Documentário de Ana Rieper sobre o Clube da Esquina estreia hoje em 20 cidades brasileiras

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Milton Nascimento e Lô Borges em foto inédita de Juvenal Pereira
Milton Nascimento e Lô Borges em foto inédita de Juvenal Pereira

Além do famoso álbum de Milton Nascimento e Lô Borges, lançado em 1972 e frequentador costumeiro de listas dos melhores discos da música popular brasileira em todos os tempos, a expressão Clube da Esquina, que intitula a obra-prima, se refere também ao grupo de músicos que se reunia para tocar violão na calçada do cruzamento das ruas Paraisópolis e Divinópolis, em Belo Horizonte/MG.

"Clube da Esquina" - foto: Cafi - capa/ reprodução
“Clube da Esquina” – foto: Cafi – capa/ reprodução

Há também quem pense o Clube da Esquina como um movimento da música mineira ao referir-se aos músicos que orbitam Milton e nas sessões de gravação do antológico elepê, em um processo criativo livre, cujas influências – do jazz, do rock progressivo, das tradições religiosas – podem ser percebidas na sonoridade das 21 faixas do álbum duplo.

É esse o universo esquadrinhado por Ana Rieper (Vou Rifar Meu Coração) em Nada Será Como Antes – A Música do Clube da Esquina (documentário, Brasil, 2023, 79 minutos, classificação indicativa: 10 anos), cujo título toma emprestado o de uma das parcerias de Milton Nascimento e Ronaldo Bastos. Juntando valiosas imagens de arquivo e principalmente depoimentos originais de personagens fundamentais do tal Clube da Esquina, o filme conta a história de um capítulo importante da música brasileira, numa espécie de quem é quem, às vezes colocando rostos em nomes talvez desconhecidos para ouvintes menos interessados em fichas técnicas.

Milton Nascimento foi visionário ao ameaçar deixar a gravadora EMI-Odeon, que não topou de cara a ideia ousada de um álbum duplo. O resultado é bastante conhecido e o trunfo do documentário é presentear o público com histórias de bastidores em um roteiro costurado de modo que o espectador se sente íntimo dos personagens.

Para começo de conversa, a câmera adicional de Márcio Borges, irmão de e parceiro dele e Milton, ajuda a criar este clima de descontração. As histórias se sucedem, desde quando Lô conheceu Milton, quase 10 anos mais velho, passando por influências – Beto Guedes detestou rock progressivo por dois dias, mas depois batizou o primogênito de Gabriel [Guedes, músico] em homenagem a Peter Gabriel, do Genesis – e até pequenos saraus, a música o fio condutor.

Beto Guedes acompanha gravações dos Beatles ao baixo, demonstrando a virada de chave que os ingleses lhe proporcionaram (e aos demais membros do grupo), a cabeça até então povoada de música erudita e chorinho – é filho do compositor Godofredo Guedes (1908-1983); Toninho Horta esmiúça detalhes de arranjos, Robertinho Silva relembra sua entrada na música ainda na infância e toma para si a influência afro em “Cravo e Canela” (Milton Nascimento/ Ronado Bastos), Wagner Tiso recorda umas aulas dadas pela mãe, professora de piano, a Bituca, como os íntimos chamam Milton, e passeia musicalmente pelo leste europeu em uma jam com Luiz Alves e Nivaldo Ornelas; Flávio Venturini, Novelli, Nelson Angelo e Tavinho Moura também comparecem ao filme, que também é, por assim dizer, uma homenagem ao compositor Fernando Brant (1946-2015), um dos parceiros mais constantes de Milton Nascimento. Outra personagem que merece destaque é Duca Leal, que foi esposa de Márcio Borges e é a musa de “Um Girassol da Cor de Seu Cabelo”, parceria dele com Lô.

Clube da Esquina, o álbum, é um caso único na história da música mundial – poucas vezes uma única obra reuniu uma constelação como esta. Mais de 50 anos após lançado, segue ouvido, cultuado e frequentando a programação das rádios para além de programas de flashbacks.

"Nada Será Como Antes – A Música do Clube da Esquina" - cartaz/reprodução
“Nada Será Como Antes – A Música do Clube da Esquina” – cartaz/reprodução

ServiçoNada Será Como Antes – A Música do Clube da Esquina estreia hoje (28) em salas de cinema de 20 cidades brasileiras – Aracajú, Belém, Belo Horizonte, Brasília, Cuiabá, Curitiba, Fortaleza, Goiânia, João Pessoa, Maceió, Manaus, Niterói, Palmas, Porto Alegre, Recife, Rio Branco, Rio de Janeiro, Salvador, São Paulo e Vitória – na Sessão Vitrine Petrobras, com ingressos a preços promocionais, além oficinas e debates gratuitos sobre cinema.

A diretora Ana Rieper participa de debate hoje (28) na sessão do Cinema da Fundação Porto (Recife/PE), às 19h. E amanhã (29) estreia novo episódio do videocast A Dobra, com ela e Toninho Horta no canal do youtube da Vitrine Filmes e no Spotify.

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Veja o trailer:

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Leia também sobre Nada Será Como Antes – A Música do Clube da Esquina aqui.

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