O forró do plural Ortinho

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O cantor e compositor Ortinho. Foto: Isabela Martini. Divulgação
O cantor e compositor Ortinho. Foto: Isabela Martini. Divulgação
Capa de "Caruarus – volume 1". Arte: Daniel Dobbin. Reprodução
Capa de “Caruarus – volume 1”. Arte: Daniel Dobbin. Reprodução

A ouvidos menos desavisados, de cara, pode soar contraditório que o cantor e compositor Ortinho, egresso da Querosene Jacaré, a banda mais rock’n roll do movimento MangueBit, lance um álbum inteiramente dedicado ao forró: “Caruarus – volume 1”, disponibilizado no fim da semana passada nas plataformas de streaming.

A singular cidade natal, no agreste pernambucano, cujo plural empresta título ao disco – prolongamento do EP homônimo lançado ano passado (ocasião em que o artista conversou com Gisa Franco e este repórter, no Balaio Cultural, na Rádio Timbira AM) – requer para si o título de capital brasileira do forró.

“Amar é o que vale a pena/ a vida sem amor vira uma novela/ deixa de ser poema”, diz a letra de “A vida é um poema”, faixa que abre o inspirado disco de Ortinho, que enfileira parcerias com o produtor do disco Yuri Queiroga (na faixa-título), Lula Viegas e Chico César (“Caçuá”), Kiki Vassimon (“Assombração do amor”), Anastácia e Zeca Baleiro (“Se não eu morro”, que ganhou videoclipe) e com o vocalista do Ave Sangria Marco Polo Guimarães (“Medo de nada”).

O disco tem participações especiais de Lula Viegas (“Caçuá”), Josildo Sá (“Minha sede”), Riáh (“Amor de beija-flor”), Zeca Baleiro (“Se não eu morro”), Marco Polo Guimarães (“Medo de nada”, que traz também a guitarra de Tonca Neves, outro ex-Querosene Jacaré) e Azulão (“Aeromoça de loiça”), e conta com os talentos de Yuri Queiroga (beats, baixo, violão, cavaquinho, guitarra e arranjos), André Julião (sanfona), Junior François (percussão), Rennan do Pife (pífanos) e Riáh (backing vocals) na banda que lhe acompanha.

Amores, relacionamentos (e seus fins), solidão, chamego (ao mesmo tempo flerte e ritmo), a própria dança a que o álbum convida são alguns dos temas desfilados por Ortinho ao longo das nove faixas do repertório.

“Caruarus” é um disco de forró, mas o forró como Ortinho o entende e processa: sem pureza, mas sem desvirtuamento, passeando por diversos ritmos abrigados no guarda-chuva forrozeiro, como a marcha junina, o xote e o baião, entre outros, pontuados aqui e acolá por uma MPB mais tradicional e pelo bom e velho rock’n roll. Um retorno às origens de um artista maduro, que, fazendo rock ou forró, nunca perdeu suas raízes.

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Ouça “Caruarus – volume 1”:

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