Gravado por nomes como Filipe Catto, Gal Costa, Maria Bethânia, Maria Gadú e Zezé Motta, cantor e compositor celebra 10 anos de estreia fonográfica
Para celebrar seus 10 anos de estreia fonográfica o cantor e compositor César Lacerda lançou o álbum Década, no formato voz e violão. A ideia partiu da cantora Filipe Catto, que deu a sugestão, acatada pelo primeiro com a preocupação de fazer um álbum sóbrio.
César Lacerda, no entanto, não queria gravar simplesmente uma coletânea, repescando músicas registradas por ele anteriormente, nos álbuns lançados até então. O repertório de Década, sustentado em duas colunas, como ele mesmo chama as inéditas “Faz O Teu” e “O Amor Fincou Raízes Por Aqui”, reuniu, além destas e de cinco releituras, seis músicas de sua autoria gravadas por outros intérpretes e inéditas na voz do autor.
Um dos nomes mais interessantes surgidos no universo da música popular brasileira neste início de século, César Lacerda é parceiro de nomes como Ceumar, Jorge Mautner, Rômulo Fróes (com quem dividiu o álbum “”O Meu Nome É Qualquer Um”, de 2016), e já foi gravado por Filipe Catto, Gal Costa, Maria Bethânia, Maria Gadú e Zezé Motta, entre outros.
Uma das influências de Década, ele revela em entrevista exclusiva ao FAROFAFÁ, é Gil Luminoso, o álbum também no formato voz e violão lançado por Gilberto Gil em 2006. Na conversa por telefone, César Lacerda falou de sua trajetória, do berço musical, da arte como cura e de esperança.
ENTREVISTA: CÉSAR LACERDA
ZEMA RIBEIRO: Década celebra teus primeiros 10 anos de estrada. Você é parceiro de nomes como Ceumar, Jorge Mautner e Rômulo Fróes e já foi gravado por Gal Costa e Maria Bethânia. Como foi, para você, chegar a todos estes nomes?
CÉSAR LACERDA: É curioso, porque tendo eu nascido em Diamantina, depois morado em BH, daí cheguei no Rio, quando eu lancei meu primeiro disco em 2013 eu vivia no Rio, e meio que as coisas foram se dando naturalmente, assim, por exemplo, lá no meu primeiro disco eu canto uma canção minha com o Lenine fazendo dueto comigo. Isso é algo muito grande ainda hoje, Lenine é uma figura muito especial pra mim, e tudo isso se deu de forma muito natural, o que me faz pensar que é de fato uma característica assim, mesmo própria, da minha forma de fazer arte, da minha forma de me relacionar com os colegas, me parece que é natural, pela perspectiva dos relacionamentos sociais, mas também através de uma análise de como que minha obra se dá. Parece que tem algo que é ativado, por assim dizer, na minha obra, através desses encontros. Agora, eu não quero dizer com isso que isso seja propriamente natural, porque essas pessoas, mesmo a Ceumar, por exemplo, que é uma artista que eu fiz a direção do disco dela de 20 anos de carreira fonográfica, e é uma parceira e amiga, eu sempre faço questão de dizer pra Ceumar que ela é uma ídola, uma referência, a mesma coisa com Bethânia, com Zezé Mota, com Gal, com Lenine, com Gadú. É isso, ao mesmo tempo que é natural não é óbvio.
ZR: Eu acho que tem a ver com a qualidade do trabalho, quando a coisa é boa a gente quer se acercar. Aí eu te pergunto: pra você, qual o balanço possível destes 10 anos de trabalho?
