“Pouca gente conhece essa gravação”, comentou Sérgio Habibe quando anunciei a primeira música do Timbira Cult de ontem (28), na Rádio Timbira FM (95,5), ocasião em que substituí Gisa Franco, titular absoluta do programa, em exames médicos de rotina. Ele e Josias Sobrinho foram os entrevistados do programa – assista ao fim do texto –, para falar principalmente do show Amizade, que apresentam no próximo sábado (31) – aniversário de Habibe –, no Reviver Hostel (Rua de Nazaré, 200, Praia Grande), a partir das 21h.
A gravação a que o compositor se referia era a da mineira Doroty Marques para sua “Cavalo Cansado”, faixa de Erva Cidreira (1980). Em um programa em que tentei, enquanto programador musical, me equilibrar entre tantas pérolas dos geniais compositores, tocando uma de cada ao longo de seu tempo, fez-lhe par a gravação de Diana Pequeno para “Engenho de Flores” (Josias Sobrinho), que abre Eterno Como Areia (1979).
As escolhas demonstravam, de cara, a alegada genialidade de ambos, amigos há mais de 50 anos, desde que integraram as hostes laborarteanas, que afinal de contas, mudaram o rumo da música popular brasileira produzida no Maranhão. Seis anos depois da fundação do Laboratório de Expressões Artísticas do Maranhão, o Laborarte, em 1972, Papete (1947-2016) registraria algumas composições deles em Bandeira de Aço (1978), produzido por Marcus Pereira na gravadora que levava seu nome.
De Josias Sobrinho estão lá “De Cajari Pra Capital”, “Engenho de Flores”, “Dente de Ouro” e “Catirina”; de Sérgio Habibe, “Eulália”. O álbum é, até hoje, não sem razão, considerado um divisor de águas na produção musical e fonográfica local.
Com rápidas saídas – Josias morou em Belo Horizonte, Sérgio no Rio de Janeiro –, ambos preferiram continuar residindo em sua terra natal, o Maranhão, e produzindo a partir daqui, o que não os impediu de serem gravados por nomes como Boca Livre, Ceumar, Cláudio Pinheiro (1956-2024), Fátima Passarinho, Leci Brandão, Maria Preá e Xuxa, entre outros.
Apesar da longeva amizade, as parcerias entre ambos são poucas: “O Mágico do Mundo”, homenagem ao poeta Celso Borges (1959-2023), falecido em meio à produção de três álbuns em que Sérgio Habibe registra 63 composições de sua autoria, cujo primeiro volume será lançado mês que vem, com produção de Zeca Baleiro, que seguiu tocando o projeto; e “Quadrilha”, a cuja assinatura comparecem, além da dupla, Godão, Ronald Pinheiro e Chico Maranhão, que gravou-a – Papete também a registraria. A quantidade de parcerias deve se avolumar, com a inspiração surgindo em intervalos de ensaios e no convívio entre ambos.
Josias Sobrinho, entre abril de 2023 e fevereiro passado, lançou 10 álbuns (disponíveis nas plataformas de streaming), somando 100 composições inéditas, no projeto “Canção em Canção”, uma iniciativa ousada e robusta, oferecendo ao público um repertório que era conhecido apenas pelo autor e uns poucos privilegiados – entre estes a esposa, a cantora Lenita Pinheiro, intérprete das 10 faixas do volume 5 da empreitada, Lenita Pinheiro Canta Josias Sobrinho.
Em Amizade, Josias Sobrinho e Sérgio Habibe serão acompanhados por Sued Richarllys (guitarra e violão), Jonas Torres (baixo) e Hilton Oliveira (bateria) e contarão com a participação especial de Alberto Trabulsi, além da discotecagem de Vanessa Serra. A produção é de Tatiana Ramos, com apoio de Lourdes Trabulsi e Lenita Pinheiro. Informações e reservas pelo telefone (98) 99112-5481.
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Assista o Timbira Cult de ontem (28) na Rádio Timbira FM: