"Perlimps". Frame. Reprodução

“Perlimps” é carregado de metáforas urgentes a debater temas idem. A animação de Alê Abreu questiona o preço do progresso e da guerra, com seus rastros de destruição. Um muro separa o mundo dos “gigantes” do resto do mundo – o que pode ser tanto uma crítica a muros físicos como o da fronteira entre Estados Unidos e México quanto os muros invisíveis da desigualdade social.

"Perlimps". Cartaz. Reprodução
“Perlimps”. Cartaz. Reprodução

Claé e Bruô – dublados por Lorenzo Tarantelli e Giulia Benite, respectivamente; o time de dubladores inclui ainda Stênio Garcia (João de Barro) – estão em uma missão especial para salvar o bosque, que representa a floresta amazônica ou qualquer floresta ou área de preservação do planeta. Mas nem tudo é tão simples: antes, eles precisam superar as diferenças, entre si e entre os reinos que representam – é preciso cair a ficha de que ninguém se salva sozinho quando estão (estamos?) todos ameaçados.

A trama é cheia de reviravoltas, intrigas, espionagem e traição, numa linha tênue entre o poderio bélico-militar e brincadeiras de criança – ponto alto da trilha sonora (de André Hosoi, dos Barbatuques) é “Bola de meia, bola de gude” (Milton Nascimento/ Fernando Brant).

“Perlimps” estreou mundialmente em junho do ano passado, na sessão “Événements Excepcionelles” (eventos excepcionais) do Festival de Annecy, na França, considerado o mais importante evento mundial de animação. No Brasil percorreu festivais importantes como o do Rio e a 46ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo – atualmente está em cartaz nas salas do circuito comercial.

Sem soar moralista nem panfletário, o filme de Alê Abreu, em seu bem costurado roteiro (do próprio diretor) suscita, de maneira lúdica, questões contemporâneas, num tempo marcado pela guerra na Ucrânia e o massacre dos ianomâmis no Brasil.

Para além dos temas que aborda, a qualidade da animação e sua carga de aventura e fantasia deve nos levar também a refletir sobre o porquê ainda geralmente preferirmos animações estrangeiras, em detrimento da prata da casa – que ironicamente faz sucesso lá fora: Alê Abreu foi indicado ao Oscar de 2016 por “O Menino e o Mundo”, na categoria de Melhor Animação. Não duvido que “Perlimps” irá percorrer caminho parecido.

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Veja o trailer:

Serviço: “Perlimps” (Brasil, animação, 2022, 80 minutos), de Alê Abreu. Em cartaz nas salas de cinema brasileiras.

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