Em geral a gente acredita que o apelido Tremendão, colado à figura de Erasmo Carlos (1941-2022), nasceu com o mundo, como talvez as nebulosas e as galáxias. Mas ele surgiu no calor da Jovem Guarda, em meados dos anos 1960, e pouquíssimos sabem sua real origem. É mais comum encontrar quem saiba que seu outro apelido, Gigante Gentil, foi pespegado no Erasmo pela cantora Lucinha Turnbull. No meu livro, Roberto Carlos – Por isso essa voz tamanha (Todavia, 2021), eu conto a história do nome Tremendão, que tem relação curiosa com o time do Palmeiras. Mas o fato é que eu nunca encontrei um palmeirense que soubesse da correspondência entre Erasmo Carlos e Dudu, Ademir, Ademar Pantera, Servílio, Tupãzinho e Rinaldo, como também eu mesmo nunca tinha visto uma prova física irrefutável dessa relação entre o time e o cantor. Por coincidência, no último final de semana, no interior de Minas Gerais, encontrei um vendedor de antiguidades que tinha uma coleção de flâmulas de times de futebol antigas. Ele me disse que o material tinha pertencido a um antigo radialista mineiro. Comecei a fuçar no meio das flâmulas sem saber ao certo o que procurava. Foi quando localizei essa aqui que ilustra esse texto. É de 1967, auge da Jovem Guarda.

Erasmo chegou a mencionar a história algumas vezes. Em 2 de dezembro de 2011, ele escreveu o seguinte: “No Paulistão de 1966, dei ao campeão Palmeiras chapéus da minha grife. O apelido do time também era Tremendão. Agora quero a vitória domingo!”. Ele usa o “também era Tremendão”, sem afirmar taxativamente que este ou aquele tinha vindo primeiro. Mas o Palmeiras já era Tremendão antes da estreia nacional do programa Jovem Guarda (e, portanto, da popularização dos apelidos Brasa, Tremendão e Ternurinha), em agosto de 1965. A relação entre os dois Tremendões, o paulista e o carioca, seguiram firmes. “Nos anos 60, o grande Djalma Santos me deu uma camisa autografada por ele nos bastidores da TV Record. Saudades”, disse Erasmo.

O trecho do meu livro que trata do apelido, que caiu como uma luva para Erasmo durante sua vida e ele usou até para batizar um restaurante que abriu nos anos 1960, é o seguinte:

“São geralmente atribuídos a ele (o publicitário Carlito Maia) também os apelidos Tremendão, para Erasmo, e Ternurinha, para Wanderléa, além do nome que batizou o programa novo da TV Record, Jovem Guarda, para o qual sua agência fora contratada para fazer o invólucro. É curiosa a forma como o apelido que notabilizou Erasmo, Tremendão, tem relação com o futebol de forma enviesada. Erasmo, que é vascaíno doente, foi chamado de Tremendão por Carlito Maia, santista, por causa do Palmeiras, rival do Santos. Em 1965, o Palmeiras tinha feito uma campanha extraordinária no Campeonato Paulista, vencendo doze das dezesseis partidas, empatando três e perdendo só uma. Começaram a chamar o time de Acadêmicos Tremendões. “Aí me acharam parecido com Tremendão e escolheram esse nome para ser meu apelido”, contou Erasmo”.

É preciso também conhecer o contexto. O programa era em São Paulo, os jovem-guardistas vieram do Rio para viver em São Paulo por conta da rotina de gravações.

  

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