sexta-feira, março 29, 2024

30 anos da axé music transformaram a música baiana para sempre

Como a partir de "Fricote", de Luiz Caldas, lançada em 1985, um carnaval antes sem expressão se tornou um fenômeno da cultura de massas de Salvador para o mundo Foi em 1985 que o Brasil foi tomado de assalto pelos versos "Nega do cabelo duro/ Que não gosta de pentear/ Quando passa na baixa do tubo/ O negão começa a...

Môa do Katendê: o 1º artista

O baiano Romualdo Rosário da Costa, conhecido como Môa do Katendê, tem sido tratado como capoeirista no obituário sobre seu assassinato a facadas por um eleitor de Jair Bolsonaro, numa discussão na madrugada pós-eleitoral de 8 de outubro, em Salvador. Moa é, além disso, o primeiro artista a sucumbir à onda protofascista que emerge das urnas no Brasil de...

Mulheres, Negras, Empoderadas

Ela é mãe e chama ele de mano. Ela é Mãe Carmen de Oxum, e mamãe Oxum está saindo de seus olhos em forma de água salgada enquanto ela nos conta o quanto gosta "do Mano". O Mano a que a Mãe se refere é Mano Brown, rapper do grupo Racionais MC's. Carmen, mãe de cinco filhos homens, tem algo muito eloquente a dizer sobre...

A revolução mora ao lado

Ninguém está vendo a revolução. Ela acontece a poucos metros do posto de trabalho de Michel Temer e do Congresso Nacional sitiado pelas bancadas da bala, da Bíblia, do boi. Com entrada franca, o território livre (e totalmente cercado por grades) se chama Favela Sounds. Planta-se na Esplanada dos Ministérios, entre a catedral católica e o Museu Nacional de Brasília,...

O pobre não vaia atleta. Quem vaia é o rico

O comportamento da torcida brasileira nos Jogos Olímpicos é reprovável. Os torcedores vaiam e xingam a todo momento, desconcentram os atletas e não conseguem se controlar nem na hora do hino. Tudo isso já sabemos e agora o mundo também descobriu. Mas é um erro tomar a parte pelo todo. O pobre não vaia atleta. O pobre, que forma a...

Os afro-sacros

Em tempo de garrote na liberdade de expressão e perseguição religiosa, o álbum Obàtálá - Uma Homenagem à Mãe Carmen é pura resistência e garra. Concebido e liderado pelo Grupo Ofá, de música afro-sacra brasileira, Obàtálá é dirigido por Flora Gil, esposa e empresária de Gilberto Gil. O cantor baiano participa de quatro das 17 faixas devotadas aos orixás do candomblé, ao Terreiro...

Jornalismo cultural em CoMa

Chamou-se Convenção de Música e Arte, sigla CoMa. Aconteceu em Brasília, Capital do Golpe, entre 5 e 7 de agosto de 2017. Pareceu propício o nome, pelo número assombroso de instituições que, no Brasil pós-golpe, se encontram em estado de coma. De torpor. De anestesia. De ataque epiléptico. De catatonia. [youtube https://www.youtube.com/watch?v=S_mlvNeV5QI?ecver=1] Fui convidado para estar na mesa "Além da crítica cultural",...

Daniela Mercury 1: preâmbulo

O encontro acontece numa tarde de novembro, na saleta do quarto de Daniela Mercury num hotel na região da avenida Paulista nada longe das avenidas que ela já interditou fosse em show treme-terra no vão livre do Masp (em 1992), seja na monumental passagem de seu trio elétrico por algumas das principais vias de São Paulo (em 2016). Estamos presentes ela, a...

A volta d’A Cor do Som

A história é grande. A Cor do Som começou como um conjunto de rock dentro dos Novos Baianos, com Pepeu Gomes (guitarra), Jorginho Gomes (bateria e bongô), Baixinho (bateria e bongô) e Dadi Carvalho (baixo). Com o fim dos NB, adquiriu vida própria em 1977, primeiro como grupo predominantemente instrumental, com Dadi, Mu Carvalho (teclados), Gustavo Schroeter (bateria) e Armandinho (guitarra, bandolim e guitarra baiana), depois também Ary Dias (percussão). A virada rumo ao pop-rock dos anos...

A refavela desvenda 2017

"O filho perguntou pro pai/ onde é que tá o meu avô/ o meu avô onde é que tá/ o pai perguntou pro avô/ onde é que tá meu bisavô/ meu bisavô onde é que tá/ avô perguntou bisavô/ onde é que tá tataravô/ tataravô onde é que tá." Por um desses lapsos no espaço-tempo, as perguntas sem resposta...