"Vapor". Capa. Reprodução

O grupo se apresenta na Praça Maria Aragão, nesta sexta-feira (24)

“Vapor” é o quinto disco do super grupo instrumental Bixiga 70, hoje formado por Daniel Verano (trompete), Douglas Antunes (trombone), Daniel Nogueira (saxofone tenor), Cuca Ferreira (saxofone barítono), Cristiano Scabello (guitarra), Marcelo Dworecki (baixo), Pedro Regada (teclados), Valentina Facury (percussão) e Amanda Teles (percussão) – os três últimos, novos integrantes.

O título do álbum remete a certezas que sumiram como ele durante os anos pandêmicos e neofascistas vividos pelo Brasil, com reflexos sociais, políticos, econômicos e culturais, tempos de trevas alimentadas pela pós-verdade, fake news, ódio e violência. Uma das acepções de vapor nos dicionários é a mudança de estado da água, o que faz sentido também para as transformações vividas pela banda desde “Quebra Cabeça” (Deck, 2018), seu álbum anterior, entre mudanças na sonoridade e na própria formação.

As sete faixas inéditas repetem o método experimentado pelo Bixiga 70 em álbuns anteriores: composições coletivas, criadas em estúdio, à base de improviso e do aprimoramento das melhores ideias – democracia musical é uma metáfora cabível.

Parceira da banda em “Malungu”, faixa que abre “Vapor”, Simone Sou comparece ao álbum tocando bateria. Em kicongo, malungu significa “companheiro, igual”. Outro convidado especial é Vitor Cabral, parceiro do grupo em “Marginal Elevado Radial”, que toca bateria na faixa, além de Rômulo Nardes (ex-Bixiga 70, percussão), Mayara Almeida (saxofone e flauta) e Marcelle Barreto (teclado).

O Bixiga 70 se apresenta nesta sexta-feira (24), na Praça Maria Aragão, na programação gratuita do Festival BR 135. O trompetista Daniel Verano conversou com exclusividade com FAROFAFÁ.

O super grupo Bixiga 70. Daniel Verano é o segundo em pé, da direita para a esquerda - foto: divulgação
O super grupo Bixiga 70. Daniel Verano é o segundo em pé, da direita para a esquerda – foto: divulgação

SETE PERGUNTAS PARA DANIEL VERANO

ZEMA RIBEIRO: Em 2019 o Bixiga 70 esteve na edição instrumental do Festival BR 135 que aconteceu em Imperatriz, quando também participaram de uma roda de conversa com estudantes de música de municípios vizinhos. Eu estava lá. Que lembranças você tem da cidade e do show?
DANIEL VERANO: Nossa passagem aí em 2019 foi muito marcante, o papo com a garotada foi muito bacana, um pessoal muito interessado, muito curioso de saber, típico da molecada, mesmo. Para mim foi muito especial porque eu venho também da escola marcial, de banda marcial, de fanfarra, e poder trocar com essa molecada foi muito especial. Batemos um papo depois com a molecada, tocamos um som juntos, bons músicos. Esse projeto de fanfarra sempre é positivo porque sempre forma muito bons músicos e a nossa cultura só ganha com isso, se fortalece muito, inclusive. Em 2019 a gente esteve aí lançando o disco quatro [“Quebra Cabeça”] e agora a gente está voltando como parte do lançamento deste disco cinco [“Vapor”, MCD Records, 2023], obviamente que um pouco mais fresco, porque a gente lançou agora, mês passado, esse disco. Quando a gente foi aí em 2019 já fazia um tempo que a gente havia lançado o disco quatro, mas enfim, era outra banda, outra formação, era outro Brasil, era outro mundo, e feliz de estar de volta. Todos nós ficamos muito felizes quando veio a notícia de que a gente estaria retornando aí para o Maranhão.