CL: Olha, eu sou da geração da utopia informacional. A gente acreditava, há 10, 15 anos, que de fato a internet seria o espaço de grandes transformações sociais. O que de fato se deu, mas não através daquilo que a gente imaginava. Eu estou dizendo isso porque esses 10 anos são um período insurreicional. Por onde quer que a gente analise a gente vai ver que o mundo se insurgiu através dessas questões todas. Então eu acho que a minha carreira se irmana a esses movimentos, as canções que eu fiz estão sempre tentando entender esse planeta que eu vivo e mesmo o meio musical. Então o balanço que eu faço a respeito disso é que a minha carreira se apoia nesses anos complexos em que ela viveu, mas ela também é uma carreira que eu tenho orgulho de dizer que é uma carreira luminosa, seja pela perspectiva minha de tentar, através das minhas canções, encontrar algum ponto, alguma dimensão luminosa, ao analisar esses temas tão complexos que eu vejo que eu vou analisando ao longo da carreira, mas também pelo fato de ter conseguido o que eu consegui até então, com o país tendo mergulhado em questões políticas tão complexas, com o setor cultural tendo vivido, enfim, obstáculos, o fim das gravadoras, o período da internet, depois a coisa, a forma como o fascismo tratou a pasta, tudo isso reverberou para dentro das carreiras. E uma obra como a minha, que parte dessa perspectiva de uma singeleza, ela foi encontrando ouvidos e corações ao longo do caminho, de forma que eu vejo assim, eu tenho carinho por essa década.
ZR: Eu quero te ouvir sobre a concepção do álbum, desde as ideias iniciais até sua realização e o lançamento recente.
CL: Primeiro eu preciso dizer desse meu encontro com a Filipe Catto, que possivelmente é a intérprete que mais me gravou, e é uma amiga querida. A concepção do disco vem dela, ela que sugeriu o nome Década, ela que sugeriu que eu gravasse um disco de violão, com repertório desses 10 anos, então tudo surge dela, e eu sou muito grato, tanto a esse fato, de ela ser uma intérprete que me grava recorrentemente, pela amizade e também por isso, por ser um norte que também vai interferindo na minha própria carreira. Mas uma vez que ela sugeriu essa ideia, eu fiquei pensando, “poxa, e agora? O que é que eu faço?”. Tem um repertório vasto, são quase 150 fonogramas e eu tinha que fazer um disco, sei lá, de no máximo 15 músicas, eu imaginava. Mas ao mesmo tempo eu também não queria fazer um disco exclusivamente de regravações. Eu desejava fazer um disco também propositivo. E daí vem a história das duas canções inéditas que eu compus especialmente para esse disco, e elas são como que duas colunas que orientam tematicamente esse disco. A primeira canção, “Faz o Teu”, que é uma canção filha de um sentimento de eco-ansiedade, uma canção que trata de crise climática, e dessa falência da nossa humanidade diante desse enorme desafio, que é o aquecimento global, e a outra canção, “O Amor Fincou Raízes Por Aqui”, uma canção que eu tento fazer algum tipo de reintegração dos conceitos de natureza e ser humano, como se isso, essa ideia colonial e da ciência eurocêntrica, de separar em categorias, a vida, nessa canção eu tento, a partir da perspectiva do amor, reintegrar os dois conceitos, supostos conceitos. Uma vez que eu entendi essas duas colunas, esses dois grandes assuntos, esses temas, eu fui irmanando as outras canções, as outras 11 canções que eu gravei, uma de cada disco, ou seja, eu gravei cinco canções dos cinco discos que eu havia lançado até então, e escolhi seis outras canções que haviam sido interpretadas por outros artistas, mas que eu nunca havia gravado anteriormente, já que eu tenho canções em 60 outros discos. E todas elas em alguma medida falam desse meu desejo de interpretar a vida a partir de outros conceitos que não esses idealizados por uma eurocentricidade devastadora, por assim dizer. É um disco que eu acho que a proposta dele, de alguma maneira, é falar dessa reintegração nossa, mesma, com a vida e esse ideal de natureza, de ecologia e coisas desse tipo. O lançamento tem sido muito bom, eu tenho estado satisfeito. O fato, por exemplo, de conversar com você, para o portal que é, o FAROFAFÁ, que eu estou sempre de olho…
ZR: Que alegria pra gente.
CL: Eu tenho sentido que ele tem alcançado novos interlocutores e, bom, eu estou feliz. Em breve a gente vai lançar o show, e vinil também, tem coisas por vir.
