Dis-ritmia. Single. Capa. Reprodução
Dis-ritmia. Single. Capa. Reprodução

Alê Muniz e Luciana Simões, produtores do Festival BR 135, lançaram ano passado ep com seis artistas maranhenses

A prolongada crise sanitária em que o Brasil está mergulhado – mais profundamente que o resto do mundo, infelizmente – impediu, entre inúmeros outros acontecimentos já consolidados no calendário cultural brasileiro, a realização do Festival BR 135, que há nove anos é um dos mais aguardados pelo público de São Luís. O festival chegou a ter uma edição extra, dedicada à música instrumental, em 2019 em Imperatriz/MA; era a primeira vez que a iniciativa atravessava o Estreito dos Mosquitos.

Reinventando-se, como grande parte dos trabalhadores da cultura, o duo Criolina, formado por Alê Muniz e Luciana Simões, produtores e curadores do Festival BR 135, puderam realizar um ep do Conecta Música, até então uma espécie de braço de formação do festival. Seis artistas foram selecionados e, com recursos da Lei Aldir Blanc de Emergência Cultural, gravaram cada qual uma faixa, um videoclipe e realizaram um ensaio fotográfico. Para alguns era a primeira vez que trabalhavam em um esquema inteiramente profissionalizado.

É o caso da artista Pantera Black, que dividia vocais com o coletivo Criola Beat, e agora tem seu single, material fotográfico e audiovisual. “Ficamos felizes por que ela é muito potente como compositora e é bacana ver uma mulher rapper maranhense ganhando cenário no espaço. Ela realmente impressiona”, elogia Luciana Simões, curadora do selo BR 135, cuja pré-estreia foi um ep com seis faixas e seis artistas lançado ano passado – além de Pantera Black, estão lá Afrôs, Butantan, Gugs, Regiane Araújo e The Caldo de Cana.

O selo do festival acaba de disponibilizar o single “Dis-ritmia”, parceria do duo Criolina com Estrela Leminski e Téo Ruiz. O quarteto se conheceu na Feira Internacional da Música do Sul (Fims). “Mas foi em Brasília, em um evento chamado Reverbera, que é de encontro das produtoras culturais, que me aproximei da Lu por identificação total”, revela Estrela.

“Ficamos amigas e já estávamos nos falando para fazer algo à distância, mas ainda não tinha acontecido”, lembra. “No fim do ano passado, quando todo o caos da pandemia parecia que ia acabar em breve, Téo juntou nossas milhas pra gente comemorar os nossos 20 anos juntos e 40 anos de cada um. Escolhemos os Lençóis [Maranhenses], que sempre foi sonho conhecer. E Lu agitou um show nosso com participação do Criolina. Nesse encontro surgiram duas canções. “Dis-ritmia” foi a primeira e a gente já curtiu que a fluidez pra compor junto só confirmou a identificação com a Lu e o Alê”, continua.

Ela prossegue, contando sobre a produção da faixa e o estreitar de laços com o Maranhão. “O Alê, que começou a produção da faixa, intimou o Rovilson [Pascoal, guitarrista], que é um músico e produtor paulista que a gente já conhecia e curtia. O processo foi ultrarrápido: a Lu e o Alê são super aviões! Sermos a comissão de frente de uma iniciativa incrível dessa, que vai movimentar uma cena por que somos tão apaixonados, que é a maranhense, foi incrível e também um respiro. Além disso, o nosso vínculo e da Fims com o Maranhão se estreitam cada vez mais também”.

Luciana explica um pouco o processo de curadoria do selo: “A curadoria tem exatamente a mesma proposta do festival: colocar na roda a música produzida atualmente no Maranhão, os sons periféricos, contemporâneos, revelar a pluralidade da produção local. Temos projetos para lançar mais artistas esse ano ainda com o prêmio Natura Musical”, diz. Realista, prevê também um possível cenário ruim: “Dependendo das não políticas públicas federais, podemos ser impedidos de realizar o que planejamos”. Sobre o retorno do Festival BR 135 este ano, nos moldes a que o público está acostumado, mantém-se cautelosa: “Não podemos ainda afirmar se teremos festival aberto com participação do público. Estamos apostando nas pequenas vitórias, fazendo o possível e o impossível, buscando nos fortalecer nas parcerias com amigos, caminhar juntos e descobrir novos caminhos usando as ferramentas que temos às mãos”.

“Dis-ritmia” já está disponível em todas as plataformas digitais. Um registro audiovisual tem lançamento previsto para o próximo dia 26 de abril.

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Ouça “Dis-ritmia”, com Criolina, Estrela Leminski e Téo Ruiz:

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