Servidores do Ministério da Cultura divulgam nota pedindo ações antirracistas urgentes

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Macaé Evaristo, ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, recebe das mãos de Pai Adailto de Ogun carta-denúncia contra o Ibram (Instituto Brasileiro de Museus) assinada por lideranças negras religiosas do Grupo de Gestão Compartilhada da Coleção Nosso Sagrado, abrigada no Museu da República

A Associação dos Servidores do Ministério da Cultura (ASMINC) divulgou nesta sexta-feira uma nota expressando preocupação com o episódio de acusação de racismo durante o 8º Fórum Nacional de Museus, em Fortaleza Ceará, noticiado pelo FAROFAFÁ. A nota também faz menção a caso semelhante no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A ASMINC congrega cerca de 600 servidores ativos, inativos e pensionistas do Sistema MinC em 14 cidades de todo o território nacional.

“Compreendemos que processos de letramento racial e formação antirracista precisam integrar a política de gestão institucional, e que para serem efetivos na transformação da cultura da organização necessitam ser contínuos, contemplar linguagens, estratégias e públicos distintos e serem conduzidos por equipes qualificadas”, afirma o documento.

As acusações centes de preconceito racial e injúria no Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), órgão do Ministério da Cultura, deflagraram a mobilização. O Ibram também foi acusado, por pais de santo cariocas, de proceder a um expurgo de um conselho de entidades religiosas que acompanha o destino da coleção Nosso Sagrado, de objetos de cultos afro, no Museu da República.

Nota dos servidores quanto à urgência de medidas antirracistas nas instituições de cultura

Nós, servidoras e servidores da cultura filiados à Associação dos Servidores do Ministério da Cultura (ASMINC), manifestamos nossa preocupação com episódios recentes de racismo e injúria racial ocorridos em diferentes unidades do Iphan e no Ibram, neste último durante o 8⁰ Fórum Nacional de Museus. Preocupa-nos a ausência de um comunicado público contundente, enfático e explícito por parte dos órgãos condenando a prática de racismo nos ambientes institucionais, bem como providências que a gravidade da situação exige.

Como parte fundamental das instituições públicas, e frente ao nosso compromisso com a democracia, a redução de desigualdades e a justiça racial como parte dos princípios das políticas públicas de cultura, gostaríamos de:

  • afirmar nosso compromisso cidadão, ético, profissional e social com o enfrentamento ao racismo;
  • acolher e nos solidarizar com as vítimas diretas e indiretas da violência racial dentro das instituições de cultura;
  • defender a transformação das instituições federais da cultura e das políticas culturais para engajá-las definitivamente em processos decoloniais e antirracistas;
  • nos comprometer coletivamente em nomear, denunciar e combater o racismo que contamina nossa comunicação verbal, não verbal e nossa produção institucional;
  • repudiar e denunciar qualquer tentativa de revisionismo histórico que relativize as violências decorrentes da colonização e do tráfico e escravização de pessoas negras ao longo do nosso processo formador nacional.

Compreendemos que processos de letramento racial e formação antirracista precisam integrar a política de gestão institucional, e que para serem efetivos na transformação da cultura da organização necessitam ser contínuos, contemplar linguagens, estratégias e públicos distintos e serem conduzidos por equipes qualificadas.

E assim, nos colocamos disponíveis e atentos à adoção de ações antirracistas tempestivas e efetivas.

Associação dos Servidores do Ministério da Cultura

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