ZR: Eu percebo que é um disco esperançoso também, eu percebi ali uma citação a “A Queda do Céu”, do Davi Kopenawa e do Bruce Albert na faixa de abertura, “Faz o Teu”, e isso também vai passar a falar na superação da falta de grana, do governo passado, como você falou, o tratamento que o fascismo deu à cultura, enfim. Eu te pergunto: o otimismo é uma característica tua, como artista e cidadão?
CL: Olha, eu acho que mais do que propriamente o otimismo, o que eu sinto que é uma característica central da minha obra, e uma busca da minha, eu não diria como cidadão, mas como pessoa, como ser humano, como vida na terra, buscar esses pontos luminosos. Tem uma canção minha, do meu disco anterior, que se chama “Nações, Homens ou Leões” (2021), e a canção se chama “Quem Vai Sonhar o Sonho”, e nessa canção eu digo “melhor sonhar o impossível/ saber que sempre enfrentaremos a dor terrível/ de lidar com o fim, a ideia do fim da vida, mas há de haver a saída”, ou seja, eu acho que a arte, enfim, a obra de arte, de forma geral, hoje, diante dos desafios tremendos que a gente tem enquanto humanidade, ela é uma das tentativas, para não dizer função, mas uma das tentativas, para usar um termo que eu acho mais apropriado, uma das tentativas da obra de arte, do artista, é se conectar com essa dimensão da cura, diante de um mundo realmente opressivo, desigual. O planeta hoje talvez viva o processo mais radical de desigualdade, de opressão e de violência mesmo contra as pessoas. Então eu acho que a obra de arte, em alguma medida, ela precisa explorar esses campos. Eu diria que se há algo revolucionário na obra de arte, é a experiência da vida na sua totalidade, já que a ideia de necropolítica, de necrossistema, enfim, a ideia de morte está muito colocada nas nossas vidas. Então eu sinto que a minha obra e o meu desejo como ser humano é buscar a luminosidade, buscar a saída contra tudo isso que está posto aí e nos entristece tanto.
ZR: Você já falou da concepção do álbum pela Filipe Catto, mas a gente percebe o seguinte: os arranjos desse trabalho são muito delicados, valorizando letras e melodias. Entre a Filipe te dar a ideia e você aceitar, tem um tempo. Como é que foi você resolver acatar essa ideia de fazer um álbum no formato voz e violão?
CL: Eu acho que tem uma, eu não quero tornar a essa discussão, porque existe um grupo de pensadores ou de interlocutores, dentro da perspectiva da canção, que tenta reivindicar uma formulação que eu acho que é preconceituosa, que é esse lugar assim, “ah, a música brasileira foi tomada pelo funk”, não é essa a minha questão. Pra mim, é tudo mais do que certo, com relação a isso, eu acho que a música brasileira, ela é isso, ela é o funk, ela é o breganejo; quer dizer, não é que ela é isso, ela também é isso. Mas eu sinto que é o lugar onde, de certo modo eu me filio, eu me sinto uma espécie de guardião de um assunto, de um modo de fazer, de um modo de pensar a música que vem se transformando e se desprendendo, então, eu estou falando isso tudo, porque quando a Filipe me sugeriu gravar um disco de voz e violão me pareceu até mesmo óbvio, no sentido de que, o que eu faço são canções, assim como o Dorival (Caymmi [1914-2008]) fazia, assim como o Caetano (Veloso) fazia, assim como o Chico César fazia e faz, que em suma é cantar a coisa mesmo do cantautor, pegar um violão e cantar uma letra em cima daquilo. Então não me pareceu propriamente distante, eu acho que me pareceu objetivamente óbvio que eu comemorasse essa década mostrando as minhas canções no formato em que elas foram criadas. Por isso que eu usei essa expressão guardião, porque sinto que é o que eu faço mesmo e é uma espécie de linha que foi atravessando a história do Brasil.
ZR: Alguma participação da Filipe na escolha de repertório ou foi uma decisão tua? Como é que foi esse processo?