ZR: Vocês acabaram de lançar “Vapor”, novo álbum do grupo. O show no BR 135 nesta sexta vai ser baseado no repertório do álbum? O que o público pode esperar e quais as tuas expectativas para o show e o reencontro com a plateia maranhense?
DV: Esse show é ancorado no disco novo, no “Vapor”, porém não vai ter todas as músicas do disco no nosso repertório e também o repertório não vai ser somente as músicas do disco novo. A gente desenvolveu esse show ao longo da nossa turnê, que começou dia 13 de outubro, no dia do lançamento do disco, a gente ficou praticamente um mês na Europa, fizemos 21 apresentações, e a gente desenvolveu um show ao longo dessas apresentações, foi fazendo adaptações, melhorias e modificações e a gente chegou nesse formato que eu acho que melhor expõe de onde que vem nossa música e para onde que ela está apontando. A gente está muito contente com esse resultado que a gente alcançou e a plateia maranhense pode esperar um show completamente maduro, completamente quente, porque a gente está com ele no dedo, passamos tocando ele dia após dia após dia durante um mês, e é uma nova formação do Bixiga, é um novo tempo de experimentações sonoras, e assim, no nosso entender, esse está sendo o nosso melhor formato, é o Bixiga no seu melhor formato e na sua melhor fase. É isso que a gente está enxergando da gente e espero que vocês enxerguem também.

ZR: Quero te ouvir um pouco sobre o conceito e a concepção de “Vapor”, desde as ideias iniciais até o processo de gravação e produção até o lançamento.
DV: Esse disco “Vapor”, assim como o disco “Quebra Cabeça” e o disco três [“III”, Glitterbeat, 2014] foi um disco que a gente compôs coletivamente. Fechou a porta do estúdio e saiu compondo. Mas ele foi diferente porque conta com novos integrantes. E você muda uma peça num processo de composição coletiva, você muda toda equação, você muda um fator, você muda toda equação. E nesse caso a gente teve diversas pessoas, tem música que são quatro integrantes novos, de 10 possíveis. Foi um processo muito novo, apesar de ser o mesmo conceito de criação coletiva a partir do improviso e da lapidação das melhores ideias, que também esteve no disco três e no disco “Quebra Cabeça”, o disco quatro, apesar de ser o mesmo conceito e a mesma metodologia de trabalho, foi completamente novo, tudo novo. O disco “Quebra Cabeça”, de 2018, ele foi composto em 2017. Então fazia muito tempo que a gente não entrava em estúdio para ficar compondo. Fora os músicos novos, os músicos antigos também já eram músicos novos, a gente já tinha se reciclado, já tinha vivido mil coisas, musicalmente tinha muita ideia represada. Então foi um processo rico, como todos os processos de discos nossos vêm sendo, felizmente, um processo muito rico, muito desafiador, por contar com pessoas novas e nossas próprias ideias novas estarem também apontando para direções que demandaram um certo tempo de amadurecimento. O processo foi meio esse, coletivo, caótico por muitas vezes, mas foi isso. Para a gravação a gente seguiu a mesma metodologia do disco quatro, que não foi a do disco três, nem do um, nem do dois, do disco “Quebra Cabeça”, que foi gravar os elementos separadamente, elemento a elemento; os três primeiros discos foram gravados ao vivo, a gente tocando ao vivo, juntos; os discos quatro e cinco, o “Quebra Cabeça” e agora “Vapor”, já foram com outro direcionamento. A mixagem desse disco quem tomou conta foi o mesmo que fez a outra mixagem, do disco “Quebra Cabeça”, que foi o [Gustavo] Lenza. A gente entende que ele soma legal com a gente dentro desse formato de elementos separados, ele consegue colocar profundidade nas coisas, nos elementos, entende nossa linguagem. Sobre o nome “Vapor”, por um tempo o disco não ia ter nome, ia ser só disco cinco. Mas a gente entendeu que, de certa forma, não dar nome ao disco parecia que ele poderia soar como uma continuidade dos três primeiros discos e, não querendo negar nada do que a gente construiu, a gente compreende e enxerga que a gente está num outro momento, apontando para uma outra direção e soar qualquer coisa que pudesse remeter a uma continuidade dos três primeiros álbuns, para a gente soava alguma coisa assim meio deslocada do que a gente estava vivendo de forma mais real. Então a gente estava em busca de arrumar um nome para este disco; depois de muita discussão, discussão assim, muita sugestão e conversa a respeito de cada nome que vinha sendo sugerido apontava, o que trazia cada nome, que imagem trazia cada nome, surgiu esse nome, “Vapor”, foi até uma ideia minha, que de certa forma a gente enxergou que descrevia, a imagem do vapor mostrava um pouco de tudo o que a gente viveu enquanto banda, mas também enquanto sociedade: esse mundo da pós-verdade, das fake news, o quanto que a democracia se mostrou frágil, o quanto que a verdade se mostrou manipulável e frágil também, a pandemia, o quanto que a vida se mostrou frágil, e tudo o que a gente enxergava enquanto sociedade, que para a gente parecia sólido, de repente se mostrou muito frágil e evaporou. Muitas certezas que a gente tinha evaporaram na nossa frente, então a gente entendeu que esse nome descrevia bem tudo o que a gente viveu, desde nosso último álbum até esse momento de gravação do disco novo, em 2023, eu acho que foi uma palavra que conseguiu sintetizar legal tudo o que a gente viveu de forma muito intensa nesse ciclo entre um disco e outro.

