Um dos maiores fenômenos da música popular brasileira, tendo vendido milhões de discos desde sua estreia no mercado fonográfico (em 1977, com o disco que trazia os hits “Meu sangue ferve por você” e “Se te agarro com outro te mato”), o cantor, compositor, ator e dançarino Sidney Magal tem sua vida contada no documentário “Me chama que eu vou”, de Joana Mariani, que estreia nas salas de cinema brasileiras nesta quinta-feira (12).
O filme se vale de um precioso material de arquivo, da presença constante de Magal em programas de televisão ao acervo pessoal do artista. E vale frisar a distinção que o próprio faz entre a persona pública Sidney Magal – o galã, o “garanhão”, o sex symbol – e Sidney de Magalhães, o marido, o pai, a figura caseira que dá seus depoimentos em sua bela residência, onde abre seu guarda-roupa, seu acervo, suas memórias e seu coração.
Sidney Magal assenta seu sucesso em três pilares, conforme revela em uma hora e 15 minutos de filme: dona Sônia de Magalhães, sua mãe, que lhe deu a liberdade de escolher o que queria fazer, desde que levasse a sério; o primo em segundo grau Vinícius de Moraes (1913-1980), poeta, compositor e diplomata, de quem ouviu que “se eu tivesse essa beleza, esse tipo físico e esse sucesso com as mulheres eu não estaria fazendo shows com banquinho e violão e compondo bossa nova em casa”; e o empresário e produtor argentino Roberto Livi, acusado por detratores de fabricar o ídolo e moldá-lo a seu bel-prazer, das vestes ao repertório.
O artista chegou a usar brevemente os nomes artísticos de Sid Sony (em homenagem à sua mãe, que também cantava e a quem ele reverencia no filme) e Sidney Rossi (espécie de carimbo com que Rossini Pinto, o versionista-mor da Jovem Guarda, tentou rotulá-lo sob seu guarda-chuva, sem sucesso). O sobrenome Magalhães é impronunciável em italiano e a dica de cortá-lo ao meio, já sob a batuta de Livi, alçaram-no ao estrelato.
“Me chama que eu vou” – título emprestado de um dos maiores sucessos de Sidney Magal, a lambada que foi tema de abertura da novela global “Rainha da sucata” (1990) – presta merecida homenagem ao artista, um fenômeno popular cuja importância é invariavelmente diminuída pelo rótulo de “brega” e é feliz ao revelar uma faceta carinhosa e bem-humorada do artista, no convívio familiar.
A diretora Joana Mariani conheceu Magal no início dos anos 2000, durante as filmagens do videoclipe de “Tenho” (remix de BiD), dirigido por Pedro Becker, de que ela é diretora assistente – hit na MTV Brasil, o clipe conta com as presenças da atriz Débora Falabella e do jornalista e escritor Xico Sá. Em 2020, “Me chama que eu vou” levou o kikito de melhor montagem (Eduardo Gripa) no Festival de Cinema de Gramado.

Serviço: “Me chama que eu vou” (documentário/biografia, Brasil, 2020; classificação indicativa: 10 anos; 70 minutos), de Joana Mariani. Estreia nesta quinta-feira (12), em São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Recife, Porto Alegre e Brasília.
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Assista o trailer:
Sidney Magal merece um documentário melhor e menos chapa branca do que este.