A Agência Nacional de Cinema (Ancine) notificou nesta quarta-feira o cineasta e produtor Roberto de Oliveira para que devolva, em 30 dias, os recursos utilizados em um documentário sobre o cantor Chico Buarque produzido há 20 anos. O projeto, realizado em três partes a partir de 2003 (Saltimbancos, Futebol, Cinema), e que teve estreia em 2005, foi realizado pela produtora de Oliveira, a RWP Comunicações Ltda, foi largamente visto e premiado e é um dos mais íntimos retratos do artista já realizados.

Diretor e produtor audiovisual. Roberto faz filmes há mais 50 anos. Além da série de documentários Chico, dirigiu a série Maestro Soberano, sobre Tom Jobim; a série Biograffiti, sobre Rita Lee; e Falso Brilhante, acerca de Elis Regina. No ano passado, durante a 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, Oliveira apresentou Elis & Tom, Só Tinha de Ser com Você, seu primeiro longa-metragem.

O curioso é que a Ancine, em sua notificação para o resgate do débito, diz que recusou pela terceira vez recurso da produtora da série Chico e que. “em virtude de ter sido improfícua a tentativa de notificação dos responsáveis por via postal, por se encontrarem em lugar incerto e não sabido, por não atualizarem os dados de cadastro e correspondência”, ficou inviabilizada a notificação por carta com aviso de recebimento. O despacho é assinado pelo Superintendente de Prestação de Contas da Ancine, Eduardo Andrade Cavalcanti de Albuquerque, que é militar, Capitão de Mar e Guerra da Marinha, conduzido ao posto por exigência do governo de Jair Bolsonaro.

Apesar de ter realizado um amplo expurgo dos quadros militares que Bolsonaro encastelou no serviço público federal, o novo governo não conseguiu alcançar agências e outras autarquias nas quais a direção foi nomeada pelo governo anterior. A atual direção da Ancine, liderada por Alex Muniz, experimenta uma situação análoga à do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, cuja atuação serve a pressupostos do antigo governante, na contramão de um esforço de reconstrução nacional. A superintendência de Prestação de Contas da Ancine desconsidera novas normativas do Tribunal de Contas da União, que orienta a dar prescrição a prestações de contas de tempo superior a 5 anos de existência e cujos trâmites tenham tido percalços burocráticos nos diferentes órgãos públicos. O TCU está aplicando rigorosamente a nova regra, o que faz com que seja inócuo esse tipo de cobrança da Ancine, que vai ser derrubado mais adiante.

PUBLICIDADE

DEIXE UMA REPOSTA

Por favor, deixe seu comentário
Por favor, entre seu nome