A cantora e compositora Núbia no Festival BR 135 em 2021 - foto: Laila Razzo/ divulgação
A cantora e compositora Núbia no Festival BR 135 em 2021 - foto: Laila Razzo/ divulgação

Neste sábado (27) e domingo (28) acontece mais uma edição do Festival de Verão de Salvador. Entre os artistas do line up estão nomes como Iza, Liniker, Carlinhos Brown, BaianaSystem, Ivete Sangalo, Bell Marques, Cláudia Leite, Baco Exu do Blues, Psirico, Gloria Groove, Péricles, Thiaguinho, Maria Rita, Lulu Santos, Gabriel, O Pensador, Daniela Mercury, Ilê Aiyê, Margareth Menezes, Seu Jorge e Mano Brown, além de Caetano Veloso, que, acompanhado de Jards Macalé, Áureo de Souza e Tutty Moreno, apresenta o show do mítico Transa (1972), álbum gravado durante seu exílio londrino.

Uma das maiores potências surgidas no cenário musical maranhense – destacadamente a cena reggae – deste primeiro quarto de século, a cantora e compositora Núbia está alçando voos cada vez mais longos e importantes e se apresentará também no evento. Ela faz um pocket show sábado e uma participação especial no show do Àttooxxá domingo – com outros nove artistas: Amun Há, Anna Suav, Ciel, Mc Super Shock, Jennify C, Jadsa, Naieme, Vanessa Melo e Mestre Damasceno.

Em 2023 ela se apresentou no Festival do Sol (RN) e no Psica (PA). Em 2024 começa pelo Festival de Verão de Salvador, neste fim de semana, e em fevereiro participa do Pitch do Porto Musical, no Recife/PE, evento bienal realizado desde 2005.

Núbia conversou com exclusividade com FAROFAFÁ sobre a cena autoral maranhense, as dificuldades enfrentadas pelos artistas, a importância de estar em palcos como os citados e sobre o álbum que pretende lançar ainda este semestre.

A cantora e compositora Núbia - foto: divulgação
A cantora e compositora Núbia – foto: divulgação

CINCO PERGUNTAS PARA NÚBIA

ZEMA RIBEIRO: Como você tem recebido o reconhecimento de festivais importantes em outras praças, como o Festival de Verão em Salvador e o Porto Musical no Recife?
NÚBIA: Tem sido gratificante demais, depois de alguns anos de carreira conseguir circular com nosso trabalho, ainda mais sabendo de todas as dificuldades que os artistas do Maranhão enfrentam para poder produzir e se sustentar, principalmente pela pouca valorização que recebemos e pela gestão dos órgãos públicos associados à cultura ser falha ou inexistente em muitos aspectos. É uma forma de também mostrar para esses setores que a gente está aqui, resistindo, com um cena cultural incrível. Sinto uma grande responsabilidade também de dar continuidade a quem veio antes e deixar os espaços abertos para que vários outros artistas também possam acessar, sobretudo negros e indígenas.

ZR: Supostamente as tecnologias e seu barateamento favoreceram que artistas fora do eixo Rio-São Paulo não mais precisassem se mudar para desenvolver uma carreira artística. Você acha que morar em São Luís e fazer arte a partir da ilha ainda seja um limitador, no sentido de distância geográfica e custos de deslocamento, entre outras?
N: Acredito que ainda é sim um fator limitante nesse sentido, porque apesar de sabermos que as distâncias têm diminuído bastante por conta da internet, o que faz com que pessoas de outros estados e países possam ter acesso ao trabalho e à arte produzida aqui, no viés físico/presencial a questão do transporte se apresenta como um obstáculo, já que temos na cena trabalhos e materiais de grande qualidade e, por conta dos altos preços das passagens, o que dificulta os deslocamentos, festivais e eventos fora do estado acabam não quebrando a barreira geográfica para levar artistas do Maranhão, inclusive isso sempre é uma pauta levantada em rodadas de negócios e trocas de ideias com agentes culturais de outros estados.

ZR: Como você avalia a cena da música autoral em São Luís hoje?
N: Posso dizer que a cena da música autoral do Maranhão atual é uma grande referência para mim também porque é uma cena que tem se reinventado bastante e tem feito as coisas acontecerem de forma independente, buscando cada vez mais por originalidade e conexão com a cultura maranhense. É uma cena resistente e muito ativa que infelizmente passa por muitas dificuldades, principalmente pela desvalorização da sua cadeia produtiva, falta de gestão cultural dos setores públicos e apoio dos privados, bem como as empresas e marcas locais. É um descaso e desrespeito enorme o que acontece no Maranhão com os artistas. Apesar de tudo, sou muito grata de ser contemporânea de todes que fazem essa cena autoral tão potente e talentosa.

ZR: O que você preparou para a apresentação no Festival de Verão? O que o público pode esperar e quem estará com você no palco?
N: No Festival de Verão serão dois momentos: o primeiro, no sábado, no espaço de ativação da Devassa [cerveja, um dos patrocinadores do evento], o “Latassa”, em que vou fazer um pocket show com dj, com músicas do primeiro EP, Peso da Ilha [2021], e do novo álbum, que será lançado em 2024, intitulado Sabores. O segundo momento será no domingo, em que cantaremos uma música no show do Àttooxxá, juntamente com outros artistas também contemplades no Tudo Nosso. As participações serão interpretações de canções de artistas que já se apresentaram em outras edições dos festivais.

ZR: Você tem uma obra autoral consistente, conhecida do público pelos singles que tem lançado até aqui. Você está pensando em álbum? Se sim, para quando? O que pode nos adiantar?
N: Tenho um novo álbum sim, que inclusive já está pronto e será lançado ainda no primeiro semestre de 2024. Este álbum vem sendo maturado desde 2022, organicamente, na parceria de Cahhi Silva, e em janeiro de 2023 foi dado início ao processo de pré-produção e em seguida produção com a captação de instrumentos e vozes. No álbum teremos sete faixas audiovisuais. Em duas delas, participações da Dama do Reggae, nossa querida Célia Sampaio, e em outra nossa panterona diva, Pantera Bl4ck, para além de backing vocals maravilhosos da cantora Dicy Rocha, três artistas mulheres pretas por quem tenho enorme carinho e admiração.

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