ZR: A gente vem de anos pandêmicos e um governo desastroso que literalmente asfixiou a cultura. Pensando particularmente na big band que é o Bixiga 70, cujos custos de viagem e produção são altos em razão do número de integrantes do grupo, entre outros aspectos, quero te ouvir sobre a importância da existência de festivais como o BR 135, cuja programação é inteiramente gratuita, e políticas de fomento na área da cultura, permitindo a circulação e a fruição da música de vocês.
DV: Foi um pesadelo, foi um pesadelo. Os quatro anos, eu vou falar seis anos, porque os dois anos de Temer também foram uma piada, a reforma trabalhista, o sucateamento geral de tudo o que havia sido construído, essa ponte para o futuro foi uma ponte para o precipício. E depois, para piorar, veio esse desgoverno, foi um pesadelo. De fato, asfixiou a cultura, asfixiou a economia, a saúde, asfixiou a educação, asfixiou tudo, tudo. Um pesadelo completo e real, surreal, inacreditável. O BR 135 ter se mantido de pé, estar aí mandando brasa, isso daí é um alicerce, são movimentos assim que são alicerces para a cultura que, de certa forma, a gente enxerga a ponta do iceberg agora, que a gente está indo nos shows, que a gente está tocando nos shows, está trocando, assistindo outras bandas, e para quem é da cidade, vai assistir os shows e tudo mais, o comércio local, a gente vê a ponta do iceberg positiva, mas existe um impacto muito maior, a longo prazo, a médio e longo prazo, que a gente nem consegue conceber agora, ainda. Mas quanto mais a gente vai vendo esse tipo de ação se perpetuar, mais a gente vai vendo o impacto positivo que a gente tem na cultura. Porque a cultura vai muito além de somente quem se apresenta e quem vai assistir. A gente tem um impacto econômico ao redor de tudo o que envolve a cultura muito grande, muito amplo. Isso daí tem ramificações e reverberações muito amplas. Festivais assim, a gente esteve agora na Europa, a gente vai com frequência para a Europa, a gente vê o quanto isso tem um impacto a longo prazo na formação do público e o quanto isso ajuda a construir uma cultura mais sólida, impermeável a manipulações externas que a gente sabe para onde pode ir e o quão negativo pode ser isso. Então é um alicerce de cultura, de identidade de um povo, é uma coisa que é muito necessária.

ZR: O Bixiga 70 tem passado também por uma renovação, com a entrada de novos integrantes. Isto se deveu a quê?
DV: Essa renovação acabou acontecendo pela saída de alguns integrantes, cada um por um motivo distinto, um por questões profissionais, outro por questões pessoais, e outro acabou sendo desligado da banda por causa de um episódio muito infeliz no qual ele estava envolvido e a gente foi atrás de músicos que a gente enxergava que pudessem somar nessa nova direção da banda, que a gente estava sentindo que a gente precisava tomar, a gente precisava se reinventar de alguma forma, a gente só não sabia para onde, mas a gente enxergava em alguns músicos que ali existia um potencial de somar com a gente nessa direção nova e mais fresca e mais antenada com a música contemporânea brasileira, atual, da música urbana da qual a gente estava querendo se aproximar um pouco mais, se desligar um pouco mais da questão do Bixiga de resgate de raiz vintage e olhar um pouco mais para o agora e para o futuro. Então a gente meio que buscou pessoas, integrantes, musicistas, que pudessem somar com a gente nesse apontamento.

