Morreu neste sábado aos 77 anos no Rio de Janeiro o compositor, pianista, guitarrista e produtor Mauro da Motta Lemos, que tocou na banda Renato e Seus Blue Caps em 1968, compôs inúmeros sucessos populares com Raul Seixas e Roberto Carlos e foi um dos fundadores do gênero híbrido de rock e música romântica urbana que veio a ser chamado de brega. Ele estava internado, com a saúde frágil, desde o ano passado. Vivia em Guapimirim, no Rio de Janeiro.
Com Raul Seixas, que conheceu no palco durante um show de bandas novas no Rio, Mauro Motta produziu disco de Márcio Greyck e compôs sucessos populares como Doce Doce Amor, gravada por Jerry Adriany; Vim Dizer Que Ainda te Amo, gravada por Raphael em 1972, Lágrimas nos Olhos, gravada por José Roberto em 1973, Problemas, de Monny; e Se você soubesse, de Daniel. Foi de uma conversa entre Mauro Motta e Raul Seixas no Zoológico que nasceu a inspiração da imortal canção Ouro de Tolo, de Raul Seixas.
Os dois, Mauro e Raul, foram os artífices do sucesso público estrondoso da cantora Diana, para quem compuseram diversas canções para o disco de estreia, de 1970, pela CBS (a cantora Diana também morreu recentemente). É de autoria da dupla a eterna Ainda queima a esperança. Com o codinome de Sandra Syomara, Mauro compôs um dos maiores hits do rádio dos anos 1970: Se ainda existe amor, gravada pelo sergipano Balthazar.
Mauro Motta também toca piano na gravação de Let Me Sing Let Me Sing (Philips, 1972), o primeiro sucesso de Raul Seixas, com o qual o baiano se apresentou no festival de música que o projetou para a fama. Foi um dos produtores do álbum Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10, do qual o único cantor vivo era Edy Star, morto há alguns dias em São Paulo aos 87 anos (ele foi parceiro, no disco, de Raul Seixas, Miriam Batucada e Sérgio Sampaio).
Mauro Motta começou a compor para Roberto Carlos em 1977 e passou a produzir (e também a compor e fazer arranjos) para os discos do ‘Rei’ entre 1983 e 1996, impondo um novo padrão mais popular à música do capixaba. Dessa parceria, saíram canções populares e também problemas, como os decorrentes da gravação de O Caminhoneiro e O Careta, acusadas de plágio.
Motta trabalhou com Robson Jorge e Lincoln Olivetti, Isolda, Carlos Colla, Marcos e Paulo Sérgio Valle, Jane Duboc, entre inúmeros outros artistas da música. Ele dizia que estava escrevendo sua autobiografia contando as histórias da carreira.
Olha eu o conheci a uns 3 anos é recentemente ele me ligou oferecendo uma belíssima canção inédita para eu gravar, me sentir muito honrado, infelizmente hoje recebi a notícia triste. Más mais do que nunca irei gravar esse presente tão lindo, independente do sucesso ficará na minha memória. Que Deus p acolha em um bom lugar.
Ouvi muito suas músicas,que nunca teve nada de brega.
Ah, não? Então ouça isso, é de 1972. E não é a única:
https://youtu.be/Wy_NafqIGcc?si=ib_7rgBAtOWzk2Do