Lia de Itamaracá e o merecido reconhecimento

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A rainha da ciranda Lia de Itamaracá. Foto: Ytallo Barreto/ Divulgação
A rainha da ciranda Lia de Itamaracá. Foto: Ytallo Barreto/ Divulgação

Há quase 50 anos, Lia de Itamaracá já era cantada por Chico Anysio (1931-2012) e Arnaud Rodrigues (1942-2010) no antológico primeiro volume de Baiano & Os Novos Caetanos, que a dupla lançou em 1974. Muitos brasileiros cantarolam os versos de “Ciranda” – “essa ciranda quem me deu foi Lia/ que mora na areia de Itamaracá” –, mesmo sem saber quem é a musa.

Aposentada como merendeira após décadas preparando a alimentação escolar em uma escola pública de sua cidade, a pernambucana Maria Madalena Correia do Nascimento, nome de pia de Lia, considerada a rainha da ciranda, vem colecionando reconhecimentos – antes tarde do que nunca: em 2019 recebeu o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), atuou em “Bacurau” (2019), de Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles; e no mesmo ano lançou seu quarto álbum de estúdio, “Ciranda Sem Fim”, com produção musical de DJ Dolores; há cerca de um mês, na Casa de Francisca, em São Paulo, ela recebeu o troféu Tradições, da União Brasileira de Compositores (UBC); e também em junho foi homenageada, ao lado do conterrâneo Chico Science (1966-1997), pelo Prêmio Profissionais da Música.

Em 2024, ano em que completa 80 anos, Lia de Itamaracá será duplamente homenageada no carnaval: ela será tema dos enredos das escolas de samba Império da Tijuca, no Rio de Janeiro, e Nenê de Vila Matilde, em São Paulo.

Lia de Itamaracá também está estampando a nova coleção da grife Psicotrópica, desenvolvida pelo designer e artista visual Breno Loese – mestre em Ciência da Religião, ele desenvolve trabalhos voltados para a visibilidade da arte afro-brasileira –, cujas cores e desenhos se inspiram no universo da artista, com seus ambientes de praia, pesca e música, especialmente a ciranda, dança de roda típica da região.

“A coleção é linda, com roupas em tons quentes como a ciranda e a Ilha de Itamaracá. Me senti muito bela e muito contente vestindo esses modelos. Tenho certeza de que quem usar essas roupas vai sentir também o gostinho da nossa cultura tão rica e maravilhosa”, declarou Lia de Itamaracá, durante o ensaio fotográfico – assinado por Ytallo Barreto, fotógrafo da ilha que vem acompanhando sua trajetória –, que aconteceu em algumas locações da Ilha de Itamaracá, incluindo sua casa.

Lia de Itamaracá sobe ao palco do Sesc Santana no próximo sábado e domingo, 8 e 9 de julho, às 20h e 18h, respectivamente. No show “Ciranda do Mundo”, ela alia os repertórios de “Ciranda de Ritmos” (2013) e “Ciranda Sem Fim”, seu álbum mais recente, passeando por ciranda, coco e maracatu, e apresentando composições mais recentes, com um pé no eletrônico e no bolero.

O show circulará pelo Brasil e entre este mês e agosto Lia de Itamaracá realiza uma turnê pela Europa. Os ingressos custam entre 15 e 50 reais e o teatro do Sesc Santana (Av. Luiz Dumont Villares, 579, Jd. São Paulo) tem capacidade para 330 lugares. A classificação indicativa é 12 anos.

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Ouça “Ciranda Sem Fim”:

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