‘A Hora da Estrela’ faz últimas apresentações em SP

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Cena do musical "A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa"
Cena do musical "A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa" - Foto: Daniel Barboza

Não há mais ingressos para este fim de semana do musical A Hora da Estrela ou o Canto de Macabéa, em cartaz no Sesc Santana. Mas ainda é possível disputar lugares para as últimas três sessões nos dias 25 e 26, às 21 horas, ou 27, às 18, com a venda dos ingressos no portal do Sesc ou nas bilheterias do teatro começando na terça-feira (22). A temporada que se iniciou em 4 de fevereiro foi marcada por sessões lotadas, um indicador do sucesso da montagem.

O espetáculo, adaptado e dirigido por André Paes Leme, tem como protagonista a cantora e atriz Laila Garin, que já é um nome conhecido dos fãs do gênero por sua premiada atuação em Elis, A Musical (2013). Os contrastes entre um vulcão criativo, a cantora Elis Regina, e uma esquálida Macabéa, personagem soberba do romance de Clarice Lispector, evidenciam a versatilidade de Laila. Desta vez, ela tem uma dupla função: ser a atriz que conhece e quer contar a história de Macabéa, a mulher comum e sem brilho. Na obra original, quem narra a história não é uma atriz, mas o escritor fictício Rodrigo S.M. A duplicação de papéis para Laila, como atriz-narradora e Macabéa, pode causar estranheza no início, mas logo essa confusão se desfaz.

Já foi pontificado que A Hora da Estrela é o retrato de milhares de brasileiros, particularmente dos nordestinos que migraram para o Sul do País em busca de uma vida melhor. Aos 19 anos, Macabéa chega ao Rio de Janeiro, encontra-se com sua única parente, uma tia que morre subitamente depois, e  que consegue um emprego após fazer um curso de datilografia. Ela não estudou, é ingênua e padece de uma certa malícia para viver na cidade grande. Tem um namorado, Olímpico de Jesus (Claudio Gabriel), também nordestino, ignorante como ela, mas que se faz de sabedor de tudo. Sua vida é sem sal, mas não privada de dúvidas e inquietações de quem não sabe das coisas. Seu drama particular, o da incomunicabilidade.

Laila constrói a personagem Macabéa como Clarice fez em A Hora da Estrela: alguém para ser amada, apesar de toda a adversidade que envolve sua existência.  A doçura que marca os números musicais e também suas falas recheadas de sofrimento deveriam aquecer até o mais gelado dos corações e fazer gostar da protagonista. E a sofrer com ela. Mas a vida dura nas cidades embrutece a sociedade que não enxerga pessoas invisíveis como uma datilógrafa nordestina. Nem os poucos amigos, como a colega de trabalho Gloria (Claudia Ventura), serão capazes de atenuar a sua não-existência.

A trilha sonora é assinada por Chico César, que produziu as canções a partir de trechos do livro A Hora da Estrela, mas também a partir de criações totalmente novas. Ao contrário de outros musicais mais pops, quando a plateia interrompe o fluxo narrativo após cada canção, em A Hora da Estrela ou o Canto de Macabéa apenas em Vermelho Esperança isso acontece. Chico César já havia trabalhado em parceria com Andréa Alves, idealizadora e diretora de produção, no espetáculo Suassuna – O Auto do Reino do Sol (2017), com a Cia Barca dos Corações Partidos.

O espetáculo A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa estreou em 2020, ano do centenário de Clarice Lispector, mas teve temporada interrompida em março, quando estava em cartaz no CCBB-RJ.

A Hora da Estrela ou O Canto de Macabéa. Da obra de Clarice Lispector, com Laila Garin. No Teatro Sesc Santana, últimas apresentações dias 25, 26 e 27 de fevereiro.
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