ZR: As sete faixas de “Vapor” são temas instrumentais criados coletivamente. Quais os maiores desafios em criar com tanta gente?
DV: Os desafios de criar coletivamente são o excesso de ideias, obviamente o excesso de ideias e as ideias que às vezes parecem muito boas para um não são exatamente boas para o outro e conseguir esse denominador comum entre todos é um exercício de muita renúncia, de muita abdicação, de muito desapego, e é rico, porque sempre alguém tem uma ideia da qual você não estava pensando, você tem uma ideia que o outro não estava pensando e a gente se enriquece muito com isso, mas é difícil, são muitas ideias, são muitas expectativas que se criam. É sempre um aprendizado, de toda forma é sempre um aprendizado. Porque felizmente a gente conseguiu lidar com uma fase inspirada de todo mundo e a gente conseguiu ter, às vezes, até mais ideia do que precisava [risos]. Mas, enfim, é um desafio muito grande, trabalhar todo mundo junto, compondo coletivamente, é difícil, tem hora que parece que está dando tudo errado, daí é uma chave que vira e tudo desbanca, e tudo se encaixa, tudo dá certo, é muito louco, nem sei como a gente consegue fazer dar certo [risos], na verdade, porque tem hora que parece que está dando tudo errado, e é uma coisa que acontece, que encaixa, é lindo de ver, é muito bonito, é entusiasmante. Todo mundo chega em casa esgotado, entra em casa sem forças, com o corpo exaurido, mas a cabeça feliz, o coração entusiasmado. É muito rico.