CL: Não, foi curioso, porque a gente queria fazer juntos, mas aí no meio desse processo surgiu um espetáculo que virou disco, vai ser lançado semana que vem, em que ela homenageia a Gal [o álbum Belezas São Coisas Acesas Por Dentro foi lançado na última terça-feira (26), data de aniversário de ambas as cantoras], eu falei: “Filipe, vai na sua, cuida desse espetáculo, que vai ser lindo, vai ser super importante na sua carreira, e eu vou cuidar do lado de cá”. Até porque quando eu saquei essa coisa que eu te falei das duas canções inéditas orientando uma temática do disco, eu entendi que eu precisava contar essa história, porque de certo modo, não sei se você concorda, se você observa da mesma forma, mas eu sinto que o tema da crise climática, e esses novos formatos de compreensão epistemológica mesmo, da vida, ainda não são tão presentes, mesmo na arte, na sociedade ainda é muito pouco, mas até mesmo na arte eu vejo que, por exemplo, o tema da crise climática não é um tema tão frequente. Então eu sentia que era um negócio meu, que eu precisava contar, e é uma coisa que tem feito parte muito da minha vida, pensar sobre isso. Então eu acho que foi importante que eu tenha elaborado dessa forma, sabe?
ZR: A gente já falou bastante da participação da Filipe Catto na realização deste trabalho. Eu quero te ouvir também sobre o Carlos Cacá Lima, que divide a produção contigo.
CL: Em 2016 eu gravei o meu primeiro disco lá na yb music, que foi o meu disco com Rômulo Fróes. Depois, todos os meus discos foram feitos lá. A yb é uma gravadora, é uma espécie de oásis, assim, porque eles estão há duas décadas, como selo independente, lançando uma porrada de artistas, e artistas muito importantes para a música contemporânea recente, sei lá, a Luedji Luna, a Tulipa Ruiz, o Rômulo Fróes, o Rodrigo Campos, a Lulina, enfim, uma pá de gente incrível sendo lançada lá. E o Cacá é um cara que está na indústria da música há, sei lá, uns 40 anos, ele já gravou todo mundo. Quando eu falo todo mundo é todo mundo mesmo, assim, Tim Maia (1942-1998), Caetano, todo mundo, e ele vem gravando comigo os meus trabalhos, é isso. Eu sentei com o Cacá um dia, falei “Cacá, eu quero gravar um disco de voz e violão e eu preciso que seja um disco de voz e violão sóbrio, não quero que seja aquele violão cheio de reverb, a voz alta, eu preciso que seja um disco que quando as pessoas ouçam elas mergulhem profundamente no tema das canções, seja pela perspectiva mesmo do assunto, mas também no tema musical”. E o Cacá compreendeu isso de forma maravilhosa, eu sinto que o disco guarda esse aspecto, eu sinto que ele é sóbrio, isso tem a ver com o Cacá e a engenharia de áudio dele.
ZR: Você falou que está por estrear o show. Eu imagino que o formato voz e violão facilite a circulação. Qual a perspectiva de uma circulação com esse show por palcos por todo o Brasil?
CL: Eu estou com a sensação e estou muito animado, sentindo que no ano que vem as coisas vão se aproximar de uma realidade que a gente viveu há, sei lá, oito, 10 anos atrás, quando as políticas públicas estavam sendo manejadas e pensadas da melhor forma possível. Então eu sinto que o ano que vem vai ser um ano próspero para a cultura, com dinheiro circulando, festivais acontecendo, público de novo com algum dinheiro no bolso, podendo ir aos teatros, aos festivais, festivais que eu digo nem propriamente esses que agora viraram protagonistas, esses grandes festivais, mas falo dos festivais que outrora existiam também, menores, como por exemplo, existe em BH a Mostra Cantautores, que é um festival todo dedicado a apresentações de artistas no formato voz e violão, ou voz e piano, enfim. Estou sentindo que vem aí um negócio bonito, estou doido para voltar a tocar, mostrar essas canções pro público, dividir esse momento íntimo com as pessoas. Acho que vai ser bonito.
