Pablo Milanés com Chico Buarque, Djavan e Caetano Veloso, circa 1986. Foto: facebook. Reprodução
Pablo Milanés com Chico Buarque, Djavan e Caetano Veloso, circa 1986. Foto: facebook. Reprodução

O cantor e compositor cubano Pablo Milanés (24/2/1943-22/11/2022) tinha uma profunda relação com o Brasil, onde o colega de ofício Chico Buarque de Holanda era uma espécie de avalista, tendo assinado várias versões de músicas suas para o português.

São inesquecíveis hits como “Yolanda” (Pablo Milanés, versão de Chico Buarque, 1984), “Todos os olhos te olham” (Pablo Milanés, versão de Chico Buarque, 1991), gravadas por Simone, “Como se fosse a primavera” (“De que callada manera”, de Pablo Milanés e Nicolás Guillén (1902-1989), versão de Chico Buarque, 1984), pelo próprio versionista e Elba Ramalho (1985), “Canción por la unidad latinoamericana” (Pablo Milanés, versão de Chico Buarque, 1978), por Milton Nascimento (em dueto com o versionista), e “Años” (Pablo Milanés, versão de Fagner, 1981), sucesso de Fagner em dueto com a argentina Mercedes Sosa (1935-2009). Além de Nicolás Guillén, Milanés também musicou poemas de José Martí (1853-1895).

Em 1984, Pablo Milanés gravou o álbum “Ao vivo no Brasil” (Barclay/Ariola); o lado a do disco tinha apresentação de Elba Ramalho, que gracejava, ao chamar o artista ao palco, cantando um trecho de “Quero ir a Cuba”, de Caetano Veloso, que apresenta o lado b do elepê, reafirmando o seu amor por Chico Buarque, convidado especial do registro ao vivo do cubano. Eles duetam em “Pedaço de mim” (Chico Buarque), “Yolanda”, “Canción por la unidad latinoamericana” e “Homenaje”.

“É com grande dor e tristeza que lamentamos informar que o mestre Pablo Milanés faleceu nesta madrugada de 22 de novembro em Madrid. Agradecemos profundamente todo carinho e apoio, a todos os seus familiares e amigos, nestes momentos tão difíceis. Que descanse no amor e na paz que sempre transmitiu. Permanecerá eternamente na nossa memória”, escreveram os administradores na página oficial do artista no facebook. Internado há alguns dias, o artista, que já havia passado por um transplante de rim em 2014, faleceu em decorrência de uma doença onco-hematológica.

Apesar de simpatizante dos ideais da revolução cubana de 1959, foi um crítico da falta de liberdades individuais em seu país natal, e foi entusiasta também dos governos de Evo Morales (Bolívia), Rafael Correa (Equador) e José Mujica (Uruguai). “Yo pisaré las calles nuevamente”, um de seus maiores sucessos (faixa do repertório do disco gravado ao vivo no Brasil), defende a retomada democrática no Chile, após o golpe militar de 1973. A proximidade com ícones da música popular brasileira, como Chico Buarque e Milton Nascimento, para além da música, se dava também no espectro ideológico, na identificação com ideais de esquerda, como liberdade, igualdade e justiça social.

Em viagem a Rússia, o presidente de Cuba Miguel Díaz-Canel manifestou-se no twitter, desejando condolências à viúva e filhos, e classificando acertadamente Milanés como um dos maiores músicos da ilha e voz inseparável da trilha sonora de sua geração.

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