"Paulo Miklos Ao Vivo" - capa/ reprodução
"Paulo Miklos Ao Vivo" - capa/ reprodução

Chega nesta sexta-feira (3) às plataformas de streaming o novo álbum de Paulo Miklos: Paulo Miklos Ao Vivo (Deck, 2024, faça a pré-save aqui) foi gravado em 15 de março de 2023, durante uma apresentação que o músico e ator fez no Blue Note SP.

Paulo Miklos (voz e guitarra) está acompanhado de Michelle Abu (bateria e vocais), Michele Cordeiro (guitarra e vocais) e Otavio Carvalho (baixo e vocais), banda que tocou em seus álbuns solo após sua saída dos Titãs: A Gente Mora No Agora (2017) e Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém (2022).

Já lançadas como singles, “Todo Esse Querer” (Paulo Miklos), “Vou Te Encontrar” (Nando Reis) e “Pra Dizer Adeus” (Nando Reis/ Toni Bellotto) dão a ideia do clima que o fã-clube de Paulo Miklos vai encontrar no novo álbum.

O repertório de Paulo Miklos Ao Vivo se equilibra entre músicas dos dois álbuns citados e sucessos dos Titãs, inclusive a releitura de “É Preciso Saber Viver”, de Roberto Carlos e Erasmo Carlos (1941-2022) – do último Miklos chegou a ser parceiro (em “País Elétrico”, faixa do álbum de 2017 que comparece ao repertório do novo trabalho).

O show que deu origem ao álbum Paulo Miklos Ao Vivo também será disponibilizado no youtube, na mesma data. Por telefone, Paulo Miklos conversou com exclusividade com FAROFAFÁ.

Paulo Miklos no show em que seu novo álbum foi gravado - foto: José de Holanda/ divulgação
Paulo Miklos no show em que seu novo álbum foi gravado – foto: José de Holanda/ divulgação

ENTREVISTA: PAULO MIKLOS

ZEMA RIBEIRO: Paulo Miklos (voz e guitarra), Michelle Abu (bateria e vocais), Michele Cordeiro (guitarra e vocais) e Otavio Carvalho (baixo e vocais). A escolha por esta formação foi uma maneira de celebrar o bom e velho rock’n’roll?
PAULO MIKLOS: Realmente é uma banda base, nós trabalhamos juntos desde 2016, então eles já defenderam junto comigo dois discos solo, A Gente Mora No Agora, e agora, pós-pandemia, Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém, então fizemos uma série de shows, fizemos arranjos especiais para músicas dos Titãs, temos uma história juntos e agora no lançamento deste novo trabalho, que é um registro ao vivo, o primeiro da minha carreira individual, eu celebro, posso dividir com o público o trabalho com essa banda fantástica.

ZR: Como foi o processo de seleção de repertório, que alinha releituras de sucessos de sua carreira solo, sobretudo os álbuns Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém e A Gente Mora No Agora, além de hits dos Titãs?
PM: Isso. Eu acho que está bem equilibrado o repertório, é interessante fazer as versões. As versões ao vivo elas são ligeiramente diferentes, são uma adaptação que sai do disco para o palco, com essa minha banda, então é um registro muito especial. A minha alegria de poder cantar, e registrar ao vivo, é para justamente conseguir preservar essa espontaneidade que só no ao vivo acontece. O combustível da gente é o público na frente. A casa de shows onde foi gravado o audiovisual, nós fizemos imagens também, estamos lançando, é aqui em São Paulo, chama-se Blue Note, e é um espaço bem interessante, onde a gente fica muito próximo do público, e isso é muito bacana porque tem essa interação com o público, de cantar juntos, e tudo, então eu aproveitei a ocasião para não só incluir sucessos, com certeza, mas também poder mostrar as músicas desses dois trabalhos mais recentes em versões especiais ao vivo.

ZR: É um disco que chega relativamente rápido às plataformas, apenas um mês e meio após a gravação do show que lhe deu origem.
PM: Desculpa eu te interromper, ele foi feito em 2023. Eu fiz esse registro justamente antes da tour com os Titãs.

ZR: Ah, sim, foi um erro de cálculo meu. De todo modo, quero te ouvir sobre o processo e saber se o que ouvimos é à vera o que aconteceu no dia do show ou se houve retoques em estúdio.
PM: Não, é à vera, é o retrato do que aconteceu. Meu produtor, o Rafael Ramos, da gravadora Deck, que está lançando este disco, fez um trabalho maravilhoso de mixagem e tudo para privilegiar e também aparecer o público, esse equilíbrio bacana, então eu estou muito feliz com o resultado. Ele está quente e é um registro fiel do que aconteceu.

ZR: O show que deu origem ao novo álbum também foi filmado e será disponibilizado no youtube, uma forma democrática de garantir acesso do público ao trabalho. Quero te ouvir sobre esta inequação típica desta época de plataformas digitais, em que ao mesmo tempo o público pode ter e tem tudo nas mãos, a um toque ali, mas o artista não é adequadamente remunerado em se tratando de direitos autorais.
PM: Ah, isso é muito complicado. Já era complicado tempos atrás, que a gente reclamava de gravadoras e tudo mais, e hoje em dia é mais ainda. Na verdade é um ganho ínfimo, a gente recebe uma porcentagem ridícula em relação a, quer dizer, você precisaria estar tocando um milhão de vezes para você poder ganhar alguma coisa de volta. O trabalho para o músico, para o artista, o momento é o momento do show, é o palco, porque a remuneração é muito ruim das plataformas digitais.

