Mario Frias e Flávio Bolsonaro

O governo Bolsonaro anulou nesta segunda-feira, 7, os convênios do projeto Casinha Games em Duque de Caxias e Queimados, na Baixada Fluminense no Rio de Janeiro, por não conseguirem cumprir com as determinações do Tribunal de Contas da União (TCU). A anulação do convênio (mais de um ano após seu início) com a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro partiu da própria Secretaria Nacional de Fomento e Incentivo à Cultura do governo federal, a proponente do programa.

O escândalo do projeto Casinha Games foi revelado com exclusividade pelo FAROFAFÁ em setembro de 2021. Nossa reportagem expôs que o então secretário Mario Frias (eleito deputado federal pelo PL de São Paulo com mais de 120 mil votos) tinha separado 4,6 milhões de reais do Fundo Nacional de Cultura (FNC) para um projeto obscuro, sem proponente, sem estudos preliminares, sem equipe, sem prospecção de demanda. O dinheiro era quase igual ao que o FNC tinha executado de seu orçamento no ano anterior. Ao ser revelado o plano, Frias bolou apressadamente um discurso, alegando que criara, de sua cabeça, um programa de “capacitação técnica e profissionalizante de jovens de baixa renda” em games, “com o fim de criar condições para que os mesmos possam ingressar no mercado de trabalho”.

Em maio deste ano, o TCU, após analisar o andamento do Casinha Games, suspendeu provisoriamente o projeto de Frias apontando diversas irregularidades. Segundo o TCU, o governo não tinha ideia, ao criar o programa, de qual era seu público-alvo; também não tinha objetivos, custos e metas definidos, não havia realizado pesquisa de custos de mercado e o plano todo atentava contra os princípios de impessoalidade (havia absorvido um projeto de uma empresa privada, Ghost Jack Entertainment, de Belo Horizonte), razoabilidade e economicidade. A decisão intimava a Secretaria Especial de Cultura do governo Bolsonaro a buscar locais pré-existentes adequados para receber o projeto, com 30 dias de prazo.

O Casinha Games anulado hoje consistiria na “criação de um complexo cultural multimodal direcionado ao setor audiovisual, artes multidimensionais, inclusão digital, jogos eletrônicos, empreendedorismo e gestão de projetos”. Em agosto, durante a campanha eleitoral, os filhos de Bolsonaro, Eduardo e Flávio, chegaram a fazer propaganda de um rafe primitivo representando um centro Casinha Games que estaria sendo construído, apregoando que “retiraria jovens do crime” e previa 500 horas/aula.

Uma coluna de jornal deu conta que o candidato derrotado nas eleições do último dia 30, Jair Bolsonaro, teria sido procurado por Mário Frias essa semana no Palácio do Alvorada, mas recusou recebê-lo.

 

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