Antonio Cícero, Geraldo Carneiro, Paulo Henriques Britto, Adriano Espínola, Antônio Carlos Secchin e Salgado Maranhão no lançamento de
Antonio Cícero, Geraldo Carneiro, Paulo Henriques Britto, Adriano Espínola, Antônio Carlos Secchin e Salgado Maranhão no lançamento de "A Estante dos Poetas" (organizado por Paulo Sabino), com poemas desta fabulosa meia dúzia – foto: Felipe Fleury/reprodução Facebook

Com 32 dos 35 votos válidos, o poeta Salgado Maranhão foi eleito no último dia 21 para a Academia Maranhense de Letras (AML). O mais novo imortal maranhense estreou na poesia em 1978, ao participar da antologia Ebulição da Escrivatura – nascido em 1953, ele só foi alfabetizado aos 15 anos de idade.

Natural de Caxias/MA, “terra morena de Gonçalves Dias” (1823-1864) e Coelho Neto (1864-1934), Salgado Maranhão ocupará a cadeira número 7, que anteriormente pretencia ao jornalista Antônio Carlos Lima, falecido em outubro passado.

José Salgado Santos, seu nome de pia, recebeu o nome artístico de ninguém menos que Torquato Neto (1944-1972), em uma passagem sua por Teresina, quando conheceu o tropicalista – ambos, como Cacaso (1944-1987) e Paulo Leminski (1944-1989), também letristas de música popular.

Salgado Maranhão é parceiro de nomes como Elton Medeiros (1930-2019), Gereba, Ivan Lins, Josias Sobrinho, Moacyr Luz, Paulinho da Viola, Vital Farias e Zé Américo Bastos, tendo sido gravado por nomes como Amelinha, Elba Ramalho, Juliana Amaral, Rosa Passos e Zizi Possi.

Doutor honoris causa pelas Universidades Federais do Maranhão e Piauí, dele a Editora Malê publicou ano passado a antologia A voz que vem dos poros, um apanhado de sua trajetória poética até aqui.

Salgado Maranhão conversou com exclusividade com FAROFAFÁ.

O poeta Salgado Maranhão. Foto: Daniel Mordnski
O poeta Salgado Maranhão. Foto: Daniel Mordnski

ZEMA RIBEIRO: Para você, qual o significado de ter sido eleito para a Academia Maranhense de Letras e ser agora um imortal em sua terra?
SALGADO MARANHÃO: Para ser sincero, Academias (quaisquer) nunca foram meu foco de interesse, tampouco de críticas ou desprezo. Apenas não pensava nisso. Hoje, entendo que esse tipo de agremiação não melhora o escritor medíocre nem piora um autor brilhante. Assim sendo, aceitei a concorrer à ABL e, por duas vezes, à AML, sendo eleito desta vez para a cadeira número 7, que pertenceu ao saudoso Antônio Carlos Lima. Ser recebido com uma votação tão expressiva, causou-me uma grande alegria, porque, representou a viva expressão do acolhimento dos notáveis da minha terra.

ZR: Você ocupa a cadeira anteriormente ocupada por Antônio Carlos Lima. O que dizer de sua figura?
SM: Antônio Carlos Lima era um amigo recente, mas por quem cultivei uma grande estima e admiração. Já era amigo do seu irmão, também acadêmico, o poeta Félix Alberto Lima, e isso me aproximou do restante da família. Pipoca, como era carinhosamente chamado, foi um jornalista brilhante que ocupou espaços de grande relevância na imprensa maranhense. Além de um escritor de grande talento, que deu prova disso em excelentes publicações. Saber do seu desejo de que fosse eu seu sucessor, foi, sem dúvida, decisivo na opção de me candidatar.

ZR: Recentemente a editora Malê publicou uma antologia de sua poesia, A voz que vem dos poros. Você considera que o livro pode ser uma porta de entrada para sua obra para quem não a conhece?
SM: Esta antologia feita com muito carinho e sob os critérios do professor Rafael Quevedo e do próprio dono da Editora, Vagner Amaro, é bem representativa da minha produção poética. Quem tiver a oportunidade de lê-la, verá uma seleta de vários períodos de minha obra e de como eu fui construindo minhas soluções formais.

ZR: Outro campo pelo qual você transita com desenvoltura é o de letrista de música popular. A música é também um cartão de visitas para a poesia? Quer dizer, você acha que o poeta Salgado Maranhão acaba sendo lido por quem, antes, conheceu o letrista Salgado Maranhão?
SM: Sim, é verdade que o viés da poesia cantada tem também grande importância em minha vida. Sou de uma geração que conheceu boa parte da melhor poesia vinda das letras de músicas. Além disso, ainda muito novo, eu fiz amizade com Torquato Neto. Isso carimbou, deveras, meu destino como letrista. Porém, a poesia veio antes de tudo e, embora eu não estabeleça qualquer hierarquia entre um gênero e outro de linguagem, sou, antes de tudo, poeta. De modo que, o leitor que me acessar no livro ou na canção, vai encontrar sempre o mesmo, em suportes diferentes.

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