O encontro acontece numa tarde de novembro, na saleta do quarto de Daniela Mercury num hotel na região da avenida Paulista nada longe das avenidas que ela já interditou fosse em show treme-terra no vão livre do Masp (em 1992), seja na monumental passagem de seu trio elétrico por algumas das principais vias de São Paulo (em 2016).

Estamos presentes ela, a esposa e empresária Malu Verçosa, o editor da TV Carta Tadeu Amaral e eu, conhecido pela artista desde os tempos em que falava mal dela na Folha de São Paulo, nos anos 1990 e 2000. Uma versão condensada de nossa entrevista será publicada na edição 930 da revista CartaCapital, de 7 de dezembro de 2016, sob o título “A alma do axé”.

Daniela e Malu chegaram há pouco de Salvador para compromissos paulistanos, e a cantora (e compositora) que deu voz feminina trovejante aos sons elétricos dos trios carnavalescos baianos dispõe de duas horas para conversa, que se estenderão para mais de duas horas e meia e terminarão com Daniela e Malu saindo voadas para o próximo compromisso.

Aos 51 anos, a intérprete (mas poderíamos dizer autora) da proclamação “a dona desta cidade sou eu” chegou e pediu um insosso mingau de aveia, que ficará esfriando na mesinha de canto, enquanto Daniela fala e fala e fala, com empolgação, da própria história.

Ela saca o iPhone e avisa que também vai registrar a conversa. Liga o gravador e começa a falar e falar e falar, com empolgação, enquanto me acostumo com a presença dela, tento ficar à vontade e procuro uma brecha para introduzir aquela que planejei para ser a primeira e triunfal pergunta.

 

Daniela Mercury: Eu vou guardando as entrevistas, porque já disse a Malu (que é jornalista) que é ela quem vai editar depois o pepino.

Pedro Alexandre Sanches: E vai que eu minto na matéria também, eu posso mentir…

DM: Não, não, não é nesse sentido, não.

PAS: Eu acho o máximo você gravar.

DM: Eu só falo muito, sou muito fluente, muito pensadeira. A pessoa não precisa nem perguntar que eu saio falando. E às vezes depois aquilo é bom pra mim, pra eu mesma ter essa elaboração. Porque é um processo de elaboração, né?, de fala, realizar.

PAS: O show (O Axé, a Voz e o Violão, que ela apresentou dias antes em São Paulo e lançou em DVD e CD ao vivo pela gravadora Biscoito Fino) significa um pouco isso também, né?

DM: Total. Ele é camaleônico como eu, como todos meus shows. Teve uma época que fiquei um tempão com dois guitarristas, um era mais timbre e outro fazia base. Teclado pra mim é um instrumento muito perigoso, eu espero que eles não toquem. Digo: você está aqui a serviço de eu não ter uma banda, uma orquestra completa, tem que substituir o cello, as cordas. A função não é de soma e harmônica o tempo inteiro, senão fica um saco, tudo muito cheio, empastelado. Desde 1995, tive um convívio de muito pouco tempo com teclado. Teclado surge em 1987, 1988, a gente começou a usar no trio ainda, porque era difícil de levar qualquer instrumento e a amplificação era bem mambembe, e o teclado foi uma revolução importantíssima pra gente, principalmente pra fazer sopros.

PAS: Isso é Companhia Clic (banda roqueira que Daniela liderou na virada dos anos 1980 para os 1990)?

Capa do LP "Companhia Clic" (1989)
Capa do LP “Companhia Clic” (1989)

DM: Antes, antes do Companhia Clic. Quando eu comecei a cantar em trio, quando cantei pela primeira vez, eram 12 músicas o repertório. Não havia repertório pra se cantar, foi em 1982, antes de “Chame Gente” (sucesso de 1985 do Trio Elétrico Dodô & Osmar com Armandinho), nem Moraes Moreira havia letrado ainda tantas canções de Osmar Macedo, que eram músicas originalmente instrumentais de guitarra baiana.