ZR: Será que tem saída?
PM: Olha, eu não sei, não. A gente pode gritar um bocado, mas eu não vejo avançar, é muito complexo, problemático. Eu vejo a gente perder direitos, cada vez mais, as pessoas não quererem pagar os autores, é muito difícil, é desestimulante para quem cria. Você cria uma canção, a canção faz sucesso, todo mundo ama, ouve, curte, e você não tem uma resposta à altura do sucesso que faz aquela música.

ZR: Com certeza. Eu acompanho já há algum tempo, ontem (1º. de maio) foi dia do trabalho e continua, parece-me, aquela percepção de que o artista não está trabalhando, não é um trabalhador, como se tudo isso fosse coisa de diversão, de inspiração, de dom, e pelo contrário, isso requer muito preparo, muito estudo, enfim. Além de artista da música, consagrado nos Titãs e em carreira solo, você também é um ator bastante elogiado pelos papéis que interpreta. Atualmente você está em cartaz na pele de Adoniran Barbosa em Saudosa Maloca e no elenco de Estômago 2, que estreia no segundo semestre. Outro dia eu estava em um workshop com o Itiberê Zwarg, o baixista do Hermeto Pascoal, e ele disse que música é teatro, que todo mundo que canta ou toca está executando, interpretando um papel. Queria saber se você concorda com ele e como o ator e o músico que habitam em você se ajudam e se completam.
PM: Totalmente de acordo. Eu costumo dizer que é uma linha contínua, do intérprete das canções para o intérprete dos papéis, atuando, então essa sempre foi a minha escola. Estar no palco, diante do público, sem dúvida, requer uma postura, você está ocupando um espaço no palco, as pessoas estão te acompanhando, cada movimento, a tua postura, a maneira como você se apresenta, tudo isso é cênico, tudo isso é uma postura, é um todo de percepção do público em relação ao artista. Eu concordo plenamente, eu acho que a minha experiência de palco, de videoclipes, que era a experiência que eu tinha e foi importante no momento das primeiras experiências atuando, e eu consegui então aprender cada vez mais, estudar, conhecer as técnicas.

ZR: Você foi um dos primeiros integrantes dos Titãs a gravar um álbum solo, ainda em 1994 [o homônimo Paulo Miklos], mas você só veio se dedicar a uma carreira solo a partir de A Gente Mora No Agora. Como tem sido essa experiência e como foi o reencontro com a banda na turnê que rodou o país ano passado?
PM: A experiência solo tem sido maravilhosa, eu estou assim, realizado artisticamente, fiz dois discos, a gente estava comentando, depois da minha saída. Um deles é uma grande festa de encontros com outros autores, compositores, então eu fiz música com Emicida, com Erasmo Carlos ainda em vida, com a cantora Céu, foram muitos encontros bacanas, assim, é um disco muito feliz, muito alegre, A Gente Mora No Agora. E esse disco da pandemia, que é muito característico, que foi todo feito numa clausura, a gente trancado em casa, então eu compus, todas as letras e músicas são de minha autoria, Do Amor Não Vai Sobrar Ninguém. As duas experiências bastante distintas e as duas me representam muito, gostei muito de poder realizar esses trabalhos. E agora no palco, encontrando o público com a minha banda, esse disco ao vivo vem revelar um pouco do que é essa experiência, essa alegria de estar tocando junto com a banda. Então é uma carreira gostosa, eu tenho me apresentado, tenho ido à tevê, tenho divulgado bastante esse trabalho novo e assim a gente segue. Lógico que, respondendo agora à sua pergunta, o encontro, Titãs – Encontro, foi um grande momento de celebração, foi muito gostoso, eu acho que o que o público mais percebeu, o que ficou mais evidente, é como nós mesmos estávamos nos divertindo juntos, no mesmo palco, e observando uns aos outros, curtindo, se divertindo. Então foi muito gostoso e foi um fenômeno, quer dizer, foi uma coisa que surpreendeu a todos, a dimensão que tomou essa turnê. Inicialmente íamos fazer 10 shows e fizemos quase 50, no Brasil e no exterior, então foi um sucesso assim estrondoso, foi uma grande felicidade, e eu acho que foi uma comemoração de 40 anos da altura, do tamanho que merecia, foi uma grande comemoração.

ZR: Maravilha! Acho que isso se deve à amizade, uma celebração da amizade, já que você e outros saíram da banda, mas continua esse sentimento em relação aos colegas.
PM: Isso. A gente continua parceiro, continuamos compondo juntos, inclusive. O Nando tem uma música maravilhosa que ele escreveu especialmente para mim, para esse trabalho, o A Gente Mora No Agora, chama-se “Vou Te Encontrar”, foi trilha sonora de novela [O Outro Lado do Paraíso], então a gente continua, com o Arnaldo [Antunes] também eu componho, que eu componho desde o colégio, então a gente tem histórias juntos e isso é uma coisa que permanece.

ZR: E como é que está sua agenda? Shows marcados, alguma possibilidade de São Luís do Maranhão? O que você pode contar?
PM: Pois é, eu gostaria muito de ir para São Luís, muito mesmo, com a minha banda, para tocar o meu show. Eu estou fazendo shows praticamente toda semana, encontros grandes, agora eu estive em Paulo Afonso, na Bahia, então eu estou indo longe, está sendo muito bacana, longe no sentido de que eu moro em São Paulo. O Brasil é muito grande, é um continente, então é muita felicidade a gente poder transitar, encontrar o público. Eu espero poder ir à São Luís o quanto antes.

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