O maestro e pianista João Carlos Martins e a Orquestra Bachiana Filarmônica Sesi/SP apresentam hoje (14), às 21h, no Teatro Bradesco (Rua Palestra Itália, nº. 500 – Loja 263 – 3°. Piso, São Paulo/SP), o concerto “Clássicos do Rock”.
A apresentação passeia por nomes como Cazuza (1958-1990) (e Barão Vermelho), Raul Seixas (1944-1989), a Legião Urbana de Renato Russo (1960-1996), Rita Lee (1947-2023), Lulu Santos, Roberto Carlos, Erasmo Carlos (1941-2022), Os Paralamas do Sucesso, Skank, Guns’n Roses, Queen, Simon and Garfunkel, Beatles e Rolling Stones, mas tem inspiração em Beethoven (1770-1827), que também comparece ao repertório.
Um dos mais importantes nomes da música em todos os tempos, o alemão Ludwig van Beethoven tinha um estilo fora dos padrões da época em que viveu, caracterizado pelos cabelos revoltos e roupas extravagantes, o que o faz ser considerado o mais rock’n roll dos compositores clássicos, daí a ponte estabelecida por João Carlos Martins e orquestra.
FAROFAFÁ conversou com exclusividade com João Carlos Martins
ENTREVISTA: JOÃO CARLOS MARTINS
ZEMA RIBEIRO: Você é reconhecido no mundo inteiro como um dos principais executores da obra de [Johann Sebastian] Bach (1685-1750). No universo da música clássica, ainda se percebem muitos preconceitos com a música popular. Neste sentido, um concerto dedicado ao rock’n roll pode ser considerado um exercício de superação desses preconceitos?
JOÃO CARLOS MARTINS: Realmente eu dediquei a minha vida, à obra de honra a Sebastian Bach, e gravei a obra completa para teclado do genial compositor. Então quando você pergunta por que fazer concerto ligando a música clássica ao rock and roll, eu respondo, pergunto pra mim mesmo o porquê, e eu respondo: por que não?
ZR: Curiosamente sua inspiração para este concerto foi o compositor e pianista Ludwig van Beethoven. Vamos falar um pouco do conceito de “Clássicos do Rock”.
JCM: Bem, por que é que eu ligo o nome do concerto, de Beethoven aos clássicos do rock. Porque no século 18, Beethoven sem dúvida alguma foi praticamente um clássico roqueiro, porque a sua música foi revolucionária dentro do classicismo.
ZR: Seu amor pela música e pelo piano levou o senhor a superar diversos episódios que o afastaram temporariamente do instrumento. Como o senhor explica isso, se é que existe explicação?
JCM: Meu caso não é de superação, meu caso é de teimosia, porque depois de 27 operações eu continuo acreditando na trajetória da esperança. E mesmo com uma doença rara há 65 anos, eu jamais perdi o ideal na minha vida, que eu simbolizo com a frase “a música venceu”.
ZR: O que o senhor pode antecipar em relação a novos projetos, seja nos palcos ou nos estúdios?
JCM: Bem, só estou, conforme eu disse, com 83 anos. Se eu posso antecipar em relação aos novos projetos, posso dizer para vocês que meu pai viveu até os 102 anos. Não tenho dúvida alguma que teremos novos projetos não só nos palcos, mas também no campo social.
ZR: Assisti recentemente a uma apresentação do pernambucano Amaro Freitas, hoje considerado um dos maiores pianistas de jazz do mundo. O senhor conhece? O que pode dizer do moço? E que outros nomes do piano brasileiro em atividade o senhor recomenda prestarmos atenção?
JCM: Sim, já ouvi falar muito do Amaro Freitas. Infelizmente, não tive oportunidade de ouvi-lo. Agora, dos pianistas brasileiros, realmente os que mais me emocionaram durante a minha trajetória foram Guiomar Novaes (1895-1979), Nelson Freire (1944-2021) e Arthur Moreira Lima.
ZR: Alguma perspectiva de circulação com “Clássicos do Rock”?
JCM: Eu prefiro não responder porque quem decide sempre é o público.
ZR: E a Portuguesa de Desportos? Será que hoje venceria meu Vasco da Gama em um amistoso?
JCM: Bem, entre a Portuguesa e o Vasco da Gama, o meu coração balança, porque eu sou Portuguesa em São Paulo, que é meu time de coração, mas sou vascaíno no meu Rio. Então eu já aprendi a sofrer na música e no futebol; na música, doenças que eu tive durante a minha vida, e no futebol por ver dois times do coração não alcançarem o seu lugar ao sol.
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Serviço: Concerto “Clássicos do Rock”, com João Carlos Martins e Orquestra Bachiana Filarmônica Sesi/SP. Teatro Bradesco (Rua Palestra Itália, nº 500 – Loja 263 – 3° Piso, São Paulo/SP). Classificação indicativa livre (menores de 14 anos somente acompanhados dos pais ou responsáveis). Ingressos a partir de R$ 17,50, à venda na bilheteria do teatro ou na Uhuu.