A guitarra baiana era a cantora do trio quando eu subi no trio. Não sei nem porque chamaram uma cantora pra cantar, um cantor. Era aquela estrutura, uma batera e um surdo, nessa época não tinha teclado. Aí eu já estava na Banda Eva como segunda cantora, já era 1987, 1988, quando o primeiro PX-7 da Roland apareceu. Aquelas coisas todas eram feitas com esses sopros de mentira. Podia-se criar o sopro no estúdio, mas não se podia repetir aquilo, porque as bandas não eram tão grandes. Tudo era complexo tecnicamente, até se entender como resolver as questões, as rítmicas.

PAS: Você está falando de carnaval?

DM: É.

Malu Verçosa: Você conhece o carnaval de Salvador?

PAS: Olha, fui uma vez por causa dela, foi a única vez.

DM: Foi (risos).

MV: E você foi no daqui, né?

PAS: Aqui, sim, aqui vou sempre.

MV: Mas você foi no trio, não foi? Lembro que falou pra gente, escreveu um artigo maravilhoso.

PAS: Fui, mas fiquei no chão.

MV: É, tem que ser no chão, né?

PAS: É que com ela em Salvador fiquei lá em cima.

MV: Lá em cima não acho graça, odeio ficar em cima de trio.

DM: Foi ele que foi assistir ao tal do trio eletrônico lá.

PAS: E não entendi nada, né?

MV: (Ri.) Nem você nem ninguém, até hoje estão tentando entender. (Malu e Daniela começam a debater um compromisso familiar e burocrático. “Começa às oito da manhã, você vai chorar. No dia do aniversário da minha mãe.”, Daniela: “É simbólico isso, né?, psicanalítico”. Malu: “Lá vai ela querer fazer a análise psicanalítica”. Comento que a mãe de Malu é a sogra das sogras, em referência à letra de “Vinil Virtual – Aperto de Mente 2”, de 2015, que fala do casal como “duas mães/ duas sogras/ duas avós/ e a imensidão dentro de nós”).

DM: A gente põe a casa de cabeça pra baixo, né?, quando a gente muda de lugar na sociedade.

PAS: É divertido quando você fala sobre isso no show.

DM: É muito divertido, bicho. É uma confusão da porra. Meu pai: “Minha filha, está tudo bem?”. “Está tudo bem, pai, eu presumo que você, um homem de 88 anos, inteligente, capaz, generoso e com tanta vivência, não se grile com nada, afinal de contas você sabe que sexo é sexo, tá tudo certo, né, meu pai?, aqui se pode tudo”. Ele ficou olhando pra minha cara, eu sempre fui anarquista, desde criança.

PAS: Ele não falou nada? Só ouviu?

DM: Não, ele falou: “Cê tá feliz?”. “Tô, eu tô ótima.” “Mas é isso mesmo, você vai fazer essa confusão na sua vida?” Eu disse: “Vou, não tem jeito de não fazer, pai. Desde quando eu consigo na minha vida esconder alguma coisa?”. Os fãs perguntam “você arrombou o armário?”, “você explodiu o armário?”. Eu digo não, é pior, eu nunca entrei no armário. Eu não sou mulher de armários, eu sou uma artista, como é que artista entra em armário?

PAS: Mas tem tanto artista nesse armário, Daniela…

DM: É… Mas aí não tem elaboração necessária pra ser artista, na relação com a vida. Não sei, talvez eu seja uma artista antiga, menos careta. Ou é o meu jeito de ser, eu sou muito despachada pra tudo meu. Sou um exagero de coragem, um exagero de confronto. Tudo que era difícil pra mim na minha vida eu sempre confrontei, é personalidade. Se alguém dizia que eu não podia fazer uma coisa, aí que eu ia lutar pra fazer, que eu ia descobrir por que aquilo não podia ser feito. Uma mulher desbravadora, nesse sentido. Agora mesmo está se falando tanto de feminismo, eu digo: eu não deixava de fazer nada por ser mulher, pelo contrário, tudo que era restrito ao universo dos meninos, dos rapazes, eu achava que a gente tinha que experimentar. Me perguntava: mas por que é restrito a esse universo?, qual é a graça?, por que?, isso é bom ou ruim? Porque às vezes também o universo é restrito, mas não é tão bom de ser partilhado. Queria investigar, na verdade, socialmente, como pessoa. Eu queria quebrar tabus. Então, nessa circunstância, tinha um tabu pra ser quebrado. Eu não tinha a percepção nítida de tudo que eu ia ver do outro lado, mas era quebrar meu próprio muro de Berlim, não é? A gente já derrubou tantos muros, tantas barreiras ao longo desses anos – políticas, sociais, tantas questões. Foi assim a vida inteira, pra mulher nordestina de classe média que não tinha grana pra se bancar, que não fez marketing de sua vida artística, que queria estar no palco e se expressar…, não dá pra você ficar… Pelo menos eu, eu não consigo. Cada um faz o que se sentir bem. Eu não consigo não expressar quem sou na totalidade, entendeu? Até me exponho mesmo. A gente, como artista, está pra se remexer… Eu digo que meu corpo é meu primeiro instrumento de expressão. Eu sou uma bailarina, uma dançarina de dança moderna, mesmo com a formação de bailarina clássica. Então o corpo faz parte disso, não dá pra eu remexer com caminhos de descobrimentos tão importantes pra minha alma, pro meu corpo, pras minhas relações. Digo que as relações não são homoafetivas, são homo sapiens (ri).

