Leno, o cantor e compositor potiguar que foi o primeiro parceiro de Raul Seixas, fez um show essa noite em São Paulo, no Sesc Belenzinho, acompanhado pela banda Sociedade Kavernista, um sexteto psicodélico de alta combustão. O remanescente do disco Sessão das 10 – Sociedade da Grã Ordem Kavernista, o baiano Edy Star, único sobrevivente daquele quarteto maravilhoso, estava na plateia do Sesc, mas não quis fazer nenhuma participação.


Leno tocou principalmente o repertório do lendário disco Vida e Obra de Johnny McCartney, que ele fez com Raul Seixas em 1970 e ficou inédito durante 25 anos.

Das canções do disco, destacaram -se as delirantes Lady Baby, Convite para Ângela (“Que vocês certamente conhecem como Sapato 36”, disse Leno) e Sentado no Arco-íris. Leno também fez uma linda viagem pela versão original de S.O.S../Objeto Voador.
Foi uma jornada magnética de rock’n’roll, com um set de sucessos de 1955 a 1966, de Bill Halley a Elvis, mas Leno também cantou seus sucessos na dupla Leno e Lilian, como A Festa dos seus 15 Anos (“Hoje também pode ser chamada de A Festa dos seus Sessentinha”), Devolva-me e Eu Não Sabia que Você Existia.

O Toca Raul dominou o final da noite, que culminou com Metamorfose Ambulante.

Poucas pessoas conheceram tão bem o gênio de Raul quanto Leno. É centrado e refinado, e seu show é uma espécie de portal para um tempo de grandes alquimias culturais.

Espero que se repita logo.

NOTA DO REDATOR: O texto acima foi um post do Facebook há dois anos, quando Leno fez seu derradeiro show em São Paulo, no Sesc Belenzinho. Republico como um tributo ao artista Leno, codinome do cantor e compositor potiguar Gileno Osório Wanderley de Azevedo, um visionário do rock e do pop brasileiro, que morreu na quinta-feira, aos 73 anos, em Natal (RN), de câncer. Leno, um dos pilares de sustentação do rock brasileiro no final dos anos 1960 e início dos anos 1970, foi uma das grandes fontes do meu livro Raul Seixas – Não diga que a canção está perdida (Todavia, 2019). Quando tocou no Imperator, no Rio, publiquei a entrevista abaixo. “Que Deus te receba no Paraíso”, escreveu a antiga parceira, Lilian (não foram namorados; ela era namorada de Renato Barros, de Renato e Seus Blue Caps).

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