A última modinha é lançar discos pela internet. Chico Buarque fez isso com “Chico”. A conta-gotas, ele foi divulgando uma música aqui, uma performance ao vivo acolá e nessa brincadeira angariou, pelas redes sociais, 482 mil curtidores do Facebook e 1.030 Twitters. Claro que a gravadora Biscoito Fino não chegou a um número equivalente de compradores de discos, mas não deixa de ser um marco na música brasileira. Agora é a vez de Marisa Monte, que começou hoje a divulgar um novo álbum em seu site oficial. Pra começo de conversa, ela postou uma carta e um vídeo. E diz que vai estar acompanhando, de casa, o movimento dos internautas até o lançamento da obra, previsto para o fim do ano.

 

O site prevê inúmeras interações com a cantora. Desde as redes sociais Facebook, Twitter, Orkut e Youtube, até o Formspring, que tem potencial de ser a parte mais bacana do projeto. Nesse serviço, as pessoas podem perguntar a Marisa Monte qualquer coisa e, quem sabe, ela responde. Já havia duas primeiras perguntas respondidas. A primeira era a opinião dela sobre as redes sociais. “O máximo que fiz foi abrir uma conta no Facebook por curiosidade e encerrar em dez minutos ao me dar conta da demanda”, confessou. Seu uso da internet se restringe a ler notícias, email, pesquisar e o Skype.

A segunda questão diz respeito ao novo álbum. Marisa disse que foi um processo de seis meses e com gravações em São Paulo, Nova York, Los Angeles e Buenos Aires. Ela sempre levava consigo um HD com o projeto, o que permitiu que músicos locais (quem? quem?) participassem dele. “O processo desse trabalho para mim foi marcado pela possibilidade de transportar os arquivos com muita facilidade.” Por ora, é impossível saber o êxito dessa nova empreitada digital. Não havia contadores para dizer o quanto as pessoas curtiram o site. Mas é só questão de tempo para começarem a publicar essa informação.

O formato promete ser ainda mais sofisticado e interativo que o criado pela equipe de Chico Buarque e, guardadas as devidas proporções, se assemelha com o de “Obra em Progresso”, de Caetano Veloso. Em 2008, o cantor e compositor baiano, sem se apoiar maciçamente nas redes sociais, criou um blog, em que compartilhava a feitura de um novo disco. Cada postagem dele chegava a ter milhares de comentários. Não havia a interatividade que se viu em “Chico”, mas certamente Caetano foi pioneiro entre os artistas renomados a trabalhar abertamente com os internautas.

Será que os artistas campeões de crítica estão criando uma nova forma de retomar as rédeas de sua produção artística? Ou estão tateando e procurando conhecer quem são seus novos fãs e como interagir com eles nesse mundo em que assistir um show pela internet (pelas Twitcams da vida) faz tanto sentido quanto ver o artista na sua frente? Não está mais valendo a lógica de usar a mídia para “vender” o novo CD? Como diria Milton Nascimento: “Todo artista tem de ir aonde o povo está.”

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