O presidente Luiz Inácio Lula da Silva encaminhou ao Senado para sabatina, nesta segunda-feira, 16, o nome de Patricia Barcelos para ocupar o cargo de diretora na Agência Nacional de Cinema (Ancine), na vaga aberta pelo fim do mandato de Tiago Mafra dos Santos. A confirmação do nome de Patrícia, servidora do Ministério da Educação, antecipado com exclusividade pelo FAROFAFÁ em reportagem publicada em julho, além de confirmar a insensibilidade do governo em relação aos protestos do setor, atesta o prestígio incontestável do secretário executivo do Ministério da Cultura, Márcio Tavares dos Santos, responsável pela escolha.
Desde que seu nome foi aventado, Patricia Barcelos tem participado de eventos relativos ao audiovisual pelo País todo, em uma espécie de “Enem” para o cargo. Ela já ocupa posição no Conselho Superior do Cinema, participa também do Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA) e é próxima a determinada ala do PT gaúcho, que hoje tem ascendência nas decisões do Ministério da Cultura. A ideia é torná-la a próxima presidente da instituição. Sua sabatina deverá ser garantida, como outras da cultura, pelo senador Jaques Wagner (PT-BA).
Diretora de Políticas e Regulação da Educação Profissional e Tecnológica do Ministério da Educação, seu nome não foi bem recebido pelo setor audiovisual. Houve diversas manifestações contrárias – produtores, cineastas e sindicalistas dizem que seu nome foi tirado do bolso do colete e não houve nenhum debate em torno da sucessão na Ancine. O audiovisual queria que fosse alguém ligado à área produtiva da indústria cinematográfica. Ao ser questionado sobre isso, Marcio Tavares recomendou ao setor que se mobilize para conseguir a criação de uma quinta vaga na diretoria colegiada na Ancine, para a qual poderia eventualmente indicar um nome.
Patricia Barcelos não foi um nome indicado pela Secretária do Audiovisual, Joelma Gonzaga, e por sua vez também não é um nome que emana das decisões da própria Ministra da Cultura, Margareth Menezes (de quem se diz que deverá ser substituída no cargo na próxima reforma ministerial). O setor do audiovisual vive uma de suas piores crises recentes, e a retomada democrática da Ancine era um dos pontos-chave da estratégia de empoderamento da área. Atualmente, dos três diretores com mandato na agência, dois são nomes indicados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.