Um suposto caso de racismo está agitando o 8º Fórum Nacional de Museus, que terminaria nesta sexta-feira, 29 de novembro, em Fortaleza, Ceará. Foi até registrado um boletim de ocorrência sobre o ocorrido em uma delegacia de polícia da capital cearense. A ofensa teria acontecido na terça-feira, dia 26, e envolvido a estudante de museologia baiana Inah Irenam Oliveira da Silva e uma alta servidora do sistema federal de museus do Ministério da Cultura: Maria Angelica Gonsalves Correa, diretora do Departamento de Planejamento e Gestão Interna (DPGI) do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).
Segundo vídeo gravado por Inah, graduanda em museologia, produtora, bailarina, pesquisadora e doutoranda pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), o incidente aconteceu às 20h da terça-feira, durante uma das mesas do Fórum (que se desenrolava na parte externa do Museu da Imagem e do Som do Ceará). Inah, por um momento, precisou ir até a parte interna para carregar seu laptop. Sentou-se num mesa e ficou escrevendo enquanto esperava a carga. Foi quando a diretora, que conversava com duas pessoas brancas, foi até ela, tocou em seu ombro e perguntou: “Onde fica o banheiro?”. Pela abordagem, Inah entendeu que a pergunta se devia a sua cor, e a interlocutora a tratava como se fosse servente do local.
Conselheira de Cultura de Salvador, membra da Rede Museologia Kilombola e da Executiva Nacional de Estudantes de Museologia, Inah depois tentou falar com a diretora, quando esta voltava do banheiro, mas descreveu a recepção de sua abordagem como “arrogante”. Ela conta que ficou abalada e foi acolhida por algumas pessoas, entre elas Roberta Martins, secretária dos Comitês de Cultura do MinC.
Nomeada por Fernanda Castro, presidenta do Ibram, Maria Angelica é uma servidora de confiança da presidência do instituto. Inah também acusa a presidência do Ibram de relativizar o crime de racismo. Ontem, a reportagem do FAROFAFÁ procurou a Assessoria de Comunicação do Ibram para obter mais informações sobre o caso. A Ascom ficou de buscar subsídios, mas não retornou. No mesmo dia, à noite, o Ibram divulgou a seguinte nota:
“O Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) comunica que tomou conhecimento do registro de um boletim de ocorrência a respeito de uma denúncia de racismo episódio no dia 26 de novembro durante a realização do 8º Fórum Nacional de Museus, na cidade de Fortaleza. E, na noite de 27 de novembro, o Ibram recebeu um comunicado, por e-mail, tomando conhecimento da denúncia oficialmente. No momento do fato, foi acionado o grupo de Acolhimento do Fórum para dar o máximo de apoio à pessoa envolvida, inclusive com oferta para formalização da questão junto à Polícia Civil. Não descuidamos da dor da vítima e, naquele mesmo dia, a pessoa acusada pelo ato de racismo, foi afastada das atividades do evento. Algumas pessoas que estavam no local procuraram o Ibram para relatar como a situação se desdobrou, o que fez com que a equipe do Ibram venha agindo com cuidado nas suas atitudes e busque os desdobramentos apuratórios. O Ibram aguarda as próximas etapas da investigação da denúncia pelos órgãos competentes e está acompanhando o caso com muito zelo e compromisso em relação ao tema que é muito sensível à sociedade”.
O Fórum Nacional de Museus , que colhe subsídios para a construção do novo Plano Setorial de Museus 2025-2035, ocupa marcos culturais de Fortaleza, como o Cineteatro São Luiz, Pinacoteca do Ceará, Museus da Imagem e do Som (MIS) e o Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Seus painéis discutem temas relevantes para o setor, tais como “Curadoria Participativa” e “Ações de Acessibilidade em Museus”. É promovido pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), entidade vinculada ao MinC, em parceria com a Secretaria da Cultura do Ceará (Secult) e a Universidade Federal do Ceará (UFC).