Apenas 6% dos brasileiros (maioria branca, com curso superior e entre 16 e 24 anos) foram a algum festival de música em 2023

A pesquisa “Mapa dos Festivais: Panorama 2023″, divulgada essa semana, apresentou uma radiografia inédita dos festivais de música de todo o Brasil. Compilando-se dados coletados pelo site Mapa dos Festivais no período entre janeiro e dezembro de 2023 (além de informações disponíveis na internet e redes sociais), foram analisadas informações sobre 298 festivais de todas as regiões do país, de diferentes gêneros e portes, que tiveram 3.127 artistas se apresentando em seus programas.

O perfil que emerge desse Mapa dos Festivais 2023 surpreende em diversas conclusões e mostra uma euforia no setor após o recolhimento da pandemia – 71 novos festivais estrearam em 2023. São Paulo concentra quase 30% de todos os festivais do País – 83 eventos estão sediados aqui, enquanto 47 festivais se realizam no Rio de Janeiro. O valor médio de ingressos dos festivais no Brasil é 329 reais, sendo que o do Lollapalooza é o mais caro, com o ingresso médio custando 3 mil reais, o que explicita o caráter elitista desses eventos (entre os pesquisados, 32 são gratuitos).

A maior parte dos festivais, 48%, é de natureza multigênero (ou seja: há artistas de todos os gêneros nos line-ups). “Até o Festival João Rock, que apesar de ter rock no nome, abraçou a diversidade da música brasileira como posicionamento de marca. Para além do óbvio, que quanto mais estilos diferentes, maior a chance de agradar mais pessoas, esse resultado também pode estar refletindo a maior promoção da diversidade em todos os sentidos, inclusive no gosto musical”, concluíram os pesquisadores.

Em seguida, pela ordem, vêm os festivais exclusivamente de rock, depois de rap, de eletrônica e de samba. No top 5 de estilos musicais dos artistas que figuraram nos lineups de 2023, pontifica a música eletrônica, com 30%, seguida do rock (16%), rap (12%), MPB (9%) e o pop (6%). Teto, Mc Cabelinho, Djonga, Pitty e Matuê foram os cinco artistas que mais subiram aos palcos de festivais, cada um com 19 shows. Pitty também foi a artista que mais tocou na região Sudeste em 2023.

O Nordeste teve Djonga como principal artista, totalizando 7 shows na região, enquanto Fresno foi o artista que mais tocou na região Sul, fazendo 5 shows. No Centro-Oeste, houve empate entre YPU, Poze do Rodo, Letícia Fialho e Flora Matos, com 2 shows cada. Na região Norte, tivemos Felipe Cordeiro, Reiner, Azymuth, Banda Mega Pop Show, Rashid, Dead Fish e Manoel Cordeiro, cada um se apresentando em 2 festivais na região.

Homens são 65,6% dos frequentadores, mulheres 24,9%, enquanto as mulheres trans são 1,2%, não binaries são 0,23% e homens trans são 0,13%. Em 2023, os meses mais agitados foram outubro, com 43 festivais, maio com 35, setembro e novembro empatados com 32 festivais cada um, e abril, com 31 festivais.

A concentração cultural também é uma marca da cena de festivais: dos 298 eventos mapeados, apenas 9 estão na região Norte do país: Psica (PA), Se Rasgum (PA), Sou Manaus (AM), Festival Casarão (RO), Amazonas Green Jazz Festival (AM), Festival Sonido (PA), Festival Lambateria (PA), Festival Amazônia de Pé (PA) e Festival Bem Ali (TO). “Sabemos que é muito difícil produzir um festival fora do Sudeste. Fatores como logística e escasso patrocínio de grandes marcas são os maiores agravantes do cenário atual”, afirmaram os realizadores da pesquisa. As marcas que mais aparecem como patrocinadoras de festivais são a Coca-Cola (30%) e as cervejas Amstel (23%), Heineken (22%) e Budweiser (16%).

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