ZR: Você fez uma lista há pouco, de artistas contemporâneos, todos nomes muito interessantes, nomes que eu, de algum modo, acompanho o trabalho, esses que estão vinculados ao selo yb. Eu queria te ouvir sobre duas coisas: primeiro, as tuas principais influências, aqueles nomes que foram definitivos para você ter optado por abraçar uma carreira artística, na música, enfim, as referências; e outra, nomes da nova geração que têm chamado tua atenção.
CL: Eu sou filho de mãe pianista, então a escolha musical eu não sei propriamente se eu tive a oportunidade de escolher, porque eu nasci numa escola de música, minha mãe era diretora do conservatório da minha cidade quando eu nasci, e depois ela abriu uma escola de musicalização infantil. Então a música, eu brinco que eu tive uma formação bilíngue, eu aprendi português e música. Então eu sinto que não teve muito disso. Mas naquele momento da adolescência, inclusive quando o vinil custava cinco reais, vinil internacional, tipo o “Close To The Edge” (1972), do Yes, que hoje custa 300 reais, e eu me lembro de comprar por cinco, nessa época, que eu ouvia muito rock progressivo e tal, eu me lembro do espanto que foi ouvir o “Transa” (1972) e o “Clube da Esquina” um (1972) [ele numera para diferir do volume dois, lançado em 1978]. Aquilo mudou radicalmente a minha vida, e eu comecei a fantasiar ter um violão e tocar canções. É meio óbvio dizer isso, são dois discos inclusive muito óbvios dentro da discografia desses dois artistas imensos, que são Milton (Nascimento) e Caetano, mas eu acho que é isso, na adolescência foram eles. E aí eu citaria o Gilberto Gil só porque o Gil Luminoso é a grande referência para a feitura do Década, inclusive no que diz respeito à engenharia de áudio. Artistas novos: olha, a Sophia Chablau eu estou muito interessado pela forma como ela compõe, tenho achado que ela, enfim, acha umas soluções muito interessantes para a canção, o jeito como ela pensa, a coisa das palavras, então assim, uma primeira figura que eu acho de fato interessante é a Sophia Chablau, muito rica a composição dela. E uma outra figura, que eu acho que todo mundo tem citado, muita gente tem citado, é o Bruno Berle, que, para além de ser um cantor e compositor de excelência, é uma figura que tem se posicionado no meio musical, falando abertamente sobre temas como classe social e raça de forma um pouco nova, dentro desse meio da canção que é um pouco conservador, em geral.
ZR: Década chegou recentemente às plataformas de streaming e vai ganhar edição em vinil. Você, enquanto consumidor de música, tem preferência por formato?
CL: Olha, tem uma coisa que é assim: a dinâmica mesmo, a mecânica do telefone celular, da tevê smart, é uma mecânica que tem a ver com você precisar atuar com aquela tela. Ou seja, você está ouvindo um disco, você não consegue ouvir um disco inteiro, a mecânica do celular meio que te impõe a querer pular música, jogar pra frente, pra trás, não ouvir o disco como ele foi pensado.
ZR: Se você não for assinante premium ainda entra a publicidade.
CL: Pois é, então, essa mecânica é esquisita. E você tocou num ponto importante ainda, que é o quanto não ter dinheiro te fode inclusive nisso, você ainda tem que lidar com a publicidade. Estou dizendo isso porque quando você põe um vinil para tocar, ou mesmo um cd, eu acho que a mecânica daquilo te impõe ouvir de cabo a rabo. Eu tenho essa tendência de quando coloco um vinil aqui em casa, cd eu não tenho mais o aparelho, mas antes, com o cd, também era assim, eu ouvia inteiro. Então não é propriamente preferência de formato, porque a internet também me fez conhecer coisas do planeta inteiro. Mas essa tranquilidade de ouvir algo com atenção do início ao fim me faz ter muito interesse por essa mecânica anterior ao digital.
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Ouça Década: