Refusões

Artistas, produtores e espectadores paulistanos e a comunidade do Bom Retiro farão nesta quarta-feira, 20, às 17 horas, na frente do Theatro Municipal de São Paulo, um ato de protesto contra a ameaça de fechamento de um dos mais tradicionais centros culturais de São Paulo, a Oficina Cultural Oswald de Andrade, na rua Três Rios, no Bom Retiro, ativa há 38 anos. Os artistas estão alarmados com o anúncio do cancelamento, pela secretária de Estado da Cultura, Marília Marton, do edital de Chamamento da Oficina Oswald de Andrade, o que, na prática, significa o fim de suas atividades. Segundo fontes dos ativistas, os funcionários do centro cultural já estão em aviso prévio, indício do fechamento da unidade.

O plano de funcionamento da secretaria para a instituição previa, oficialmente, uma única atividade no espaço no primeiro quadrimestre de 2024. Segundo informe da própria Secretaria de Estado da Cultura, a Oficina Cultural Oswald de Andrade é um centro de referência para a classe artística e para todos aqueles que frequentam atividades culturais na cidade de São Paulo. “É um local de programação atual, onde há protagonismo da arte contemporânea e do suporte à produção cultural. Desde a sua criação, a Oficina esteve na vanguarda do cenário cultural paulista, um espaço para a novidade e para a inovação”, afirma o texto publicado na Imprensa Oficial sobre o contrato de gestão da unidade.

É curioso também que o governo do Estado tenha investido, na recuperação e readequação da Oswald, cerca de 8 milhões de reais (R$ 7.150.000,00 em obras e R$ 860.000,00 em equipamentos, implementos e instrumentos) com o intuito de mudar sua vocação – há uma informação que será transformada em uma escola técnica de arte, na linha das ETECs, de ensino médio, desvirtuando o espírito atual. A Oficina, que foi famosa nos anos 1980 como Oficinas Culturais Três Rios, recebe diversificados públicos de toda a região metropolitana da cidade e visitantes de todo o país; a diversidade das atividades de formação atende públicos em diferentes estágios de formação em arte e cultura, especialmente aqueles que buscam especialização em itens específicos da produção cultural, a partir de 16 anos. A ênfase em Arte Contemporânea e Pós-Contemporânea, em novas tecnologias e novas formas de produção, além da inserção histórica no bairro, a torna elemento crucial de requalificação urbana no Centro.

“Reconhecemos também o seu papel enquanto centro de referência no suporte à produção cultural, um espaço consagrado para a experimentação e para a qualificação artística”, afirmou a secretaria em publicação oficial. Para o teatro, é um espaço fundamental. Diretores imporantes, como José Celso Martinez Corrêa, e grupos como Companhia do Latão, Grupo XIX, Grupo Tablado de Arruar, entre outros, trabalharam seus conceitos na Oswald de Andrade.

O governo de São Paulo começou a desmontar sua política de oficinas culturais a partir de 2016, buscando terceirizar suas políticas de cultura (tinha 15 unidades no Estado, atendendo 400 mil pessoas); hoje, conta somente com três unidades físicas: a Oswald de Andrade, a Juan Serrano (Parada de Taipas) e a Alfredo Volpi (Itaquera). Em 2023, o contrato com a Poiesis, Organização Social (OS) que geria as oficinas, não foi renovado, não houve chamamento público e se fez um contrato temporário, para a OS levar adiante o primeiro quadrimestre de 2024. Na última quinta-feira, o chamamento foi definitivamente abandonado.

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