Edu Lobo celebra 80 anos em inspirado álbum duplo, muito bem acompanhado

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“Edu Lobo – Oitenta”. Capa. Reprodução
“Edu Lobo – Oitenta”. Capa. Reprodução

Não resta dúvida nem faltam exemplos de que a música brasileira é uma das mais ricas, diversas e sofisticadas do mundo. Neste sentido, o cantor, compositor e pianista Edu Lobo e sua obra são verdadeiros monumentos vivos.

Aos 80 anos, completados em agosto passado, o carioca acaba de lançar “Edu Lobo – Oitenta” (Biscoito Fino, 2023), álbum duplo que chegou ontem (7) às plataformas de streaming, com que celebra a trajetória, tendo por convidados nomes igualmente lapidares, de diversas gerações: os cantores Ayrton Montarroyos, Mônica Salmaso, Vanessa Moreno e Zé Renato (que como integrante do Boca Livre estreou justamente em “Camaleão”, álbum que Edu Lobo lançou em 1978); os parceiros Aldir Blanc (1946-2020), Cacaso (1944-1987), Chico Buarque, Paulo César Pinheiro e Vinícius de Moraes (1913-1980); e os instrumentistas Carlos Malta (flauta e saxofones), Cristóvão Bastos (piano, arranjos e direção musical), Jorge Helder (contrabaixo), Jurim Moreira (bateria), Kiko Horta (acordeom), Marcelo Costa (percussão), Mauro Senise (flauta e saxofones) e Paulo Aragão (violão; arranjo em “Uma Canção Inédita”).

Em hora e meia, ao longo de 24 faixas, o álbum duplo passeia por clássicos e lados b do repertório de Edu Lobo, que a despeito de não tocar piano nem cantar em todas as faixas da seleção comemorativa, acerca-se da constelação já citada. Aos 80 anos qualquer um pode tudo, mas Edu Lobo está longe de ser qualquer um, isto é, ele pode mais ainda.

Em “Edu Lobo – Oitenta” o anfitrião promove encontros: o repertório é cantado em solos, duetos ou trios, com resultados exuberantes e impecáveis. Não é cedo para afirmar estarmos diante de uma obra-prima.

A grandeza do compositor é novamente atestada – mas não é de reafirmação nem de vaidade que trata o álbum – com a demonstração de sua versatilidade: estão lá o samba, a trilha sonora para teatro (e televisão), a música para crianças e de concerto, e o Nordeste (sempre convém lembrar, em um país sem memória, que Edu Lobo é filho de Fernando Lobo (1915-1996), jornalista e compositor pernambucano).

A nova abordagem dos temas de Edu Lobo, mais ou menos conhecidos, deixa o ouvinte em suspenso: algumas soam inéditas, mas mesmo os hits parecem estar sendo descobertos agora, ouvidos pela primeira vez, em interpretações iluminadas e iluminadoras do elenco escolhido por seu autor. E diversas das canções aqui reunidas pareciam já ter versões definitivas, pois desde que surgiu na era de ouro dos festivais da canção na televisão, nos anos 1960, Edu Lobo sempre foi gravado e regravado por grandes nomes.

Tudo está em seu devido lugar, como a mesa posta para um banquete. Refestelemo-nos com o menu oferecido por Edu Lobo, um artista brasileiro raro, que roça a perfeição como poucos.

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Ouça “Edu Lobo – Oitenta”:

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