Prestes a completar um século, a Festa de Nossa Senhora Achiropita, no bairro do Bixiga, em São Paulo, foi declarada nesta quarta-feira, 27, como manifestação da cultura nacional pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Cultura, Margareth Menezes. Neste ano de 2024, celebra-se a 98ª edição da festa. O governo sanciona lei cujo projeto foi proposto em 2021 pelo ex-deputado Geninho Zuliani (SP), que argumentou que, todo ano, cerca de 200 mil visitantes de todo o Brasil participam da celebração católica na capital paulista, um público maior do que o registrado em evento similar na Itália. “Toda a renda arrecadada com o trabalho de mais de mil voluntários financia e mantém obras sociais”, argumentou.

Realizada desde 1908 na confluência das ruas 13 de Maio, São Vicente e Doutor Luís Barreto, com centenas de barracas oferecendo pratos da culinária italiana (do tradicional espaguete aos antepastos), a Festa da Padroeira Nossa Senhora Achiropita é celebrada no bairro do Bixiga anualmente, todo mês de agosto, a partir do dia 13 até o dia 15 de agosto. No início, a festa era realizada em uma rua de terra batida, em torno de uma imagem da Virgem trazida ao Brasil por imigrantes italianos. Eles ergueram um altar de madeira, onde a imagem era venerada. Logo no seu início, a festa se projetou como uma forma de arrecadação de recursos para as inúmeras obras de caridade sob a responsabilidade das associações religiosas, de celebração da gastronomia italiana e de tributo à relação entre Brasil e Itália.

Em 2015, uma pesquisa sobre os hábitos culturais dos paulistas, feita pela J.Leiva, mostrou que as festas populares eram frequentadas por 47% do povo de São Paulo (sendo que 9% dos entrevistados citavam o evento como uma das suas festas populares preferidas, ante 6% que mencionavam o Carnaval).

Segundo a Wikipedia, a história da tradição remonta ao século VII e iniciou-se com uma pintura da Virgem em uma igreja na cidade italiana de Rossano, na Calábria. O nome Achiropita vem do grego “acheiropoietos“, e significa algo que não foi feito por mãos humanas, mas por interferência divina. Um artista pintava na igreja a imagem de Maria durante o dia. Mas durante a noite, misteriosamente, a imagem desaparecia. Assim, foi colocado um vigia para observar a pintura para flagar algum intruso que estivesse sabotando o trabalho do pintor. Certa noite, uma bela mulher com uma criança em seu colo entrou na igreja para rezar. Como a mulher passasse muitos minutos dentro do santuário sem sair, o vigia foi procurá-la e, quando entrou, ficou surpreso ao descobrir que a imagem da mulher e do menino que tinham entrado se projetara na pintura que estava em processo. Impressionado, saiu gritando pelas ruas: “Nossa Senhora Achiropita! Nossa Senhora Achiropita!”. A imagem, de estilo bizantino, foi objeto de um estudo recente que mostrou que foi sobreposta a outra. Os imigrantes italianos (calcula-se que, hoje, existam 35 milhões de brasileiros de ascendência italiana no País) trouxeram para o Brasil a devoção, que encontrou seu terreno mais fértil no Bixiga.

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