PAS: Ou não são. Algumas não são.

DM: É lógico que não são. Inclusive (o psicanalista francês JacquesLacan diz que duas mulheres juntas é o auge da heterossexualidade. É o que ele interpreta.

PAS: Por quê?

DM: Porque, no jogo psicanalítico, duas mulheres juntas é desejo puro. Na verdade, isso também é o que confronta muito os homens. Os homens no Brasil, historicamente, endeusam muito as mães. Aí eles negam um pouco que a mãe faça sexo. Então, quando uma mulher faz sexo com outra mulher é sexo mesmo, isso é notório, existe o desejo muito claro. Quando vem um pai na história, tá ali o efeito de procriação. São todos mecanismos de elaboração social do que é a mulher neste país. Cada lugar tem uma avaliação diferente do que significa ser mulher ou ser homem.

PAS: Deixa eu falar uma coisa. Como você própria indicou no início, eu não fiz a primeira pergunta ainda, e você já me deu o mote várias vezes (risos)…

DN: É, a gente tá conversando, né? A gente ia falar de arte, e arte é falar de gente.

PAS: Mas você me deu o mote e eu vou fazer a pergunta que eu queria que fosse a primeira. (As duas começam a conversar sobre o cílio de Daniela, que está incomodando. Malu pergunta o ano de O Canto da Cidade, o segundo álbum solo da artista. Daniela lembra imediatamente que a música foi lançada em 14 de outubro de 1992 nas rádio e que o disco, o primeiro que lançou por uma multinacional, chegou às lojas antes daquele final do ano).

A capa do primeiro bancado pela Sony Music, em 1992
A capa do primeiro LP bancado pela Sony Music

DM: Foi a virada do verão 1992 para 1993. O show do Masp foi em 1992, mas eu não tinha gravado ainda O Canto da Cidade.

PAS: Sabe que nesse show eu tava?

DM: Loucura isso, as testemunhas, as pessoas mais estranhas estavam lá.

MV: Você tá chamando ele de estranho (gargalha)?

DM: Ele sempre foi muito estranho pra mim (risos).

PAS: Estranho, estranhíssimo.

MV: Adorei.

DM: Né? Eu que devia fazer uma entrevista com ele. Tenho muita curiosidade em saber.

PAS: A gente era calouro de jornalismo na USP, a turma inteira saiu da escola e foi ver seu show. Naquele mesmo ano fomos depois pro impeachment do Fernando Collor em Brasília.

DM: É, era um clima…

PAS: E você fechou o Masp, parou de ter show lá. Antes de você a gente ia sempre.