ZR: É inegável o merecido destaque que o Bixiga 70 conquistou não só no Brasil. Nesse sentido, eu queria te ouvir sobre influências, aqueles nomes que foram fundamentais em tua formação enquanto músico, e sobre novos nomes, aqueles que têm te chamado a atenção, sobretudo na cena da música instrumental brasileira contemporânea.
DV: As influências pessoais minhas e de cada integrante do Bixiga é uma parada muito ampla, real. A gente troca muita informação dentro do Bixiga, que vai de música eletrônica e música clássica, a jazz, a música de povos originários de todos os continentes, e pop, contemporâneo, rap, funk, o que seja, sabe? É uma coisa que não tem muita restrição, não tem restrição mesmo, tudo que soa legal para a gente, a gente compartilha, por mais que às vezes não seja um disco inteiro de um artista, mas algumas faixas de cada disco, um single novo de alguém, sei lá, coisas que a influência se multiplica de uma forma muito constante e, agora, com novos integrantes, mais jovens, com a visão ainda mais refrescada do movimento artístico, a troca é muito grande. Eu me lembro que em algum momento do nosso percurso, acho que foi no disco três, a gente começou, na feitura do disco três, a gente começou a entender que a gente estava se influenciando mais pela bagagem musical que cada integrante estava trazendo para a mesa, para essa equação que é juntar a musicalidade de todos os integrantes, a gente começou a entender que a gente estava se influenciando mais por essa bagagem pessoal de cada um do que por coisas externas à banda. Mas ao mesmo tempo isso daí fez com que a gente entrasse no fluxo dos festivais, dentro do Brasil, fora do Brasil, e quando você toca em festival, você lida com um monte de coisa que você não faz ideia, principalmente fora do Brasil. A gente acabou tocando com músicos de tudo que é parte do mundo, países que eu nem sabia o nome, não sabia nem onde ficava, começamos a tocar com essa galera e dividir palco, dividir camarim, trocar informação, tomar drink junto e conversar, jantar na mesma mesa, sabe? E esse tipo de troca acaba influenciando a gente de uma forma muito grande também. Ao mesmo tempo que a gente estava olhando cada vez mais para dentro do Bixiga e para dentro do Brasil, a gente foi bombardeado por coisas que a gente foi se deparando no nosso percurso e isso foi muito rico para a gente. Fora isso, a gente tem uma produção aqui, interna, no Brasil, que é muito maluca, porque a música instrumental não obedece uma escola única, como muitas vezes a gente vê fora do Brasil, uma escola mais jazzista, ou uma escola mais experimental. Aqui, pela nossa antropofagia maluca, a gente transforma tudo de alguma forma, no nosso jeito de fazer, e nesse transformar as coisas do nosso jeito, muitas vezes acabam os resultados musicais ficando sem vocalista e cria-se então uma banda instrumental, mas não que ela esteja seguindo nenhum direcionamento do jazz ou da música clássica. Então a gente tem uma produção aqui muito boa, muito ampla. Eu vou citar alguns nomes e vai ficar uma coisa meio caricata porque eu vou estar deixando uma gama imensa de pessoas de fora, pessoas até que eu estou tentando lembrar o nome e não consigo. Mas, por exemplo, Lúcio Maia, ex-integrante da Nação Zumbi, está com um projeto instrumental maravilhoso, que é uma coisa mais tropical-instrumental, maluco, lá dele, eu acho maravilhoso. Ele é foda, né? A gente está falando de um dos gênios da nossa música. A gente tem o nosso bruxo ainda vivo, líder máximo da música mundial, o Hermeto Pascoal. A gente perdeu, infelizmente, Letieres Leite, ano passado [em 2021], a [Orkestra] Rumpilezz segue viva, segue de pé, maravilhosa, um dos projetos mais lindos da história da nossa música, é uma música clássica afro-brasileira, uma das coisas mais lindas, sérias e profundas que a gente teve contato, já. Tem alguns músicos aqui de São Paulo que eu sou muito fã, o Tiago França, por exemplo, tem os projetos dele, o Sambanzo, que é maravilhoso, a Charanga do França, Space Charanga, enfim. Tem algumas bandas com um direcionamento um pouco mais para o jazz, como o Música de Selvagem, o Naaxtro, do qual eu faço parte, o Rumbo Reverso, Hurtmold, que já flerta com uma coisa mais pós-rock. A gente tem aquela banda com a qual a gente dividiu o palco da vez que a gente foi pro Maranhão, que é o ATR, eu acho que eles são de São Carlos, que é um projeto muito bacana também, que daí já é uma outra coisa, que já dialoga completamente com a música eletrônica, enfim, tem umas bandas instrumentais, tem uma banda de um amigo nosso, Biel, ele é de Pernambuco, do Recife, ele tem uma banda instrumental também muito interessante. Eu estou esquecendo o nome de muita gente. O Edy Trombone, aqui de São Caetano, ele tem um projeto de samba instrumental maravilhoso, os irmãos Sidmar Vieira [trompetista] e Sidiel Vieira [baixista], um trompetista aqui de São Paulo, expoente, solista na [Brasil] Jazz Sinfônica, de São Paulo, Jorginho Neto, dois músicos que estão sempre aí mostrando a música deles dentro e fora do Brasil, expandindo nossa cultura internamente, levando pra fora. Uma banda que eu estou me ligando muito hoje em dia é a banda do Luan Trompete, o Luan Charles, que é uma banda chamada Banda Nova Malandragem, maravilhosa essa banda, tipo uma orquestra de gafieira, samba jazz, elegante pra caramba, muito foda! A Nômade Orquestra, uma banda também que está levando nossa música pelo Brasil todo e para fora do Brasil também, uma banda aqui da minha área, eu sou de São Bernardo, eles são de Santo André e Mauá, uma banda também de peso, com uma identidade muito própria, muito original. A gente tem Maurício Takara [baterista], Carla Boregas [tecladista] fazendo um lance mais experimental. O nosso próprio técnico de som, o Bernardo Pacheco, ele tem um direcionamento de música experimental improvisada, instrumental também, é uma cena por si só que tem diversas ramificações e possibilidades. Guizado [trompetista], a Rádio Diáspora, do Rômulo Alexis [trompetista], Lello Bezerra [guitarrista], Otis Trio, Spirolaizer, Bodes & Elefantes, Conde Favela, também aqui do ABC, a Quartabê, da Mariá Portugal, Maria Beraldo e Joana Queiroz, foda esse trampo, fora de série! A gente tem uma produção, como sempre, muito rica, o que falta muitas vezes são lugares que comportem esse tipo de experimento, aqui em São Paulo a gente felizmente tem ainda um pouco disso, a gente perdeu alguns lugares que acabaram fechando, ou pela especulação imobiliária ou por causa da pandemia ou porque simplesmente o mercado não vingou para eles, mas daí novas casas acabam surgindo, menores, e felizmente a gente tem festivais, o Sesc, festivais que acabam aglutinando esses diferentes direcionamentos e escolas da música instrumental brasileira em um só lugar, como por exemplo o BR que a gente tocou aí no Maranhão, lá em Imperatriz, que foi um instrumental e a gente teve no mesmo palco o ATR, teve o papo com o pessoal da fanfarra, então são iniciativas assim que fortalecem muito a nossa identidade e a nossa expansão das possibilidades criativas e artísticas.

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Serviço: O Bixiga 70 se apresenta nesta sexta-feira (24), na Praça Maria Aragão, na programação gratuita do Festival BR 135, que acontece até sábado (25).

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Ouça “Vapor”:

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