A maranhense Enme no Se Rasgum 2023 - foto: Liliane Moreira (@lilismoreira)/ divulgação
A maranhense Enme no Se Rasgum 2023 - foto: Liliane Moreira (@lilismoreira)/ divulgação

Criola Beat, Pantera Black e Enme são alguns dos artistas maranhenses que já se apresentaram em edições anteriores do Se Rasgum, um dos mais longevos e interessantes festivais de música do estado do Pará.

A última chegou ao palco através das Seletivas Se Rasgum, cujas inscrições para artistas da Amazônia Legal (Amapá, Acre, Amazonas, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Roraima, Rondônia e Tocantins) foram prorrogadas até às 18h do próximo dia 10 de maio (sexta-feira).

Serão selecionados 10 projetos, que passarão por um processo de mentoria de carreira musical, com apresentação para players do mercado e três deles integrarão o line-up da 19ª. edição do festival. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas online no site do festival.

O edital é destinado para artistas e/ou grupos com trabalhos autorais, com no mínimo dois anos de carreira, comprovada através de portfólio ou músicas lançadas em plataformas digitais. Das 10 vagas, quatro são destinadas a artistas paraenses. A curadoria online que fará a seleção é formada por seis pessoas do mercado da música.

FAROFAFÁ conversou com exclusividade com Marcelo Damaso, um dos diretores e organizadores do Festival Se Rasgum.

O produtor Marcelo Damaso - foto: divulgação
O produtor Marcelo Damaso – foto: divulgação

QUATRO PERGUNTAS PARA MARCELO DAMASO

ZEMA RIBEIRO: Como você acompanhou a polêmica do esquecimento do Rock in Rio de artistas oriundos da parte de cima do mapa do Brasil?
MARCELO DAMASO: A minha posição, talvez não seja a dos demais [produtores]. É claro que foi um grande vacilo, né? Chamar um palco que representa o Brasil e esquecer do Norte, apesar de ter colocado a Leila Pinheiro, né? Claro, mas eu tenho certeza que eles não levaram em consideração o fato dela ser de Belém, talvez nem eles saibam, enfim. Mas foi um grande vacilo, realmente, por parte da programação deles e desse discurso de representar o Brasil, né? Por outro lado, eu não sei se a gente precisa dar tanta bola assim pro Rock in Rio, sabe? [risos] Eu acho que eles tinham uma ideia de fazer algo diferente, tanto que chamaram a gente e mais outros festivais brasileiros, festivais independentes, para gravar um vídeo a convite do pessoal lá do Rock in Rio, que eu acho que talvez a ideia deles fosse fazer uma curadoria compartilhada, mas não aconteceu nada e deu nisso aí, não foram adiante com isso e deu nesse palco aí, enfim. É uma programação que obviamente não faz parte do formato, do perfil de festivais que a gente faz, né? E eles, enfim, optaram por isso e também acho que é a escolha deles, sabe? Eu acho que [alguns artistas] estão fazendo muita questão de estar no Rock in Rio quando podem fazer questão de circularem em outros festivais, de se mostrar para outro público. O público do Rock in Rio, não sei se está tão interessado em música assim como esses artistas pensam, entendeu? Aquilo é um parque de diversão que também tem música. Vai ser meio cruel essa minha fala, mas é o que eu acho.

ZR: A que se deveu a prorrogação do prazo das seletivas Se Rasgum voltadas para artistas da Amazônia Legal?
MD: A gente sempre acaba dando um prazo a mais nas inscrições das seletivas pra gente poder sempre tentar conhecer mais artistas. A inscrição é muito importante pra gente porque a gente acaba conhecendo, mapeando mais, então, pra gente, quanto mais artistas inscritos, mais artistas a gente sabe da existência a gente conhece o som, entende? Então também tem esse motivo, dar um prazo a mais pra galera se organizar e conhecer mais artistas e ter mais artistas inscritos.

ZR: Quais as maiores dificuldades em garantir a continuidade de um festival do porte do Se Rasgum?
MD: Eu não sei nem por onde eu começo. A gente está vivendo agora uma fase de festivais, do que a gente, do nosso lado, de festivais que têm essa curadoria mais independente e mais com o papel de fomentar. A gente está tendo agora o desafio de lidar com os festivais de agência, que a gente chama, entendeu? São grandes marcas patrocinando festivais e brigando por essa programação, esse line-up completamente cheio de estrelas. E claro, esquecendo a base, né? Eu me sinto num papel assim, de como se a gente estivesse formando artistas, colocando no palco os artistas que depois vão frequentar esses festivais de marcas. E assim, eles entram numa outra categoria até do Rock in Rio, sabe? Esses, pelo menos, têm mais pluralidade, realmente. Em relação a regiões, a representar mais o Brasil, mas nem era essa pergunta, a dificuldade passa por aí porque é sempre aquilo, o que a gente vai entregar para o patrocinador, como é que o patrocinador vai entender que o nosso festival é um festival que está preocupado em fomentar, em mostrar novas bandas, em formar novos públicos do que em movimentar um público grande. Então a gente submete nossos projetos a editais e tudo, tenta sempre manter uma conversa legal com patrocinadores e é assim, nada garante que o patrocinador vai trabalhar [conosco] no próximo ano. A gente está aqui, por exemplo, com o patrocinador querendo pular fora, já tendo garantido que ia participar, sabe? Então é sempre muito complicado, assim, tentar fazer com que com que patrocinadores e marcas entendam o papel dos nossos festivais. Claro, também tem grandes nomes, também tem grandes estrelas, obviamente, a gente sabe que precisa trabalhar com headliners para garantir que as pessoas vão e conheçam outros artistas, esse é o nosso papel. Mas eu acho que basicamente é isso, a gente está enfrentando muitos problemas em relação a renovar com patrocinadores. Eu não estou falando só do Se Rasgum, estou falando principalmente do Sonido, o nosso festival de música instrumental. Ele não vai acontecer porque simplesmente o patrocinador que estava esses anos todos com a gente nos deu as costas.

ZR: Nos últimos anos a presença de maranhenses tem sido um destaque no festival. Quais as suas melhores lembranças deste elenco?
MD: Sim, é um estado vizinho muito rico culturalmente. Além de tudo, a gente tem esse elo do reggae, o reggae é muito forte aqui em Belém e lá também. Então, curiosamente a gente não tem trabalhado com tantos artistas de reggae. Mas assim, a Enme ano passado, o Criolina que já fez também, e tem essa pegada mais reggae também. É isso, assim, a gente precisa trabalhar cada vez mais ainda com os artistas maranhenses que estão aqui do nosso lado. E a gente gosta demais da cena. A gente sempre vai ao [Festival] BR-135 e conhece muita banda e tudo.

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