DM: Artivismo, né? Continuo com meu artivismo. Digo que a gente tem que ter cuidado com o que deseja, porque acontece. Não sei se é sincronicidade, esses dias estava dizendo pra Malu, puxa, eu desejei ser uma interventora, uma artista independente. Me lembro, voltando à arte, que Tom Jobim me falou, quando eu conheci Tom: “Você vai fazer MPB, não é?”. E Chico Buarque também: “Você vai cantar MPB”. Eu disse: eu canto MPB. Aí ele fez: “Como assim?”. Eu disse: eu canto, eu tô descobrindo como encontrar outros caminhos pra essa MPB que eu amo tanto, um trabalho efetivamente criativo, em que eu possa percorrer outros caminhos desconhecidos, porque vocês já fizeram coisas extraordinárias, arranjos lindos, se expressaram, colocaram a sua poesia. Eu quero colocar a minha, eu sou uma intérprete. Mas, a princípio, eu não queria nem necessariamente ser intérprete. Eu queria ser intérprete como bailarina, mas eu queria ser intérprete de mim mesma. Até como bailarina eu já queria criar meu próprio conceito. Eu só gostava de dançar o que eu criava com meu grupo, em laboratórios, assuntos que eram questões pra nós, do feminismo, ou uma montagem que nós escolhêssemos fazer. E aí a minha música seguiu o mesmo caminho. Eu não queria estar sendo intérprete de algum compositor necessariamente. Eu queria encontrar primeiro um caminho, do que eu queria realmente falar, expressar, como eu queria dialogar com a sociedade como artista. Os espetáculos tinham que ter sentido pra mim, essa maluquice desde pequena eu tenho, sabia?, de tudo fazer sentido, de tentar arrumar um roteiro. Talvez seja o fato de estar no palco desde muito pequena e ser pensadeira. Lembro os cursos que fiz com Marilena Ansaldi, com Escuta, Zé Ninguém! Eu não esqueci até hoje dos textos, que são muito pertinentes (declama, sem hesitar): “Homens medíocres estudaram a tua ânsia de ser escravo e descobriram como tornar-se grandes homens medíocres com mínimo esforço intelectual. Eles mesmos dizem clara e abertamente quem és, criatura incapaz de assumir responsabilidades e que assim deverá permanecer“. Esse era o laboratório de teatro de um “Zé Ninguém” que é o que a gente discute o tempo inteiro, como os cidadãos são manipulados e o que somos nós nesse contexto de democracia e como diminuir a opressão sobre as pessoas e as exclusões sociais e todas as questões que venho vivenciando. E sou filha de assistente social, né, Pedro?, nordestina que vi muita miséria, muita necessidade.

PAS: Sua mãe ou seu pai?

DM: Minha mãe, assistente social.

PAS: E o pai?

DM: Meu pai, ele é português – português como se fosse profissão (risos), não deixa de ser, né? São duas famílias europeias, tanto minha mãe como meu pai, um lado todo italiano. Eu não identificava isso antes, só vim identificar adulta. Quando comecei a viajar pra Europa que eu fui entender o que era ser italiano e português, de uma imigração recente. Eles não vieram 200, 150, 100 anos atrás. Eles vieram no começo do século XX, então as famílias trouxeram consigo sua cultura de lá. Mas meu pai, a profissão dele já mudou duas, três vezes. Ele era um técnico na área de mecânica e elétrica, trabalhava em empresas de petróleo, chegou a fazer concurso na Petrobras. Era uma empresa alemã contratada da Petrobras. Como ele falava inglês, foi contratado, então trabalhava com poços de petróleo. Não entendo muito direito o que é que ele lidava. Depois, mais velho, ele parou porque viajava muito, ficava muito tempo ausente, e começou a fazer .(Somos interrompidos por um garçom que chega para trazer o mingau de aveia.)

PAS: Quer parar pra comer mingau? Ou a Rainha Má pode aparecer no vídeo comendo mingau?

DM: Eu posso aparecer, só não sei se é bonito. Comer é uma coisa esquisita, não é uma coisa muito bonita. Cê vê que em novela não comem, não fazem nada feio.

PAS: Todas as coisas que a gente adora fazer.

DM: É, esse senso estético eu tenho… Por exemplo, não me enxugo, não suporto beber água ou me enxugar no palco. Acho que é como quebrar a cena.

PAS: Você não bebe água?

DM: É, quase não bebo. É raro eu beber, só quando o mundo tá se acabando. Tem água lá, mas eu não bebo. Me angustia profundamente quebrar a cena, sabe?

PAS: Mas ao mesmo tempo, no show, você quebra a cena o tempo todo, chama o público para intervir (em O Axé, a Voz e o Violão, há um bloco em que Daniela convoca espectadores para cantar, declamar, tocar instrumentos ou participar como desejarem).

