Morre em São Luís o artista plástico e cronista Jesus Santos

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O artista plástico e cronista Jesus Santos na foto que ilustra o verbete a ele dedicado no livro "Arte do Maranhão: 1940-1990" (1994) - reprodução
O artista plástico e cronista Jesus Santos na foto que ilustra o verbete a ele dedicado no livro "Arte do Maranhão: 1940-1990" (1994) - reprodução

“Quanta lembrança/ do meu tempo de criança/ quando vejo papagaios/ papagaios de papel/ dando guinada/ na manhã ensolarada/ alegrando a garotada/ e colorindo o céu”. Lembro dos versos inaugurais de “Papagaio de Papel” (Antonio Vieira/ Pedro Giusti), ao saber do falecimento do artista plástico e cronista Jesus Santos (1950-2024).

É Antonio Vieira (1920-2009) também quem diz “eu que amo o céu/ eu que gosto do mar/ não sou pelo menos azul/ pra com eles me identificar”, em “Poema Para o Azul”. Pipas e azuis faziam parte do universo de Jesus Santos, idealista e pioneiro no quesito colocar a arte na rua: painéis de sua lavra podem ser vistos, por exemplo, na Avenida Litorânea, além da Serpente Encantada, que pode ser observada pelos frequentadores da Lagoa da Jansen.

Em 1992, por iniciativa sua e intermédio da então vereadora Simone Macieira, foi aprovada a lei municipal nº. 3.203/92, que dispõe sobre a colocação de obras de arte em prédios e logradouros públicos da capital maranhense.

A primeira exposição de Jesus Santos se deu em 1967, no Salão Nobre da Academia Maranhense de Letras (AML). Pintor e gravador, expôs no Rio de Janeiro/RJ, Salvador/BA, São Paulo/SP, Nova York/EUA, Areias/PB, Teresina/PI, Goiânia/GO e Brasília/DF, entre outros, além, é claro, de sua cidade natal. Foi diretor da Divisão de Patrimônio do Departamento de Cultura do Maranhão.

Em 2012, por ocasião das comemorações dos 400 anos da capital maranhense, ilustrou uma tiragem limitada do perfume Acqua Fresca, fragrância do Boticário. “Já me aventurei muito na vida, mas a aventura de virar perfume é única. Andarei em pescoços de donzelas, saracotearei em cabelos com ou sem chapinha. Estarei no pulso de mulheres respeitáveis e atrás das orelhas fuxiqueiras das balzaquianas”, divertiu-se o artista, à época.

"O Amor no Caos. Volume 1" - capa/reprodução
“O Amor no Caos. Volume 1” – capa/reprodução

Em 2019, sua tela O Conquistador (1993), da coleção de João Vicente Abreu, ilustrou a capa de O Amor no Caos – Volume 1, álbum do cantor e compositor maranhense Zeca Baleiro. Durante muitos anos assinou e ilustrou a coluna Malazartes, no Caderno Alternativo, do jornal O Estado do Maranhão.

Jesus Santos faleceu na madrugada de hoje (7) após não resistir a uma parada cardíaca. Ele estava internado no Hospital Municipal Djalma Marques, o Socorrão I, após ter sofrido uma queda em sua residência, na última terça-feira (5). Seu corpo está sendo velado na Pax União (Rua Oswaldo Cruz, Centro) e o sepultamento acontece amanhã (8), às 9h, no Cemitério do Gavião (Madre Deus).

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Assista ao episódio dedicado a Jesus Santos de uma série sobre artistas plásticos maranhenses, produzida pelo Museu da Memória Audiovisual do Maranhão (Mavam). A direção do episódio é de Beto Matuck.

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