morto há 54 anos, ela se tornou a primeira presidente nordestina da Funarte e é hoje uma liderança reconhecida na capital baiana. Se realmente tivesse sua candidatura lançada, Maria teria a perspectiva de mudar a atual conjuntura eleitoral na Bahia. Mas a presidente da Funarte rechaçou a ideia:

“Hoje tenho uma tarefa pública, no contexto da retomada do Ministério da Cultura, que é a construção da Política Nacional das Artes. Não coloquei meu nome à disposição”, afirmou Maria Marighella ao FAROFAFÁ por intermédio de sua assessoria de imprensa. “As executivas municipal e estadual do PT em Salvador e na Bahia decidiram por não apresentar candidatura própria em Salvador. O partido apoiará o vice-governador da Bahia na disputa municipal”.

O vice-governador da Bahia é do MDB, Geraldo Júnior, e essa aliança foi costurada em dezembro, com a anuência de dois caciques do PT da Bahia, o ex-governador Jaques Wagner e o atual governador, Jerônimo Rodrigues. Outro ex-governador e hoje Ministro da Casa Civil, Rui Costa, homem forte do governo federal, não teria participado da decisão. Uma pesquisa divulgada hoje, quarta-feira, 24, na Bahia, do instituto Paraná Pesquisas, mostra o atual prefeito, Bruno Reis, à frente da disputa, com 62,7% das intenções de voto. Geraldo Júnior aparece em segundo com 12,1% dos votos. O quadro sugere uma nova vitória de Bruno Reis em primeiro turno, em outubro. Em seguida, aparece o pré-candidato do PSOL, Kleber Rosa, com 2,9%. Luciana Buck, do Novo, tem 1,6%. Os que não sabem ou não quiseram responder somam 6,6%. Os votos brancos, nulos e ninguém somam 9%.

Como o PT sonha há muito tempo com a prefeitura de Salvador, o nome de Maria Marighella faz muito sentido entre a militância – mulher, intelectual, feminista, líder das causas afirmativas, ela tem feito uma gestão consistente em seu primeiro ano à frente da Funarte. O governo Lula duplicou seu orçamento de 2022 para 2023, passando de 117 milhões de reais para 227 milhões de reais. A fundação criou o projeto Circula Funarte (para apresentar e debater seus programas de fomento), anunciou em julho o Funarte Retomada (cinco editais com 52 milhões de reais), lançou em novembro o programa Rede das Artes (cinco editais e investimento de 25 milhões de reais) e a presidente foi ao Chile para firmar um acordo internacional de artes cênicas. Mas o empenho do governo não vem se repetindo em 2024, com o orçamento baixando para 62 milhões de reais.

Há ainda outros nomes da gestão de Margareth Menezes que demonstram potencial para voltar à disputa política. É o caso do presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, ex-deputado distrital pelo Partido Verde (PV) e que obteve o segundo lugar nas eleições ao governo do Distrito Federal em 2022. Embora não haja eleição no Distrito Federal em 2024, Grass é um dos dirigentes da cultura que têm um ativo político cobiçado nos momentos de efervescência eleitoral, assim como Alexandre Santini, que dirige a Fundação Casa de Rui Barbosa e é ex-secretário das Culturas de Niterói (RJ). O presidente da Embratur, Marcelo Freixo, encabeça a lista de possíveis dirigentes do governo Lula que sairão para disputar 2024 – espera-se que ele, agora filiado ao PT, seja o vice da chapa de Eduardo Paes, embora tenha potencial para ter candidatura própria.

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