DM: É, mas digo quebrar sem conectar, porque ali é uma construção. É muito improviso ali, não tenho aquilo marcado. Cada show é um show. Tenho até um caminho mais ou menos do que vou falar, que universo vou abordar em cada música. Mas cada vez faço de um jeito, e surgem coisas novas, e eu esqueço de coisas que já falava. Dá vontade de falar alguma coisa porque tô na cidade, e conto alguma história que apareceu, provoco o público daquele lugar. Fui pra Paulínia (SP), falava (com tom de voz matreiro): vocês são muito ricos, vocês não entendem disso aqui, não, vocês são milionários. A gente é nordestino, nordestino nunca soube o que era isso, a gente lida com outras dificuldades, com outras questões. Mas tudo bem, a gente mora na beira da praia, vivemos nos trópicos, somos o Caribe do Brasil, temos uma felicidade pra gente ficar feliz, porque quando a gente tem a vida muito difícil a gente precisa de muita música. Eu não sei o olhar de vocês sobre as coisas. Então conto uma história, que ganhei um cavalo numa feira de gado muitos anos atrás e não sabia o que fazer com o cavalo, porque não tenho a menor pretensão em ter fazenda e nem nunca tive relação com fazenda. Todo mundo desde o começo da minha carreira me dizia pra eu comprar uma fazenda, eu dizia “não quero fazenda, não gosto de fazenda, não me interessa ter fazenda”. Acho lindo pros outros, mas não consigo ficar nem uma semana porque acho que o mundo acabou e eu tô lá. É uma ansiedade de viver, de urbanidade. Aí Chitãozinho me contou, quando liguei pra ele pra convidá-lo pro show de Paulínia, que ele mora do lado, em Campinas, que ele tinha ganhado de presente um tubarão (ri). Foi, deram um tubarão, e ele fez um aquário gigantesco pra poder acolher esse tubarão. Eu disse: poxa, era mais fácil, eu lhe dava o cavalo e você me dava o tubarão. Era tão fácil, eu botava dentro d’água na Bahia e tava tudo certo.

PAS: Ia infestar a Bahia de tubarão, igual Recife.

DM: (Ri.) Eu ia talvez dar pra Projeto Tamar. Ia ter utilidade na beira do mar, um tubarão é muito mais útil. Eu não resisto a contar essa história, fui pra um leilão de gado, Zezé di Camargo chegou pra mim, me pediu pra dar um lance nalguma coisa que ele ia vender. Eu tava distraída, fui lá ver os amigos, não tava prestando atenção ao leilão de gado, lá pras tantas levantei a mão, pronto, de repente sobrou pra mim, eu acho que comprei uma vaca (ri). Depois perguntei o que é que comprei, não tinha a menor ideia, aí descobri que tinha comprado um sêmen de boi. Pô, Zezé, que diabo eu vou fazer com isso? Tive que pagar o negócio, arrumar um sócio pra poder inseminar. Já tava pronta pra levar pra casa e botar na minha mesa, pessoa que não lida com isso. Depois de anos que encontrei com ele, disse: bicho, fiquei com um pepino, devia ter te devolvido. Coisa de gente doida, né?, na confusão do cotidiano as coisas acontecem e a gente fica com a confusão. Enfim, eu tava contando essa história porque não resisti, porque são essas coisas hilárias.

PAS: E o mingau esfriando.

DM: Mas é porque tá muito quente. Mingau de aveia, é a única coisa doce que eu posso comer nesta dieta. Tá quente. Esse copo também tá meio estranho pra tomar esse mingau.

PAS: Ó, vou fazer a primeira pergunta. Ainda não fiz a primeira pergunta, que é a seguinte, vou fazer. Durante o show você falou uma frase duas vezes. Eu já tava pensando: quero fazer uma entrevista com ela, ela falou a frase, ela não vai explicar e depois eu vou poder perguntar na entrevista – foi justamente o que aconteceu (risos). “A minha vida é feita de nãos” – você fala, repete, mas não explica.

DM: (Ela interrompe, cantarolando.) Não me abandone. Não me pegue, não.

(Continua na parte 2.)

 

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